Internacional
Covid: Alemanha deve manter máscaras, mas rejeita lockdowns
Ministérios alemães chegam a acordo sobre medidas que serão implementadas no outono para combater pandemia. Regras federais serão mais relaxadas que em anos anteriores, mas estados podem decidir impor medidas extras
Máscaras, sim. Lockdowns ou fechamentos de escolas, não mais. Para evitar infecções por coronavírus, a Alemanha deve manter, a partir de outubro, uma semana após o início do outono na Europa, a obrigatoriedade de proteção facial no transporte aéreo e de longa distância – como em deslocamentos intermunicipais ou interestaduais por meio de trem ou ônibus.
As máscaras também seguirão obrigatórias em hospitais, clínicas e outros prédios ligados à área da saúde e de cuidados médicos, locais onde também será exigida a apresentação de testes negativos, o que não se aplica a pessoas recentemente vacinadas ou curadas.
Entretanto, o país não deverá mais ter lockdowns ou instar o fechamento de escolas e maternais, medida que foi utilizada nos últimos dois anos a fim de tentar conter a pandemia. As máscaras também não serão obrigatórias para crianças abaixo de seis anos, bem como deficientes auditivos e pessoas que não podem usar o acessório por razões médicas.
As informações foram divulgadas nesta quarta-feira (03/08) pelo governo alemão, depois de um longo debate envolvendo o ministro da Saúde, Karl Lauterbach (dos social-democratas do SPD), e o da Justiça, Marco Buschmann (dos liberais do FDP).
Após chegarem a um consenso, ambos apresentaram o plano, que deve entrar em prática a partir de 1º de outubro, uma semana após o fim das regras atuais, válidas até 23 de setembro. As resoluções se estendem pelo menos até 7 de abril de 2023.
Estados podem ter medidas próprias
Essas medidas são válidas em âmbito nacional, o que significa que os 16 estados alemães podem implementar regras extras, a exemplo do uso de máscara em locais fechados e a abertura ou o fechamento de locais de lazer, cultura, esporte e gastronomia – nesses casos, a tendência é de que não haja problema para quem estiver vacinado, testado ou curado da doença.
Os estados também têm autonomia para alterar as medidas caso o número de infectados aumente consideravelmente e, assim, afete a infraestrutura do sistema de saúde – o que também pode ocorrer devido ao surgimento de uma nova e agressiva variante do vírus.
Além disso, medidas como o uso de máscara em locais abertos e distanciamento social também poderão voltar a ser aplicadas. Máscaras e testes poderão ser exigidos apenas para alunos a partir da quinta série, o que também se aplica a universidades. Tudo isso apenas se os estados considerarem imprescindível.
“As restrições à liberdade só devem ser impostas se necessárias. Nosso conceito rejeita, portanto, lockdowns e toques de recolher”, afirmou Buschmann.
Com isso, Lauterbach e Buschmann destacaram que os principais cuidados devem ser com os grupos de risco, a exemplo dos idosos.
Regras ainda precisam ser aprovadas
As medidas para combater a pandemia de coronavírus ainda são um projeto que precisa ser votado pelo poder legislativo alemão. No entanto, Lauterbach se mostra confiante quanto à aprovação: “O pacote é muito bom [porque] protege da sobrecarga, devido à falta de pessoal, pacientes que estão em situação crítica”, declarou o ministro da Saúde aos jornais do grupo de mídia Funke.
O projeto deve ser aprovado em duas instâncias do parlamento alemão, possivelmente no início de setembro no Bundestag (câmara baixa, que tem deputados federais eleitos pelos cidadãos) e, depois, no dia 16, no Bundesrat (câmara alta, com representantes dos estados).
Ministro alerta para “outono difícil”
De forma direta, Karl Lauterbach também alertou para um outono “muito difícil” na Alemanha devido, principalmente, à variante Omikron BA.5, que tende a seguir predominante entre os infectados. Além disso, a BA.5 poderia anular a imunização de algumas vacinas.
“Haverá ausência de funcionários em hospitais ao mesmo tempo em que deve aumentar o número de pacientes em leitos normais e também nas UTIs”, afirmou o ministro, que anunciou quatro novas vacinas para o próximo outono.
Para quem trabalha na área da saúde, a vacinação obrigatória e o status de curado da doença devem permanecer em vigor.