Segurança Pública
Endividamento militar das baixas patentes, 35% de perdas: Força Aérea tenta aplacar crise e distribui conselhos sobre como administrar salários sem reajuste desde 2015
A sugestão da Força Aérea para os militares reorganizarem suas finanças pessoais é que os militares se comportem como se fossem empresas

Desde o governo Dilma sem reajustes salariais que corrijam as perdas inflacionárias, os militares que ocupam a base da estrutura militar nas Forças Armadas, que são os tenentes, suboficiais, sargentos, cabos e soldados, atravessam uma abrupta perda de poder aquisitivo. O último reajuste salarial para corrigir as perdas inflacionárias foi concedido em julho de 2016 e estipulado pela lei 13.321, de 27 de julho de 2016 em cerca de 27% dividido em quatro parcelas, sendo que a última foi creditada somente em janeiro de 2019.
De fevereiro de 2016 até julho de 2024 a inflação já corroeu bastante os salários dos militares e a reposição justa, segundo os cálculos do IBGE / IPCA, apurados pela Revista Sociedade Militar com o uso do software DrCalc.net e o próprio site do IBGE deveria ser na ordem de 35%. Alguns militares, principalmente os que ocupam cargos na cúpula, com postos de oficiais general, coronéis etc., receberam reajustes a partir da reestruturação das carreiras sancionada em dezembro de 2019, após a sanção ocorreram reajustes em percentuais pagos por cursos realizados. Entretanto, a maior parte da tropa na ativa e – principalmente – na reserva, ficou sem qualquer acréscimo no salário.
Para comparação, o salário mínimo em janeiro de 2019 era de R$ 998,00. Essa semana foi divulgado que o valor previsto para o próximo ano (2025) é de R$ 1.502,00, uma correção de cerca de 50%.

A Força Aérea Brasileira, em sua revista digital Notaer, apresentada como o Jornal da Aeronáutica, publicada em 24 de junho, traz um artigo com o claro objetivo de minimizar os problemas financeiros sofridos pelos militares, que sofrem um arroxo salárial, estão sem reajuste desde 2015. No texto a instituição sugere que os militares façam uma “analogia contábil”, se comportando como se fossem uma empresa. Segundo a orientação divulgada, o método vai “facilitar as finanças pessoais”.
A sugestão da Força Aérea para os militares reorganizarem suas finanças pessoais
Fazer uma analogia contábil das contas pessoais, da mesma forma que uma empresa contabiliza a sua, traz uma reflexão importante, porque o resultado facilitará, e muito, na reorganização das finanças pessoais.
Nesse contexto, para se ter uma visão geral da sua saúde financeira, pode-se utilizar o conceito do Balanço Patrimonial (BP), que nada mais é do que uma demonstração contábil, cujo principal objetivo é apresentar a situação contábil e financeira de uma empresa, dentro de um período específico (último mês do ano, por exemplo). Mas podemos trazer esse modelo para a realidade da pessoa física também.
Na figura abaixo, será apresentado o modelo, a fim de facilitar o entendimento. O BP são saldos que refletem a sua situação financeira, pois ele determinará o saldo em uma determinada data e dará uma visão se os recursos aplicados na aquisição de ativos estão gerando ou consumindo receita.
É claro que este conceito de Balanço Patrimonial aplica-se às empresas, dentro dos estudos já realizados. Porém, utilizamos esse modelo para criar uma analogia quanto às finanças pessoais, a fim de que seja possível refletir se os ativos estão gerando benefícios. Quando não geram, a dívida tende a aumentar e o padrão de vida a reduzir bastante, trazendo consequências negativas para o âmbito familiar e profissional.
ATIVO
Os “Ativos” são bens e direitos que representam os recursos controlados como resultado de eventos passados e dos quais se espera que resultem futuros benefícios econômicos. Um automóvel de luxo do ano ou mesmo um carro popular, por exemplo, vai gerar um benefício futuro? Bom, se não for utilizado para gerar renda, a resposta é NÃO! E um imóvel alugado, que está gerando renda? A resposta inicial é SIM, mas, neste caso, vai depender de outros fatores.
PASSIVO
Já os “Passivos” são as chamadas “fontes dos recursos”, ou dinheiro de terceiros, que são oriundos de outras fontes (empréstimos e financiamentos) e geram um compromisso de pagamento. Podem ser considerados os bancos, funcionários (para quem possua na residência), o governo (impostos a serem pagos), entre outros. Pode ser entendido também como obrigações presentes derivadas de eventos já ocorridos, cuja liquidação resultem na saída de recursos, no caso o salário ou outras fontes de renda. Um Passivo alto, por exemplo, significa grande alavancagem e como consequência uma pessoa vulnerável, pois os Ativos adquiridos não vão gerar benefícios suficientes para o pagamento da dívida (daquele compromisso assumido). Isso ocorre com a maioria dos endividados. Os maus investimentos em ativos geram uma alta alavancagem, o passivo é um juro composto cumulativo não só o caixa, mas também o capital próprio da pessoa.
PATRIMÔNIO LÍQUIDO
Já sabemos que o capital próprio é, basicamente, o patrimônio líquido da pessoa. E sabemos que tudo aquilo que está no lado direito do balanço patrimonial (inclusive o patrimônio líquido) representa os recursos da pessoa obtém. Então, o que seria esse “Patrimônio Líquido”, na prática?
Nesse sentido, é possível entender o patrimônio líquido como sendo o conjunto de contas, que representam os recursos obtidos. Lá, está o capital (que são os recursos, efetivamente, aportados), as reservas de lucros, as reservas legais e os prejuízos acumulados.