ECONOMIA
Dólar fecha a R$ 6,08 e renova maior valor da história; bolsa sobe 1%
Mercados aguardam dados da inflação nos EUA e decisão dos juros no Brasil; anúncios da China dão força para commodities
O dólar voltou a fechar em alta e renovou a máxima histórica nesta segunda-feira (9), dia de agenda econômica esvaziada e com investidores se posicionando para uma semana marcada por dados de inflação no Brasil e nos Estados Unidos e pela última reunião dos juros pelo Banco Central (BC) neste ano.
O dólar encerrou a sessão com alta de 0,09%, indo a R$ 6,082 na venda.
Foi a segunda sessão seguida de recorde da divisa norte-americana, com fechamento em R$ 6,076 na sexta-feira (6).
Os ativos da bolsa brasileira também fecharam em alta, com a repercussão positiva com o anúncio de a China fazer a primeira mudança na política monetária desde 2010 para estimular o crescimento.
O Ibovespa encerrou a sessão com avanço de 1%, aos 127.210 pontos.
A notícia deu mais força para ações de commodites, com CSN Mineração (CMIN3) liderando, com alta de 6,68%. Na sequência, Vale (VALE3) ganhou 5,32%.
Já Petrobras (PETR4) fechou o dia com alta de 2,59%.
Cenário doméstico
Dados do Índice de Preços ao Consumidor Amplo (IPCA) – o indicador oficial da inflação brasileira – de novembro serão publicados nesta terça-feira (10).
Economistas consultados pela Reuters projetam uma desaceleração da inflação ao consumidor para 0,37% na base mensal, de 0,56% em outubro.
Em 12 meses, a previsão é que o índice tenha acelerado para alta de 4,85%, ante 4,76% em outubro. O nível se mantém acima da meta perseguida do BC, de 3%, com tolerância de 1,5 ponto para cima ou para baixo.
Já na quarta sai a decisão dos juros pelo Comitê de Política Monetária (Copom) do BC, com operadores aumentando as apostas de alta de 1 ponto na Selic, mas com projeções também indicado avanço de 0,75 ponto.
Ambos os movimentos representariam uma nova aceleração no ritmo do atual ciclo de aperto monetário, após alta de 0,5 ponto percentual de novembro e o aumento 0,25 ponto em setembro.
“Na nossa avaliação, é justificado acelerar o ritmo do aumento dos juros, dado um cenário de uma economia superaquecida, um mercado de trabalho apertado, salários elevados e o crescimento da renda disponível das famílias”, disseram analistas do Goldman Sachs em nota.
O mercado ainda segue de olho na tramitação das medidas de contenção de gastos propostas pelo governo no Congresso, uma vez que o Executivo busca aprová-las até o fim deste ano para que já comecem a valer a partir de 2025.
A repercussão do pacote fiscal tem sido ruim desde seu anúncio no fim do mês passado, quando veio acompanhado da divulgação de um inesperado projeto de reforma do Imposto de Renda.
Piora das expectativas
Dados do Boletim Focus, pesquisa semanal do BC com agentes do mercado, mostraram piora para juros, inflação e câmbio em 2024 e nos próximos anos.
A expectativa para a Selic está em 12% ao fim deste ano e 13,5% em 2025.
Os investidores passaram a ver altas do IPCA de 4,84% e 4,59% respectivamente em 2024 e 2025, de 4,71% e 4,40% antes.
Analistas consultados pelo Banco Central passaram a ver uma inflação acima do teto da meta perseguida pela autarquia — com centro de 3% e uma margem de tolerância de 1,5 ponto percentual para cima ou para baixo – este ano e no próximo, com aumentos nas perspectivas para o dólar.
A pesquisa Focus mostrou que os economistas agora preveem altas do IPCA de 4,84% e 4,59% respectivamente em 2024 e 2025, de 4,71% e 4,40% antes.
A pressão inflacionária vem também do enfraquecimento do real. O Focus mostrou ainda que a expectativa para o dólar ao final deste ano subiu de R$ 5,70 para R$ 5,95, enquanto para 2025 passou de R$ 5,60 para R$ 5,77.
As contas para o Produto Interno Bruto (PIB) também foram ajustadas para cima, com a estimativa de crescimento em 2024 agora em 3,39% e para 2025 em 2%.
Na semana passada as expectativas eram respectivamente de expansão de 3,22% e 1,95%.
Contexto internacional
A cena local também é marcada pela expectativa de dados da inflação nos Estados Unidos na terça e quarta-feira (11), que devem mexer com expectativas para os juros definidos pelo Federal Reserve (Fed).
A última reunião da autoridade monetária será na próxima semana.
Os mercados também repercutiram anúncio da China, que adotará uma política monetária “adequadamente frouxa” no próximo ano como parte das medidas de apoio ao crescimento econômico, informou a mídia estatal nesta segunda.
A China implementará uma política fiscal mais proativa e intensificará os ajustes anticíclicos “não convencionais”, informou a Xinhua, citando o Politburo.
A China também deve aumentar “vigorosamente” o consumo e expandir a demanda interna “em todas as direções”, disse a Xinhua.