Educação & Cultura
NEUROCIÊNCIAS E EDUCAÇÃO: ENTENDA OS BENEFÍCIOS DESSA JUNÇÃO
Você sabe qual é a importância da neurociência para o campo educativo? Os processos de aprendizagem, que são o foco da educação, devem servir para modificar o comportamento dos alunos, de forma que eles aprendam ou desenvolvam habilidades e competências.
No entanto, para que o ensino individualizado ocorra positivamente, é fundamental estimular a mente, o que envolve trabalhar a capacidade de atenção, memória, foco, associação de ideias, entre muitos outros. Dessa maneira, ao compreender como o cérebro, de fato, funciona, fica muito mais simples criar estratégias didáticas para a sala de aula que sejam, de fato, eficazes para os estudantes.
Pensando nisso, convidamos Virgínia Chaves, Gerente de Capacitação e Treinamento da equipe pedagógica da Plataforma de Ensino Eleva, mestre e PhD na área de Neurociências pela UFRJ, para explicar melhor sobre a junção entre neurociências e educação. Confira a seguir!
O que você vai encontrar nesse artigo:
- O que é a neurociência e qual a sua importância?
- Qual é a relação da neurociência com a educação?
- Como a neurociência pode ser usada em favor da educação?
- Como a tecnologia auxilia na união entre neurociência e educação?
O que é a neurociência e qual a sua importância?
A neurociência é um conjunto de ciências que englobam todas as áreas que estudam, de alguma maneira, o funcionamento do cérebro e da mente humana. De acordo com Virgínia, é importante realizar a separação de cada área do conhecimento e conhecê-las individualmente, pois não existe processo de aprendizagem que não seja mediado pelo cérebro.
No campo da neurociência, tanto a mente quanto o cérebro são desdobramentos do sistema nervoso. Como explica Virgínia, as pessoas passam uma vida inteira direcionando o foco para a memorização de conceitos como uma forma de ensino, No entanto, atualmente, o objetivo é desenvolver habilidades e competências nos estudantes.
A neurociência é dividida em diversas subáreas, como a Neurociência Molecular, a Neurobiologia, Neurociência Cognitiva, entre outras. Cada uma contribui, de alguma maneira, para a educação. Sendo assim, Virgínia afirma que o conhecimento é de extrema importância para as escolas, pois é por meio da neurociência que é possível compreender como ocorrem as funções executivas do cérebro e como eles podem facilitar a personalização do ensino.
Qual é a relação da neurociência com a educação?
A neurociência exemplifica como os neurônios funcionam e atuam no sistema nervoso, formando um componente biológico que é a base de todos os processos de formação da memória. Com isso, Virgínia diz que a principal relação da neurociência com a educação é, justamente, como o sistema nervoso cria e modifica os comportamentos nos alunos.
Por meio do conhecimento, é possível entender, por exemplo, quais ondas cerebrais são estimuladas com cada tipo de atividade em sala de aula. Isso é bastante relevante para confirmar quais são as metodologias ativas que mais funcionam e atingem seus objetivos como estratégia pedagógica.
Virgínia ainda relata que existem estudos relacionados à motivação e ao engajamento, que influenciam diretamente o processo de aprendizagem e a atuação dos professores nas aulas. Isso porque a neurociência e suas subáreas explicam como o cérebro aceita o ensino das diferentes disciplinas e como reage às associações de ideias e às fórmulas mais complexas.
Para além de uma cartilha de práticas didáticas, como cita Virgínia, a neurociência exige que os educadores readaptem suas aulas, refaçam seus planejamentos e insiram contextos baseados em conhecimentos que vão, de alguma maneira, otimizar a aprendizagem dos alunos.
Como a neurociência pode ser usada em favor da educação?
Ao invés de simplesmente trazer práticas pedagógicas para dentro da sala de aula, na verdade a neurociência se baseia em experimentos e dados científicos para direcionar as atividades escolares. Virgínia comenta que, a depender do tipo de disciplina ensinada, as abordagens podem ser diferentes, sempre com o intuito de transformar as aulas para que sejam eficientes em seu propósito.
Dessa forma, os inúmeros aspectos da emoção que influenciam o processo de ensino, como a memória e a atenção, também são vistos pela neurociência como uma ampla gama de possibilidades para o aperfeiçoamento em sala de aula. Assim, Virgínia cita que tanto os professores quanto os alunos podem se beneficiar da neurociência para facilitar o estudo e a maneira como se comportam nas aulas.
A teoria de resposta ao item, por exemplo, é uma metodologia adotada para a correção do Enem que permite identificar se os acertos dos alunos realmente refletem o seu nível de conhecimento. Esse formato de avaliação tem relação com o conceito de neurociência ao possibilitar índices e métricas mais precisas sobre a aprendizagem.
Virgínia ainda destaca que um fator extremamente fundamental é a capacitação dos educadores em relação às aplicações da neurociência na educação. A doutora recomenda que os agentes escolares passem por um processo de assessoria ou consultoria para garantir uma formação baseada em dados científicos e condizentes com a realidade de cada contexto educacional.
Como a tecnologia auxilia na união entre neurociência e educação?
A tecnologia, como ferramenta de motivação e engajamento, é uma estratégia cada vez mais utilizada nas instituições escolares e pode ser, justamente, o catalisador para a junção da neurociência e do processo educativo. No entanto, a tecnologia, sozinha, não consegue oferecer resultados sem contar com o auxílio de um bom planejamento pedagógico e docente.
Virgínia comenta que existem, atualmente, diversos tipos de tecnologias capazes de trazer maior personalização para a sala de aula. É o caso, por exemplo, da gamificação na educação, que utiliza de jogos digitais para incentivar e estimular os alunos nas diferentes disciplinas. Além disso, as ferramentas tecnológicas também facilitam a criação de projetos inovadores na escola, dando muito mais significado às práticas pedagógicas.
Virgínia, ao finalizar a entrevista, ainda diz que sem a adequada mediação dos professores pode ser difícil alcançar o propósito da tecnologia nas aulas. Por isso, é tão fundamental que a coordenação de ensino busque sempre incentivar a formação continuada do corpo docente para beneficiar tanto os educadores quanto os estudantes.
A junção entre neurociências e educação é, de fato, um reflexo da transformação digital na escola. Nos últimos anos, com a evolução da ciência e dos experimentos em sala de aula, o processo de aprendizagem tem recebido contribuições importantes para o aperfeiçoamento do ensino como um todo, sendo cada vez mais significativo, moderno e inovador.
Porvir