Segurança Pública
Da paixão por bolsas de luxo a ‘juíza’ em tribunais do tráfico: como era vida de Bibi Perigosa
Presa após se esconder no Rio, Andreza Cristina Lima Leitão, de 31 anos, entrou para o crime, no RN, após o marido ser morto por bandidos rivais
Uma mulher discreta, mas que não abria mão de uma vida de luxo e que tinha voz ativa na facção criada pelo marido no Rio Grande do Norte para disputar terreno com uma quadrilha de São Paulo. Assim é descrita Andreza Cristina Lima Leitão, de 31 anos, presa neste domingo no Rio suspeita de ordenar uma série de ataques no estado potiguar em março deste ano. Conhecida como Bibi Criminosa, Patroa, Paulista e Cinderela, ela passou a atuar no tráfico em 2016, após seu então companheiro Elinaldo César da Silva, o Sardinha, ser morto por bandidos rivais.
Andreza agia com o irmão, José Alexandre Lima Leitão, o Espiga, atualmente preso. Ela tem voz ativa na tomada de decisões e ocupa uma posição no grupo chamado “palavra final”, composto pelos chefes da facção. São as pessoas responsáveis por tomadas de decisões em tribunais do tráfico, por exemplo, caso os bandidos que formam o “conselho” não consigam chegar a um consenso.
Descrita como uma pessoa “muito em off” por ser resguardada, Andreza não abria mão de manter a aparência sempre impecável. Megahair, unhas feitas, roupas da moda e sua grande paixão: as bolsas. No perfil que mantinha no Instagram — apagado após ter a prisão decretada — gostava de exibir sua coleção, formada por cerca de 15 modelos.
— Quando foi presa, em 2018, a grande preocupação dela era com as bolsas. Queria saber onde estavam, se alguém tinha pego. Naquela situação ali, na delegacia, e querendo saber de bolsas… — disse uma pessoa que conhece a traficante.
De acordo com essa pessoa, Andreza morava num edifício de alto padrão com o três filhos que teve com Sardinha:
— Ela gosta do que é bom. Se você olhar para ela antes, vai ver que hoje está transformada. Quando vi na televisão ela sendo presa, quase não reconheci.
Andreza tem uma condenação de 11 anos de tráfico e associação para o tráfico. Chegou a ficar presa e conseguiu ir para o regime semiaberto. Fugiu para o Rio com a ajuda de cúmplices. Ela ficou no Complexo da Penha, na Zona Norte da capital, mas com as operações realizadas pela polícia lá na semana passada, acabou indo para a Vila Kennedy, na Zona Oeste. Foi localizada num shopping em Campo Grande, também na Zona Oeste.
Para a pessoa que a conhece, Andreza deveria estar se sentindo muito segura no Rio:
— Nunca que ela iria estar ali, vulnerável daquele jeito, se não estivesse na certeza de que nada iria acontecer.
A traficante deve ser levada para o Rio Grande do Norte nos próximos dias. A policiais que a prenderam, Andreza negou ter cometido crimes e afirmou que se mantinha no Rio graças a uma mesada.
Ferida em ataque
O ataque em que Sardinha foi morto ocorreu na madrugada de setembro de 2016. Ele e Andreza saíam de uma boate no bairro Lagoa Nova, em Natal, quando bandidos rivais os surpreenderam.
Na ocasião, Andreza foi atingida numa das pernas após se jogar na frente do marido para tentar protegê-lo. Ela foi encaminhada para um hospital, mas deixou a unidade após recusar cuidados médicos.