CIDADE
Pagamento antecipado do 13º em Santa Rita: gesto ou obrigação?
Por Roberto Tomé
Santa Rita, mais uma vez, aparece como destaque na Região Metropolitana de João Pessoa. Nesta quinta-feira (5), a Prefeitura antecipou a segunda parcela do 13º salário dos servidores municipais. A medida, anunciada com entusiasmo pelo prefeito Emerson Panta, foi apresentada como um marco de sua gestão, que se encerra após oito anos.
Para Panta, essa antecipação vai além do pagamento de um direito trabalhista. Ele enfatizou o legado de responsabilidade fiscal de sua administração. “Estamos encerrando nossa gestão com salários pagos em dia, no mês trabalhado, e um histórico de compromisso com o funcionalismo público”, declarou. Parece bonito, mas isso não seria o básico?
Não há dúvida de que o pagamento antecipado coloca milhões em circulação na economia local. É verdade que, com o fim de ano batendo à porta, o comércio e os serviços da cidade agradecem. Mas essa movimentação econômica, ainda que positiva, é consequência direta de um direito dos trabalhadores. E não exatamente um presente de Natal.
Com três folhas salariais programadas para dezembro — os salários de novembro, dezembro e o 13º —, a gestão de Panta visa fechar as contas no azul e reforçar a imagem de boa administração. Ele mesmo destacou a prioridade dada aos servidores, dizendo que “a dignidade dos trabalhadores públicos sempre foi nossa prioridade”. Porém, o questionamento que fica é: até que ponto o discurso reflete a realidade vivida por todos os servidores durante esses oito anos?
Claro, para os funcionários públicos, receber em dia é fundamental. Mas seria isso realmente algo extraordinário ou apenas uma obrigação? O prefeito ainda afirmou que a antecipação ajuda a garantir um final de ano mais confortável para as famílias. Isso é verdade, mas também é apenas o esperado de qualquer administração pública comprometida com seus trabalhadores.
Santa Rita, ao adotar essa prática, destaca-se positivamente em relação a outras cidades da Paraíba. No entanto, é importante lembrar que ações como essas, embora meritórias, devem ser vistas como parte de uma administração eficiente, e não como um feito heroico. Afinal, cumprir o que é devido não deveria ser motivo de celebração, mas sim um requisito básico.
Ao final, é inegável que a antecipação do 13º traz alívio para os servidores e benefícios para a economia. Mas a questão que fica no ar é: a quem serve esse discurso de “legado” e “compromisso”? Será que essa narrativa não esconde o que deveria ser o verdadeiro debate sobre a qualidade e os desafios da gestão pública em Santa Rita? O tempo dirá.