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“É a iniciativa privada que corrompe” nas estatais, diz Gleisi
Ao criticar a chamada Leis das Estatais, a presidente do PT, deputada Gleisi Hoffmann (PR), afirmou nesta 4ª feira (22) que é a iniciativa privada a responsável por praticar crimes junto a empresas públicas. A petista afirmou que o partido é favorável a mudanças na legislação para que políticos e ministros de um governo possam integrar as diretorias e os conselhos de administração dessas instituições.
“A Lei das Estatais diz que ninguém que participou de eleição há 4 anos pode ser indicado diretor da Petrobras ou diretor de uma estatal. Não pode ser político, não pode ser líder de partido, como se ser político fosse crime. E nós sabemos como funciona. Quem pratica crime, quem vem para cima é a iniciativa privada. […] É a iniciativa privada que corrompe”, disse em discurso de pouco mais de 7 minutos na tribuna do plenário da Câmara.
Assista à íntegra do discurso de Gleisi Hoffmann em que defende mudanças na Lei das Estatais para eliminar a proibição de políticos no comando das empresas (7m43seg):
A crítica da petista à iniciativa privada é feita justamente no momento em que o ex-presidente Luiz Inácio Lula da Silva (PT), pré-candidato à Presidência da República, tem se aproximado de empresários e atores importantes do setor produtivo para reduzir as desconfianças sobre um eventual novo governo seu.
No início do mês, porém, Lula também deu declaração semelhante. Ao criticar a venda da Eletrobras, o petista afirmou que os defensores da privatização iriam dizer que, se houvesse mais empresas no mercado, a energia ficaria mais barata. “E a dona de casa vai ouvir o rádio e vai dizer ‘é verdade’”, disse.
Em seguida, completou: “E por que vai ficar mais barato? Porque as empresas privadas são mais honestas do que o Estado. O Estado é corrupto. A classe política é corrupta. O deputado é corrupto. Todo mundo é corrupto. Como se a iniciativa privada fosse honesta”.
No discurso desta 4ª feira, Gleisi afirmou concordar com a ideia de parte da base aliada do governo de alterar a Lei das Estatais. “Nós fomos contra a mudança que eles fizeram na Lei das Estatais, na época do [Michel] Temer, porque criminalizaram a política”, disse.
A lei foi criada em 2016 no governo de Michel Temer (MDB) no esteio da Operação Lava Jato e outras investigações que apontaram indícios de corrupção na Petrobras durante governos do PT com a participação de outros partidos, como o próprio MDB.
A medida determina que as empresas públicas devem seguir critérios de governança. Devem ter um estatuto, um conselho de administração independente e praticar políticas de acordo com condições de mercado. Dentre as regras está a impossibilidade de que um ministro, por exemplo, possa ocupar um cargo no conselho da estatal.
“Também não pode haver nenhuma decisão que contrarie os interesses econômicos da empresa e dos seus acionistas. Não fala nada de interesse social, como se uma estatal fosse meramente uma empresa privada. A Petrobras foi construída com o sangue e com o suor do povo brasileiro. Ali há dinheiro público, há dinheiro de imposto. Ali há investimento de Estado”, disse Gleisi.
Parte do Centrão no Congresso cogitou, no início da semana, pedir ao governo uma alteração da Lei das Estatais via medida provisória. O intuito era fazer pressão sobre a diretoria da Petrobras para evitar novos aumentos no preço dos combustíveis.
O Palácio do Planalto, no entanto, prefere aumentar a frequência do auxílio gás, conhecido como vale-gás, e distribuir um voucher a caminhoneiros.