Internacional
Cabo Delgado tem falta de apoio a sobreviventes de violência de gênero
Vítimas sofrem com acesso limitado a serviços essenciais, estigma e situação comunitária; província do norte de Moçambique concentra cerca de 663 mil deslocados; acesso humanitário é considerado estável, apesar de restrições afetando 10% da população deslocada
Dezembro fechou com 25 incidentes de violência armada ocorridos na província moçambicana de Cabo Delgado, o mesmo nível registrado em agosto de 2019.
No último biênio, o auge desses atos aconteceu em setembro de 2020 com um total de 61, destaca o mais recente informe do Escritório da ONU de Assistência Humanitária, Ocha.
Deslocados
A província do extremo norte concentra um total de 663 mil deslocados. Cerca de 10% estão em aéreas de difícil acesso.
Uma célula do Estado Islâmico reivindicou grande parte dos atentados, com impacto na vizinha Tanzânia quando lançados de áreas fronteiriças do distrito de Palma.Crise de Cabo Delgado, em particular, está a ter um impacto preocupante nas crianças e mulheres
Na ação contra os grupos estão as Forças de Defesa de Moçambique, do Ruanda e da Missão da Comunidade dos Países da África Austral, Sadc, em Moçambique, Samim.
Cabo Delgado sofre, no entanto, de uma grave falta de acesso ao apoio essencial para sobreviventes de violência de gênero.
Cuidados
O documento ressalta um estudo sobre o tema apresentado pela Agência da ONU para Refugiados, Acnur, e a Escola de Higiene e Medicina Tropical de Londres.
O acesso e a administração de casos são prejudicados pela falta de segurança e cuidados aos sobreviventes.
Há poucos cuidados de saúde, serviços sociais, apoio com abrigos e espaços seguros para mulheres e meninas. O acesso à justiça e à proteção são especialmente deficientes no nordeste, onde faltam recursos e capacidades de serviço.
Comunidade
As vítimas deste tipo de violência são obrigadas a percorrer longas distâncias, sofrem estigma e contam com poucas ações comunitárias para aumentar a consciência sobre a questão. Estas barreiras impedem o acesso aos serviços governamentais e de ONGs existentes.
O Ocha ressalta que nos ataques violentos a civis destacam-se queimadas a aldeias e saques de suprimentos, aliados a mortes, ferimentos e raptos.
O acesso humanitário permaneceu estável, apesar de algumas áreas continuarem restritas.
A segurança e a proteção da população em locais recuperados pelas forças armadas são precárias e as pessoas estão ameaçadas de sofrer novos ataques, principalmente ao tentar buscar suprimentos.
Os movimentos e as restrições comerciais barram o acesso a serviços básicos e as oportunidades de subsistência.