Politíca
Ludgério volta ao ringue na Assembleia e não economiza nas alfinetadas: “Sou oposição, sim, senhor!”
Até quando um suplente vai ter que engolir sapo calado dentro do próprio partido?

Por Roberto Tomé
Manoel Ludgério não engoliu. Voltou pra Assembleia Legislativa da Paraíba (ALPB) nesta terça-feira (08) com sangue nos olhos, discurso firme e uma postura que deixou claro: vai bater de frente com o governo João Azevêdo e não quer saber de passar pano.
Apesar de ainda carregar a sigla do PSDB no peito, Ludgério avisou que o tempo de silêncio acabou. Reassumiu o mandato no lugar de Fábio Ramalho, que se licenciou por seis meses, e chegou já mostrando a que veio. Fez questão de frisar que vai atuar como oposição, sim, e com todas as letras.
Mas o mais interessante dessa história não é nem a oposição ao governo. É o fogo cruzado no próprio PSDB, onde o clima já faz tempo que azedou. Ludgério, que ficou na suplência por uma diferença mínima nas urnas – somente 80 votos – disse com todas as palavras que se sentiu abandonado pelo partido. Segundo ele, a legenda virou as costas logo após as eleições de 2022.
E não foi só isso. Tinha um acordo, de palavra, de honra – aquele tipo de promessa que político adora fazer e esquecer depois – pra haver um rodízio entre os deputados eleitos e os suplentes. O combinado era que cada um daria espaço de vez em quando. Mas, de acordo com Ludgério, dois nomes do PSDB quebraram esse trato: Tovar Cunha Lima e Camila Toscano.
“Eu fui o responsável por garantir a votação necessária pro PSDB manter três cadeiras. Faltou pouquinho pra levar a quarta. E mesmo assim fui deixado de lado”, disparou.
A volta só foi possível porque Fábio Ramalho, que já tinha feito esse gesto antes, abriu espaço de novo. E Ludgério não se esqueceu de agradecer, destacando que ele próprio também já se licenciou no passado pra dar vez a outros. “Não guardo mágoa. Se for preciso, abro de novo”, disse, num tom mais conciliador, mas ainda cheio de indiretas bem diretas.
A real é que esse retorno joga luz sobre algo maior: o racha silencioso dentro do PSDB da Paraíba. Um partido que, historicamente, sempre teve força no estado, mas que nos últimos tempos anda meio sem rumo, dividido entre lealdades internas e projetos pessoais. Ludgério não só escancarou isso como se colocou como uma figura independente, disposta a cobrar – tanto do governo quanto de seus próprios colegas de partido.
E a pergunta que fica é: até onde essa oposição vai? Vai ser de fato firme combativa? Ou vai virar mais uma daquelas vozes que começa forte e depois some no burburinho político da Assembleia?
Ludgério pode até não ser mais um novato, mas sua volta reacende velhas feridas e traz novos questionamentos. Se for fazer barulho ou não, só o tempo vai dizer. Mas que chegou batendo na porta e dizendo “tô aqui”, ah, isso ninguém pode negar.
E aí? Você confia em político que promete rodízio e depois finge que esqueceu? Ou já se acostumou com esse script repetido da política paraibana?