Internacional
Escolas alemãs retomam aulas sob a sombra da pandemia
Mecklemburgo-Pomerânia Ocidental é o primeiro estado a reabrir integralmente as escolas desde março. Inicialmente, alunos não terão que usar máscara, mas outros estados pretendem impor uso compulsório da proteção facial.
Mecklemburgo-Pomerânia Ocidental se tornou nesta segunda-feira (08/03) o primeiro estado alemão a iniciar o novo ano letivo em meio à pandemia. Pela primeira vez desde o fechamento das escolas em meados de março por causa do coronavírus, todos os 152.700 alunos do estado voltaram ao ritmo normal das aulas.
O caso desse estado com uma população reduzida vem sendo acompanhado pelo resto do país como um projeto piloto. Nem todos os estados alemães iniciam o ano letivo na mesma data após as férias de verão do Hemisfério Norte.
Para reduzir o risco de infecção nas 563 escolas do estado, os alunos foram divididos em grupos fixos com várias turmas, que não devem se encontrar nas dependências da escola. A ideia é que se ocorrer uma infecção, apenas um subgrupo precisará ser isolado, em vez de todas a escola.
Dentro de cada turma não há regras de distanciamento social e, inicialmente, não há exigência de uso de máscaras. Mas, isso pode vir a mudar em breve.
A secretaria de Educação de Mecklemburgo-Pomerânia Ocidental, Bettina Martin, anunciou em entrevista à rádio RBB-Inforadio que pretende apresentar ainda nesta semana uma proposta que obriga o uso de máscaras nas escolas.
Outras regras incluem instruções para não tocar corrimões de escadas e para lavar as mãos com regularidade.
O estado localizado no extremo nordeste da Alemanha exibe a menor taxa de infecções por coronavírus no país, e Martin quer que isso continue desta forma. “Acho bom adotarmos o caminho mais seguro”, disse.
Vários estados alemães introduziram o uso compulsório de máscaras nas escolas. O estado mais populoso da Alemanha, a Renânia do Norte-Vestfália, anunciou o uso obrigatório de máscaras em todas as escolas secundárias e profissionalizantes quando as aulas forem retomadas, em 11 de agosto. A regra vale inicialmente até 31 de agosto. Já nas escolas primárias, as crianças estarão livres do uso de máscara caso elas se sentarem em lugares fixos na sala de aula.
Berlim, Baviera, Baden-Württemberg e Hamburgo também anunciaram a implementação do uso obrigatório de máscaras nas dependências das escolas, mas não nas salas de aula. Nestes estados também valem as determinações de distanciamento. Em Hessen e na Saxônia, a imposição ou não do uso de máscaras fica a critério das escolas.
O governo federal saudou os planos dos estados federais de introduzir a obrigação de proteção bucal e nasal nas escolas. “Essa exigência de uso de máscara parece uma consideração razoável”, disse a porta-voz do governo Ulrike Demmer, nesta segunda-feira (03/08), em Berlim.
O novo ano letivo será iniciado em Hamburgo na quinta-feira, enquanto nos estados de Berlim, Brandemburgo, Schleswig-Holstein e Renânia do Norte-Vestfália as aulas começam na próxima semana.
Segundo dados do Instituto Robert Koch (RKI), a Alemanha registrou 210.402 casos de infecções e 9.148 mortes relacionadas à contração da covid-19. No final de julho, os números de casos diários voltaram a subir na Alemanha, especialmente na Renânia do Norte-Vestfália, na Baviera e em Baden-Württemberg.
O presidente do RKI, Lothar Wieler, alertou que o país vinha mantendo estável o número de novos casos, com uma média diária de 300 a 500. Porém, nos últimos dias, essa tendência não se manteve. Neste sábado, o país registrou 955 novos casos – um nível que não era registrado desde o dia 9 de maio.
O aumento no número de casos é atribuído à negligência de parte da população em relação ás medidas de higiene e ao distanciamento social, segundo a avaliação de pesquisadores do RKI. Temendo surtos no país na volta das férias, o governo alemão anunciou na semana passada que pretende tornar obrigatório o teste do coronavírus para viajantes que retornem ao país vindos de territórios considerados de risco, como o Brasil ou os Estados Unidos.