ENTRETENIMENTO
Como a linguagem positiva pode melhorar você e seu ambiente
“Usar palavras gentis não custa nada”, diz a especialista Cintia Carreira em uma entrevista à Aleteia
Cintia Carreira é diretora do Departamento de Educação e Humanidades da Universidade Abat Oliba e professora de Didática de Línguas e Literatura. Em uma entrevista à Aleteia, ela disse que a linguagem positiva, explicada de forma muito simples, é falar bem de si e falar bem dos outros, usando palavras com uma visão otimista e positiva das situações.
“É um conceito bastante recente, mas, na verdade, muito antigo. Faz parte da corrente da psicologia positiva, que aparentemente também é recente, mas aproveito a licença de usar Aristóteles para dizer que ele foi um dos primeiros a trabalhar com a psicologia e a linguagem positivas”.
A psicologia positiva pretende enfocar o estado de bem-estar do ser humano: psicológico, mental, físico. Ela tenta levar em conta o que dá valor à vida e se concentrar no positivo, nas virtudes do ser humano e no que dá significado à pessoa.
Desde a Grécia clássica, fala-se do conceito de “eudaimonia”, que significa felicidade, a felicidade pela qual nós, como seres humanos, tendemos a nos esforçar.
Os benefícios da linguagem positiva
Cintia Carreira garante que essa linguagem é benéfica de várias maneiras, pois influencia os relacionamentos que temos, tanto intrapessoais quanto interpessoais.
Em primeiro lugar, ela influencia o relacionamento consigo mesmo; ou seja, como eu falo comigo mesmo? Com o uso da linguagem positiva, começamos a pensar positivamente sobre nós mesmos, sobre nossas capacidades e virtudes; graças a isso, poderemos nos relacionar com outras pessoas e aplicar o relacionamento positivo aos relacionamentos com os outros.
Com relação ao relacionamento comigo mesmo (intrapessoal), está claro que, como disse Alasdair MacIntyre, “somos seres narrativos”. E, portanto, a capacidade de eu entender, de narrar minha história – minha identidade, quem eu sou, com quem me relaciono – ao longo de minha história, é básica”.
Cintia ressalta que a capacidade de narrar a própria vida para os outros é uma característica do ser humano; portanto, é muito importante aplicar uma linguagem positiva para obter uma compreensão da própria pessoa e uma inserção na sociedade.
Como incorporar a linguagem positiva na vida cotidiana?
A primeira coisa é pensar positivamente sobre nós mesmos e aplicar isso ao restante das circunstâncias e às pessoas ao nosso redor. “É verdade que a teoria é uma coisa e a prática é outra, mas aplicá-la é mais simples do que parece. Usar palavras gentis não custa nada, trata-se de desenvolver um hábito”.
É como as virtudes – diz ela – você se torna generoso quando exercita a generosidade. Você usará uma linguagem positiva quando a usar e a internalizar.
Quem quer que a exercite sairá ganhando, ele e as pessoas com quem interage, porque quando alguém dá, acaba recebendo. “Se eu for gentil, eles serão gentis comigo, e geraremos uma atitude relaxada na qual eu me sentirei à vontade e capacitado para ser melhor. É a isso que estamos destinados, no fim das contas.”
Cintia ressalta que o uso de linguagem positiva ajuda a construir a si mesmo e a contribuir com algo na sociedade. Além disso, ela lembrou que não ganhamos nada ao usar palavras ruins, “no final, isso gera tensões, desconforto”.
Falando como seres humanos
Luis Rojas Marcos, em seu livro We are what we talk about (Nós somos o que falamos), diz que falar nos torna melhores, é terapêutico, ajuda. Mas não para falar mal, mas como deveríamos falar como seres humanos.
“Ele se aprofunda na ideia de que se eu me amar e falar bem, construirei autoestima e uma identidade pessoal sólida que me ajudará a estar na sociedade e a contribuir para ela.”
Cintia conclui afirmando que a palavra pode ser usada em um sentido positivo ou negativo; “e os usos negativos da palavra são muito sérios, fazem muito mal ao homem”.