Internacional
Alemanha estuda fim de testes obrigatórios para covid-19
Ministro da Saúde da Alemanha sugere quarentena obrigatória para viajantes que retornam de áreas de alto risco, em detrimento dos testes compulsórios. Testagem em massa sobrecarregou capacidade do país.
O governo alemão está avaliando suspender a obrigatoriedade de testes de covid-19 para viajantes chegados de zonas consideradas de risco. O ministro da Saúde Jens Spahn sugeriu, como alternativa, reimplementar uma quarentena compulsória de no mínimo cinco dias para esses casos.
Atualmente, as pessoas que chegam à Alemanha oriundas de áreas de alto risco devem apresentar evidências de teste negativo para covid-19 ou se submeter aos testes gratuitos – e compulsórios – na chegada ao país. As regiões de alto risco são catalogadas pelo Instituto Roberto Koch (RKI), a agência sanitária do governo alemão.
No entanto, essa política poderá ser substituída por uma quarentena obrigatória após o fim do período de férias de verão (hemisfério norte), afirmou Spahn após uma reunião com ministros estaduais da Saúde na segunda-feira (24/08). As autoridades relataram que os testes gratuitos para viajantes sobrecarregaram as capacidades sanitárias do país.
De acordo com a nova proposta, a quarentena obrigatória duraria pelo menos cinco dias, após os quais as pessoas poderiam realizar um teste e interromper o isolamento caso o resultado seja negativo. A decisão sobre a proposta deve ser divulgada na quinta-feira, após videoconferência da chanceler federal da Alemanha, Angela Merkel, com os governadores dos estados alemães.
Desde 8 de agosto, viajantes de áreas de alto risco são obrigados a realizar um teste para covid-19 na chegada à Alemanha
Recursos no limite
A capacidade de testes da Alemanha aparentemente foi esticada ao limite, desde que o governo introduziu em julho testes gratuitos para viajantes que retornavam de áreas de alto risco. Em 8 de agosto, o teste tornou-se obrigatório para quem retornava de áreas de alto risco.
“É evidente que se operarmos a todo vapor assim por semanas, teremos problemas de funcionários e abastecimento”, disse um porta-voz do Ministério da Saúde.
A chefe da conferencia dos ministros estaduais da Saúde, Dilek Kalayci, disse que o teste obrigatório nas entradas ao país esgotou a capacidade de Berlim. Laboratórios na Alemanha estão realizando atualmente cerca de 875 mil testes de coronavírus por semana, de acordo com o Ministério da Saúde.
Apesar do peso que isso representa para os centros de testagem, um número esmagador de alemães parece favorável à política de testes obrigatórios. De acordo a pesquisa Deutschlandtrend da emissora pública ARD, 93% da população considera que a medida de testes compulsórios é uma demanda sensata a ser imposta.
Aumento de casos
A Alemanha registrou um novo aumento de novos casos de covid-19. No fim de semana, o país computou mais de duas mil novas infecções num período de 24 horas – a maior taxa desde o final de abril. O aumento se deve principalmente ao retorno de viajantes.
Paralelamente, a cidade bávara de Rosenheim comunicou na segunda-feira a ocorrência de mais de 50 novas infecções por 100 mil habitantes durante sete dias consecutivos, justamente o limite estipulado pelo governo alemão para a implementação de medidas de confinamento regional. As autoridades municipais na região determinaram o endurecimento das restrições.
O aumento de novos casos fez com que o governador da Baviera, Markus Söder, pedisse uma abordagem mais unificada para conter a propagação da covid-19. Ele argumentou que os testes exigidos para viajantes retornando de áreas de alto risco foram impostos tardiamente e que essas áreas de alto risco deveriam ter sido designadas como tal muito antes.
“Se não houver uma estrutura vinculativa, haverá uma grande probabilidade de que não possamos mais evitar desenvolvimentos negativos em relação ao coronavírus”, disse Söder.
O governador bávaro também sugeriu um padrão nacional em relação a multas para pessoas que violarem as determinações de uso de máscaras e os limites do número de pessoas permitidas em aglomerações públicas ou encontros privados.