Saúde
Estimulação nervosa é eficaz quando sincronizada com ritmos do corpo
O pequeno dispositivo para estimular o sistema nervoso por meio de eletrodos no ouvido só funciona se estiver em sincronia com os ritmos corporais

Pílula elétrica
Nem sempre precisamos de um medicamento. Alguns problemas de saúde, desde a dor crônica e a inflamação até doenças neurológicas, também podem ser tratados por estimulação nervosa, por exemplo, com a ajuda de eletrodos que são fixados no ouvido e ativam o nervo vago.
O nervo vago desempenha um papel importante em nosso corpo: É o nervo mais longo do sistema nervoso parassimpático, a parte do sistema nervoso envolvida no controle preciso dos órgãos internos e da circulação sanguínea, e é responsável pela recuperação e construção das próprias reservas do corpo. Um ramo do nervo vago também leva do cérebro diretamente para o ouvido, razão pela qual pequenos eletrodos no ouvido podem ser usados para ativar o nervo vago, estimular o cérebro e, assim, influenciar várias funções do corpo.
Este método é comumente chamado de “pílula elétrica”. No entanto, a eletroestimulação do nervo vago nem sempre funciona da maneira esperada, e ainda não entendemos direito porque funciona muito bem para algumas pessoas, mas não para outras.
Johannes Tischer e colegas da Universidade Tecnológica de Viena (Áustria) agora descobriram a resposta: Experimentos demonstraram que o efeito da pílula elétrica é muito bom quando a estimulação elétrica é sincronizada com os ritmos naturais do corpo do paciente, especificamente, dos batimentos cardíacos e da respiração.
Sincronizando o tratamento
O estudo piloto envolveu cinco pacientes. O nervo vago de cada um foi ativado eletricamente para diminuir sua frequência cardíaca, uma vez que estudos anteriores comprovaram que a frequência cardíaca é um indicador potencial de se a terapia de eletroestimulação será benéfica ou não.
Os resultados mostraram que a conexão temporal, ou sincronia, entre a eletroestimulação no ouvido e o batimento cardíaco desempenha um papel decisivo no resultado da terapia. Se o nervo vago for estimulado em um ritmo que não está sincronizado com o batimento cardíaco, dificilmente se obtém qualquer efeito do tratamento. No entanto, se os sinais de estimulação forem sempre aplicados quando o coração estiver se contraindo (durante a sístole), a pílula elétrica produz um efeito forte, muito mais forte do que se a estimulação for aplicada durante a fase de relaxamento do coração (diástole).
A respiração também é importante: A estimulação foi significativamente mais eficaz durante a fase de inalação do que durante a fase de exalação.
“Nossos resultados mostram que sincronizar a estimulação do nervo vago com o batimento cardíaco e o ritmo respiratório aumenta significativamente a eficácia. Isso pode ajudar a melhorar o sucesso do tratamento de doenças crônicas, especialmente para aqueles que não responderam anteriormente a esta terapia por razões ainda não explicadas,” disse o professor Eugenijus Kaniusas.
Se a estimulação nervosa puder ser personalizada eletronicamente, para que seja adaptada aos ritmos individuais do corpo em qualquer momento, deverá ser possível alcançar sucessos significativamente maiores do que os possíveis até o momento com essa abordagem não farmacológica. A equipe pretende a seguir examinar grupos de pacientes maiores e clinicamente relevantes, além de desenvolver algoritmos ainda mais precisos para adaptar a eletroestimulação ainda mais precisamente às necessidades individuais.