Internacional
Um quinto dos pacientes internados com covid-19 na Alemanha morreu, mostra estudo
Dados referem-se a 10 mil doentes atendidos do fim de fevereiro a meados de abril. Entre os internados que necessitaram ventilação mecânica, a taxa de mortalidade foi de 53%.
Estudo alemão divulgado nesta quarta-feira (29/07) revela que morreram 22% dos pacientes com covid-19 internados em hospitais do país entre fim de fevereiro e meados de abril. A pesquisa, que ajuda a traçar o perfil das internações por covid-19 no país, foi realizada pelo Instituto Científico da caixa de saúde pública AOK (WIdO), a Associação Interdisciplinar Alemã de Terapia Intensiva e Emergência e a Universidade Técnica de Berlim.
Cerca de 17% dos internados precisaram de ventilação mecânica, em pouco mais de três quartos dos caos, por método invasivo. Entre os ventilados, a taxa de mortalidade foi de 53%, contra 16% entre os demais. A idade média geral dos pacientes que morreram era de 68 anos.
A taxa de mortalidade é maior entre os homens (25%) do que entre as mulheres (19%). Entre os pacientes masculinos, 22% foram submetidos a ventilação artificial – quase o dobro das mulheres (12%). A mortalidade foi especialmente alta entre os idosos, com 27% dos óbitos na faixa etária de 70 a 79 anos, e 38% a partir de 80 anos.
Para o estudo, foram avaliados dados de 10.021 pacientes com diagnóstico confirmado de covid-19, internados em 920 hospitais alemães entre 26 de fevereiro e 19 de abril de 2020. Todos eram segurados da caixa de saúde AOK, que atende cerca de um terço da população alemã. Os resultados foram publicados na revista internacional especializada The Lancet Respiratory Medicine.
Dos pacientes que necessitaram de respiradores artificiais, 62% apresentaram de pressão alta, 39% de diabetes, 43% de arritmias cardíacas, 24% de insuficiência renal, 19% de doença pulmonar crônica, e 13% eram obesos. No caso de alguns desses sintomas, no entanto, não é possível determinar se eram pré-existentes ou se se desenvolveram no decorres das internações, explica Reinhard Busse, da Universidade Técnica de Berlim.
“As altas taxas de mortalidade deixam claro que um número relativamente alto de pacientes com evolução muito grave da doença foi tratado nos hospitais. Essa gravidade tende a afetar os mais velhos ou que já têm problemas de saúde, mas também ocorre em pacientes mais jovens”, diz Jürgen Klauber, diretor administrativo da WIdO.
No total, o tempo médio de internação foi de 14 dias, sendo 12 dias entre os não ventilados e de 25 dias entre os ventilados. Metade destes esteve no respirador por mais de dez dias, e 23% por mais de 21 dias.
De acordo com o Instituto Robert Koch (RKI), responsável pela prevenção e controle de doenças na Alemanha, o país tem 206.926 casos confirmados de covid-19 e 9.128 mortes.
O número de mortes em decorrência do novo coronavírus na Alemanha é menor do que em países vizinhos com número semelhante de contágios. Além disso, não houve uma sobrecarga do sistema de saúde no auge do surto de covid-19, como em outras nações europeias. A Alemanha chegou a receber pacientes da Itália, Espanha e França, as quais sofriam falta de leitos e de respiradores.
Entre os motivos para tal está a grande capacidade dos hospitais alemães. Segundo cálculos da Organização para Cooperação e Desenvolvimento Econômico (OCDE), o número de vagas é o dobro do da França, e quase quatro vezes o da Itália ou da Espanha.