Internacional
Visita de ministro israelense a templo muçulmano gera crise
Político nacionalista de ultradireita Ben-Gvir, que integra coalizão de Netanyahu, fez visita de 15 minutos ao complexo da mesquita Al-Aqsa, em Jerusalém. Palestinos e Jordânia interpretam o gesto como provocação
O novo ministro da Segurança Nacional de Israel, Itamar Ben-Gvir, visitou brevemente o complexo da mesquita Al-Aqsa, em Jerusalém, nesta terça-feira (03/01), um local também reverenciado por judeus, provocando críticas de palestinos e da vizinha Jordânia.
“O Monte do Templo está aberto a todos”, postou o político de ultradireita Ben-Gvir no Twitter, usando o nome judaico para o local. Imagens o mostram caminhando na periferia do complexo, cercado por um forte esquema de segurança e rodeado por um colega judeu ortodoxo.
Uma autoridade israelense disse que a visita de 15 minutos de Ben Gvir ao complexo de Al Aqsa obedecia ao chamado acordo de status quo, que remonta a décadas, que permite que não-muçulmanos visitem, desde que não rezem. A visita transcorreu sem incidentes.
A ascensão de Ben-Gvir, líder do partido Poder Judeu, para se juntar a uma coalizão nacionalista-religiosa liderada pelo primeiro-ministro Benjamin Netanyahu, aprofundou a ira palestina sobre seus esforços há muito fracassados para garantir um Estado próprio.
A visita pode aumentar ainda mais as tensões após o crescimento da violência na Cisjordânia ocupada em 2022.
Horas antes, soldados israelenses mataram a tiros um adolescente palestino num confronto, próximo a Belém, informaram autoridades médicas e testemunhas. O Exército de Israel afirmou que as tropas dispararam contra palestinos que os atacavam com explosivos improvisados, pedras e bombas incendiárias.
O Ministério das Relações Exteriores palestino disse “condenar veementemente a invasão à mesquita de Al-Aqsa pelo ministro extremista Ben-Gvir e a vê como uma provocação sem precedentes e uma perigosa escalada do conflito”.
Jordânia “condena nos termos mais severos”
Ben-Gvir não se aproximou da mesquita, que é um símbolo do nacionalismo palestino e sua busca pela criação de um Estado, uma meta que parece cada vez mais distante, com Ben-Gvir e outros aliados de extrema-direita no novo governo de Netanyahu.
A Jordânia, guardiã da Al-Aqsa e do próprio acordo de paz com Israel, também criticou a visita: “A Jordânia condena nos termos mais severos a invasão da mesquita de Aqsa e a violação de sua santidade”, declarou o Ministério das Relações Exteriores jordaniano, acrescentando que a visita violou o direito internacional e “o status quo histórico e legal em Jerusalém”.
Um porta-voz do Hamas, grupo islâmico palestino que rejeita a coexistência com Israel, comentou assim a visita de Ben-Gvir: “A continuidade desse comportamento aproximará todas as partes de um grande conflito.”
O complexo de Al Aqsa, conhecido pelos muçulmanos como Nobre Santuário, é o terceiro local mais sagrado do Islã. É também o local mais sagrado do judaísmo, um vestígio de dois antigos templos da fé.
O advogado Itamar Ben-Gvir foi nomeado em dezembro ministro do governo liderado por Netanyahu. Ele defende a anexação por Israel da Cisjordânia, onde vivem 2,9 milhões de palestinos, asim como a expulsão de parte da população árabe de Israel.