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O governo Lula não é mediador na Venezuela, é Cúmplice
Há pouco mais de um ano, o presidente Lula sugeriu que Nicolás Maduro criasse uma narrativa contra o que considerava críticas injustas ao regime venezuelano. Recentemente, Maduro afirmou que o “Golias Elon Musk” hackeou a eleição, uma acusação que levanta questões sobre o papel do governo brasileiro na crise venezuelana e a parceria estreita entre Lula e regimes autoritários ao redor do mundo.
A relação entre Lula e Maduro é profunda e complexa, marcada por um apoio contínuo do governo brasileiro ao regime venezuelano. Lula tem sido um defensor vocal de Maduro, oferecendo apoio político e diplomático mesmo diante de evidências claras de abusos de direitos humanos e manipulação eleitoral. Em maio de 2023, Lula recebeu Maduro com honras de chefe de Estado, sugerindo que o líder venezuelano construísse uma narrativa própria para contrapor as críticas internacionais.
Durante uma coletiva de imprensa, Lula disse a Maduro: “Companheiro Maduro, é preciso que você saiba a narrativa que se construiu contra a Venezuela, da antidemocrata, do autoritarismo. É preciso que você [Maduro] construa a sua narrativa. E eu acho que, por tudo que conversamos a sua narrativa vai ser infinitamente melhor.”
A narrativa que Maduro encontrou para explicar a fraude eleitoral é que o “Golias Elon Musk” foi responsável pelo “primeiro golpe de Estado cibernético na história da humanidade”. Essa alegação absurda foi apoiada tacitamente pelo governo brasileiro, que se absteve de condenar a fraude e continua a manter um discurso de confiança nas instituições venezuelanas, dominadas pelo chavismo.
O chanceler Celso Amorim, em vez de denunciar a manipulação, lamentou a “demora” do Conselho Nacional Eleitoral (CNE) em publicar os dados, ignorando que o próprio CNE inabilitou opositores como María Corina Machado. O presidente da CNE, Elvis Amoroso, até pediu investigações contra opositores por um suposto “ataque cibernético” durante a contagem dos votos, sem apresentar provas.
A parceria de Lula com Maduro não é um caso isolado. O governo brasileiro tem mostrado uma tendência preocupante de alinhamento com regimes autoritários ao redor do mundo, incluindo a Nicarágua, Cuba, Coreia do Norte, Rússia e China.
Nicarágua: Lula tem mantido relações amistosas com o presidente Daniel Ortega, cuja repressão brutal contra opositores políticos tem sido amplamente condenada. Ortega, assim como Maduro, tem se sustentado no poder mediante eleições fraudulentas e supressão da oposição.
- Cuba: A ilha caribenha, sob o regime de Miguel Díaz-Canel, continua a sofrer com a falta de liberdades políticas e econômicas. Lula tem sido um defensor de longa data do regime cubano, ignorando as violações de direitos humanos e a repressão contra dissidentes.
- Coreia do Norte: Embora os laços sejam menos visíveis, Lula e seu partido têm historicamente mostrado simpatia pelo regime de Kim Jong-un, que é amplamente reconhecido como um dos mais repressivos do mundo.
- Rússia: Sob Vladimir Putin, a Rússia tem se envolvido em múltiplas violações de direitos humanos, incluindo a repressão de opositores políticos e a guerra na Ucrânia. Lula tem evitado condenar essas ações, optando por uma postura de “neutralidade” que, na prática, favorece Putin.
- China: O governo de Xi Jinping tem sido criticado por sua repressão em Hong Kong, Tibete e Xinjiang. Lula tem mantido uma relação próxima com a China, focando em acordos econômicos e comerciais, sem abordar as questões de direitos humanos.
Qualquer benefício da alegada mediação brasileira na crise venezuelana será fruto de sorte, não de uma estratégia calculada. O governo Lula não está nessa posição por imparcialidade ou cálculos diplomáticos, mas porque escolheu um lado claro nessa história. O Brasil hoje toma conta das embaixadas da Argentina e do Peru na Venezuela, após a expulsão dos representantes desses países que questionaram a “vitória” de Maduro. Isso não é uma questão de solidariedade, mas de responsabilidade pelo que está acontecendo na Venezuela.
É essencial reconhecer que o governo Lula não atua como um mediador imparcial na crise venezuelana, mas como um cúmplice que apoia e sustenta o regime de Maduro. A manipulação da narrativa e a falta de uma postura crítica contribuem para a perpetuação de uma situação que prejudica a democracia e os direitos humanos na Venezuela. Essa postura se estende a outros regimes autoritários ao redor do mundo, destacando um padrão preocupante de alinhamento com ditaduras. O povo brasileiro e a comunidade internacional merecem uma análise honesta e transparente da realidade, livre de filtros ou manipulações.