CIÊNCIA & TECNOLOGIA
Work Trend Index: pandemia aumentou esgotamento profissional
Com participação de mais de 6 mil colaboradores de oito países, pesquisa da Microsoft aponta impactos da crise na força de trabalho
A Microsoft lançou nesta semana a terceira edição do Work Trend Index, relatório que mostra tendências no mercado de trabalho. Desta vez, a análise trouxe dados relevantes sobre o período de pandemia: aqui no Brasil, por exemplo, 44% dos entrevistados relataram burnout nos últimos seis meses.
A pesquisa teve participação de 6.000 trabalhadores de linha de frente e do setor de informação em oito países: Austrália, Brasil, Alemanha, Japão, Índia, Singapura, Reino Unido e Estados Unidos. O estudo teve cinco principais conclusões, confira:
A pandemia e burnout
Mais de 30% dos trabalhadores de linha de frente e do setor de informações disseram que a pandemia aumentou a sensação de esgotamento profissional. Porém, cada pessoa está vivenciando essa tempestade de uma maneira diferente. Ou seja, 44% das pessoas no Brasil estão se sentindo mais exaustas em comparação com 31% nos Estados Unidos e 10% na Alemanha.
A exaustão (também chamada síndrome de burnout) pode ser atribuída a vários fatores. No entanto, dias de trabalho mais longos têm um papel chave na sensação de exaustão. Por exemplo, os trabalhadores na Austrália tiveram o maior aumento na duração da jornada de trabalho no Microsoft Teams (45%) e um aumento médio da exaustão. Os trabalhadores na Alemanha tiveram poucas mudanças na sua jornada de trabalho ou na sensação de exaustão.
As causas do estresse no trabalho
O principal agente de estresse, mundialmente, foi a preocupação em contrair Covid-19. Em segundo lugar, temos a falta de separação entre o trabalho e a vida pessoal, seguido da sensação de desconexão dos colegas e horas de trabalho ou uma carga de trabalho difíceis de administrar.
No caso dos trabalhadores de linha de frente a principal preocupação também é contrair a doença. Pior: quase 30% dos trabalhadores indica não receber de sua empresa os equipamentos tecnológicos ou de proteção necessários para manter o distanciamento social. Entre os agentes estressores mencionados pelos trabalhadores remotos, a falta de separação entre trabalho e vida pessoal e a sensação de desconexão dos colegas foram os mais frequentemente apontados.
Mais comunicações, menos limites
Os dados da pesquisa da Microsoft mostram que mesmo depois de mais de seis meses das primeiras ordens para trabalhar de casa, as pessoas estão participando de mais reuniões, atendendo a mais chamadas não programadas e tendo que lidar com mais mensagens que chegam do que faziam antes da pandemia.
Conversas após o horário comercial, ou entre 17h e meia-noite também aumentaram. Ou seja, existe todo um grupo de pessoas que nunca tocavam no teclado depois do expediente antes da pandemia e que, agora, faz isso.
Falta do escritório e produtividade
Um terço dos trabalhadores remotos disseram que a falta de separação entre o trabalho e a vida pessoal está afetando negativamente seu bem-estar. Em 2017, um grupo de pesquisadores da Microsoft decidiu avaliar os benefícios que o tempo gasto nas idas diárias ao trabalho trazia. No estudo, um assistente digital usava conversas de chat para ajudar os participantes, fazendo uma série de perguntas.
Algumas perguntas eram relacionadas a tarefas, por exemplo: “O que você precisa fazer hoje?” Outras eram relacionadas a emoções e eram feitas para ajudar os participantes a refletir, por exemplo: “Como você se sentiu em relação ao seu dia?” Os participantes classificavam sua produtividade a cada hora numa escala de 1 a 5, medindo a produtividade dessa forma durante uma semana e utilizando o assistente digital, e durante uma semana sem ele.
O estudo revelou que 6 em 10 pessoas (61%) sentiam que eram mais produtivas quando o assistente digital as ajudava a se preparar para o trabalho e para relaxar do trabalho depois. A produtividade aumentou de 12% a 15%, em média.
Meditação pode ajudar
Outra das revelações trazidas pelo Work Trend Index é de que 7 entre 10 (70%) disseram que a meditação pode ajudar a diminuir seu estresse relacionado com o trabalho. Esse número passou para 83% entre as pessoas que cuidam dos filhos ou com filhos que estão estudando em casa.
Além disso, os dados indicam que a meditação constante pode diminuir o estresse e a exaustão. E, por fim, melhorar a sua capacidade de reagir a um feedback negativo.