Internacional
Wisconsin tem duas mortes em terceira noite de protestos antirracismo
Polícia busca homem que teria feito disparos durante ato em Kenosha. Nova onda de manifestações contra a brutalidade policial teve início após o afro-americano Jacob Blake ter sido baleado à queima-roupa por agentes.
A polícia da cidade americana de Kenosha, em Wisconsin, afirmou nesta quarta-feira (26/08) que ao menos duas pessoas morreram baleadas e uma ficou ferida durante um protesto antirracismo na madrugada anterior. Policiais teriam respondido a relatos de tiros com várias vítimas pouco antes da meia-noite.
A nova série de protestos antirracistas começou depois da divulgação de um vídeo mostrando o afro-americano Jacob Blake sendo baleado várias vezes à queima-roupa durante uma ação policial em Kenosha. O incidente ocorreu no domingo passado, e por três noites seguidas manifestantes saíram às ruas da cidade.
Blake, de 29 anos, estava tentando entrar em seu veículo, onde estavam seus três filhos, quando foi baleado. No vídeo, é possível ouvir o som de sete tiros.
O mais recente caso de violência policial contra um homem negro também gerou protestos em outras cidades dos Estados Unidos, incluindo Nova York e Minneapolis, como parte do movimento Black Lives Matter.
A maioria dos protestos transcorreu pacificamente, embora alguns manifestantes já tenham incendiado carros e edifícios nas noites de domingo e segunda-feira em Kenosha.
“Os tiros [no ato de terça-feira] resultaram em duas mortes e uma terceira vítima baleada, que foi levada ao hospital com ferimentos graves, mas que não representam ameaça à sua vida”, informou nesta quarta-feira o departamento de polícia local no Twitter, acrescentando que a investigação sobre o incidente na madrugada anterior está “em andamento”.
O xerife David Beth afirmou que a polícia estava procurando um homem armado que teria feito os disparos, de acordo com o jornal The New York Times. Ao jornal Milwaukee Journal Sentinel, Beth informou que pessoas armadas estavam patrulhando as ruas da cidade nas últimas noites, mas ele não sabia se o atirador estava entre eles. “São uma milícia”, disse o xerife.
Um vídeo de celular postado na internet com parte do incidente mostra o que parece ser um homem branco com um rifle semiautomático correndo na rua, enquanto várias pessoas e alguns policiais o seguem. Alguém na multidão pergunta: “O que ele fez?”, e outra pessoa responde que o homem atirou em alguém.
Testemunhas afirmaram ter visto um pessoa descrita como “tipo de milícia” disparando contra a cabeça de um manifestante.
Ainda no vídeo, o homem com a arma tropeça e cai e, ao ser abordado por pessoas na multidão, dispara três ou quatro tiros ainda sentado, atingindo pelo menos duas pessoas.
Quando a multidão se dispersa, o atirador se levanta e continua andando pela rua, enquanto os carros da polícia chegam. O homem levanta as mãos e caminha em direção às viaturas, com alguém na multidão gritando para a polícia que o homem tinha acabado de atirar em alguém.
“Milagre”
Durante entrevista coletiva na terça-feira, Ben Crump, advogado da família de Jacob Blake, disse que o rapaz foi baleado várias vezes pela polícia no domingo, e que será “preciso um milagre” para que ele volte a andar novamente. Ele pediu que o policial que disparou seja preso e que os outros envolvidos percam seus empregos.
A polícia de Kenosha disse pouco sobre o que aconteceu no domingo, exceto que eles estavam respondendo a um chamado sobre briga doméstica.
“Ele atirou sete vezes no meu filho. Sete vezes!”, disse o pai de Blake. A mãe da vítima, Julia Jackson, convocou protestos pacíficos. “Se Jacob soubesse que tipo de violência e destruição está acontecendo, ele ficaria muito infeliz”, disse. A família informou que ele ficou paralisado da cintura para baixo – as balas atingiram sua coluna, estômago, fígado e braço.