Saúde
Genoma humano está quase todo sequenciado, mas ainda há muito trabalho a ser feito
Há 20 anos os cientistas vêm dizendo ter sequenciado inteiramente o genoma humano. Isto continua não sendo bem verdade.
Genoma humano ainda incompleto
Por duas vezes, cientistas de um projeto internacional ganharam as manchetes da imprensa no mundo todo afirmando que o genoma humano foi sequenciado de ponta a ponta.
Mas por que duas vezes? E será que agora é definitivo? Parece que não.
De fato, os cientistas do Projeto Genoma Humano identificaram a maioria dos quase 20.000 genes codificadores de proteínas no corpo humano.
No entanto, um outro grupo internacional de pesquisadores destaca agora que há mais trabalho a ser feito. O brasileiro Paulo Amaral e seus colegas salientam que, embora tenhamos quase convergido sobre as identidades dos 20.000 genes, os genes podem ser cortados e emendados para criar aproximadamente 100.000 proteínas, e os especialistas em genes estão longe de chegar a um acordo sobre o que são essas 100.000 proteínas.
Há 20 anos os cientistas vêm dizendo ter sequenciado inteiramente o genoma humano. Isto continua não sendo bem verdade.
Em busca de respostas, o grupo publicou agora um guia para priorizar os próximos passos no esforço para completar o “catálogo” dos genes humanos.
“Muitos cientistas têm trabalhado em esforços para compreender completamente o genoma humano, e ele é muito mais difícil e complexo do que pensávamos,” ressaltou Steven Salzberg, da Universidade Johns Hopkins, membro da equipe. “Fornecemos um estado do catálogo dos genes humanos e um guia sobre o que é necessário para completá-lo.”
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Catalogação dos genes de RNA
Embora a lista final de genes codificadores de proteínas no corpo humano esteja quase completa, os cientistas ainda não catalogaram completamente a variedade de maneiras pelas quais um gene pode ser cortado ou emendado, resultando em isoformas de proteínas (proteínas com a mesma sequência de aminoácidos, mas com diferentes estruturas ou funções) que são ligeiramente diferentes. Algumas isoformas de proteínas não afetarão a função da proteína, mas algumas podem ser diferentes o suficiente para resultar em risco aumentado para uma característica, condição ou doença específica.
Para completar o catálogo, a equipe propõe uma visão abrangente de como cada gene é expresso em proteínas funcionais e não funcionais e na forma tridimensional dessas proteínas.
Os cientistas também propõem um foco na catalogação de genes de RNA não codificantes – RNA é o material genético que é transcrito pelo DNA e segue um caminho molecular para produzir proteínas. Em vez de proteínas, os genes de RNA não codificantes codificam outros tipos de material molecular que desempenham alguma função celular.
Finalmente, o grupo internacional enfatiza a importância de melhorar as bases de dados comumente utilizadas de variações genéticas que causam doenças e enfermidades, melhorando os padrões dos laboratórios clínicos para anotar resultados de sequenciamento de DNA e desenvolver novas tecnologias para permitir métodos mais eficazes e precisos para combinar a ampla gama de proteínas com seus produtos genéticos.