CIÊNCIA & TECNOLOGIA
Segurança torna-se catalisadora da transformação digital
Para a IDC, isolamento social melhorou postura das empresas em relação a cibersegurança, que passa a ganhar mais relevância nas estratégias de negócios
A segurança sempre foi uma prioridade para as empresas e, principalmente, para as áreas de TI. No entanto, a pandemia e o isolamento social fizeram com que, mais que prioridade, o tema se tornasse estratégico para que estas companhias pudessem continuar operando com equipes remotas.
O gerente de pesquisa e consultoria da IDC Latin America, Luciano Ramos, lembra que, mesmo prioritária, a segurança acabava cedendo orçamento para outras iniciativas mais operacionais e táticas. “Isso mudou durante a pandemia. As empresas perceberam que viabilizar as transformações que estão sendo forçadas a fazer nesse momento, sem os recursos de segurança adequados, traz um risco enorme, podendo até mesmo comprometer questões de imagem”, explica.
Isso ocorre especialmente nas áreas de conectividade, aplicações e dados, que ganharam bastante relevância neste momento em que as companhias estão sendo forçadas a fazer as implementações de segurança necessárias para continuar operando. Esse movimento tornou as tecnologias de cibersegurança em elementos intrínsecos dos processos de negócios.
Luciano Saboia, gerente de pesquisa e consultoria para a área de telecomunicações da IDC Brasil, reforça que a pandemia levou os CIOs a se depararem com uma arquitetura de rede fora de seu domínio tradicional. “Há mais pessoas colaborando de fora do escritório e isso trouxe um desenho que aumenta a vulnerabilidade. Esse momento acabou forçando a agenda”, diz.
Um levantamento realizado pela IDC confirma esta mudança. Em 2018, a segurança era considerada uma iniciativa estratégica para 44,8% das empresas pesquisadas. Esse percentual sobe para 51% em 2019 e, este ano, chega a 59,7%. O mesmo estudo aponta a intenção de investimentos em serviços de segurança: 48% das pequenas empresas, 47% das médias e 66% das grandes companhias.
“Como consequência disso, vemos uma melhora geral na postura das empresas, criando um ambiente que permite que a segurança permeie essa visão estratégica e participe muito mais ativamente de vários processos de negócio”, afirma Ramos. Essa nova postura inclui contar com o apoio mais constante de provedores especializados que possam acelerar essa transformação, aportando conhecimento e melhores práticas e suprindo o gap de capacidades técnicas que muitas empresas enfrentam.
Ramos destaca ainda que estas mudanças são permanentes. “Boa parte do que está acontecendo agora já estava na pauta, só não havia a prioridade que a crise trouxe. Além disso, as mudanças serão permanentes porque já foram entendidas como benéficas para os negócios e isso em qualquer cenário”, atesta.
Aqui Ramos cita um outro estudo feito pela IDC com 880 empresas de todo o mundo. Antes da pandemia, ele indicava que 38% das empresas pesquisadas não tinham nenhuma capacidade de home office. A pergunta foi feita às mesmas companhias mais recentemente e somente 2% delas disseram que não terão capacidades de home office. “Isso acontece porque as empresas perceberam que funciona, que o colaborador fica mais satisfeito e que isso reduz custos”, afirma.
A mudança inclui também a relação com fornecedores, com alguns – como os provedores de telecomunicações – ganhando mais confiança, destaca Saboia. Ele lembra que, mesmo passando por uma situação nunca vista antes, as operadoras estão garantindo que a sociedade permaneça conectada. Mais que isso, muito do que era entendido como commodity acabou se destacando enormemente. “Em cinco meses todos pudemos contar com estes serviços, que funcionaram muito bem. Isso credencia as operadoras para irem muito além da conectividade, adicionando outras soluções como serviços gerenciados, segurança, etc. O setor ganhou mais relevância”, conclui.