ECONOMIA
Conta de energia ficará mais cara a partir de hoje: bandeira vermelha em patamar dois é acionada após 13 anos
A partir desta terça-feira (1º de outubro), os brasileiros enfrentarão um aumento significativo em suas contas de energia elétrica. A Agência Nacional de Energia Elétrica (ANEEL) anunciou que a bandeira tarifária para o mês de outubro será a vermelha, patamar dois, o nível mais alto do sistema de bandeiras tarifárias.
Com essa mudança, os consumidores passarão a pagar R$ 7,87 para cada 100 quilowatts-hora (kWh) consumidos. Este valor representa um aumento de R$ 3,41 em relação à bandeira tarifária aplicada em setembro, que estava em patamar um, quando o valor era de R$ 4,46 por 100 kWh. O reajuste é justificado pela ANEEL como uma consequência direta da escassez de chuvas, que reduziu os níveis dos reservatórios das hidrelétricas, além do aumento no preço da energia elétrica no mercado. A falta de água nos rios compromete a geração de energia pelas hidrelétricas, obrigando o Sistema Interligado Nacional a recorrer às usinas térmicas, que operam com combustíveis fósseis e têm custos operacionais muito mais elevados.
Este acionamento da bandeira vermelha em patamar dois é um marco, já que não ocorria desde agosto de 2011, ou seja, há 13 anos. Entre abril de 2022 e julho de 2024, os brasileiros estavam sob o regime de bandeiras verdes, que indicavam condições favoráveis para a geração de energia e, portanto, custos menores para o consumidor. Em julho de 2024, no entanto, a bandeira amarela foi acionada, sinalizando uma piora na situação energética. Agosto trouxe um breve alívio com a volta da bandeira verde, mas setembro já apontava para uma situação mais grave, com a bandeira vermelha em patamar um. Agora, em outubro, a situação se agrava ainda mais, com a ativação do patamar dois.
Criado pela ANEEL em 2015, o sistema de bandeiras tarifárias tem como principal objetivo informar os consumidores sobre os custos reais da geração de energia no país. A ideia é fornecer um sinal claro de quando a energia se torna mais cara, incentivando, assim, o uso consciente e econômico da eletricidade. As bandeiras são classificadas em três cores: verde, amarela e vermelha (que se divide em patamar um e patamar dois). Quando a bandeira está verde, não há cobrança adicional. A amarela e a vermelha indicam custos maiores de produção, sendo o patamar dois o mais elevado.
A ANEEL explica que o sistema de bandeiras tarifárias também dá ao consumidor um papel mais ativo na gestão de seu consumo de energia. Quando informado de que a bandeira tarifária está em um nível mais alto, como o vermelho, o consumidor pode ajustar seus hábitos de consumo, buscando economizar e reduzir o impacto da conta. Antes da criação desse sistema, os repasses dos aumentos de custos eram feitos apenas nos reajustes tarifários anuais, o que dificultava para os usuários o entendimento de quando a energia estava mais cara. “Com as bandeiras tarifárias, o consumidor recebe uma indicação clara do cenário energético, podendo agir de forma mais consciente e estratégica em relação ao seu consumo”, afirma a agência.
A ativação da bandeira vermelha em patamar dois reflete a atual crise hídrica enfrentada pelo Brasil, que é um país altamente dependente da geração de energia por hidrelétricas. A seca prolongada em diversas regiões pressiona o sistema elétrico, aumentando a dependência das usinas térmicas, que são mais poluentes e caras. Além disso, o cenário atual pode exigir ações mais rigorosas para assegurar o fornecimento de energia elétrica no país, incluindo campanhas de conscientização e incentivos para o uso de fontes alternativas e renováveis de energia.
Enquanto isso, os consumidores terão que arcar com uma conta de luz mais alta, o que pode impactar significativamente o orçamento familiar e das empresas, especialmente em um contexto econômico ainda desafiador.
A previsão de continuidade da estiagem e a tendência de alta nos preços de energia alertam para a necessidade de adaptação e planejamento no uso consciente da eletricidade, visando minimizar os efeitos desses aumentos para a população.