AGRICULTURA & PECUÁRIA
Mercado de Grãos: Entenda como queda recente do dólar pode impactar o produtor rural
O economista chefe da Federação da Agricultura do Rio Grande do Sul (Farsul), Antonio da Luz, avalia que a única certeza para o câmbio atualmente é a volatilidade
Na última semana, o dólar registrou recuo de mais mais de 3% e chegou a operar abaixo de R$ 5,25, menor patamar em cerca de um mês. A retomada da agenda de reformas com o envio da proposta de reforma administrativa melhorou a percepção de risco fiscal do país e impulsionou a desvalorização da moeda americana.
O economista chefe da Federação da Agricultura do Rio Grande do Sul (Farsul), Antonio da Luz, avalia que a única certeza para o câmbio atualmente é a volatilidade. Porém, ele elogia o envio da Reforma Administrativa pelo Governo Federal, pois “ela enfrenta o problema fiscal do lado correto, que é no enxugamento do gasto. Não há dúvidas que isso melhora o ambiente econômico brasileiro e a perspectiva para a economia brasileira melhora muito. O que valoriza o real frente ao dólar e as demais moedas”, analisa.
Impacto nos preços
De acordo com o economista, os preços agropecuários estão com predomínio de fundamentos em comparação com a taxa de câmbio “Nós temos umas predominância da escassez, ou seja, falta grãos aqui no Brasil. Não entrou a safra americana. E talvez, inclusive, ela não seja tudo isso”, avalia.
Antonio da Luz projeta que os preços das commodities podem seguir em alta, apesar do câmbio “Os preços lá fora estão subindo em dólares. Então, imagino que neste momento e nas próximas semanas nós teremos um aumento dos preços, apesar da taxa de câmbio mais baixa. Porque o predomínio da escassez é maior do que essa queda que houve da taxa de câmbio”, estima.
Impacto nos custos
Luz avalia que o mercado de commodities agrícolas produzidas pelo Brasil está “extremamente pendurado na taxa de câmbio” e que isso pode levar a uma falta de competitividade mais a frente. “Com esse aumento da taxa de câmbio, aumentou o preço das commodities e trouxe um novo patamar para elas. Eu não diria que é artificial, mas é uma realidade cuja base é frágil”, explica.
Segundo o economista, caso o dólar recue, os preços das commodities tendem a cair de maneira conjunta, porém, os custos não baixam na mesma proporção. Portanto, a inflação de custos é preocupante, pois o mercado de insumos tem pouca competição, e é ela que tira a rentabilidade do produtor, segundo da Luz.
Por fim, a Farsul divulgou recentemente dados que apontam que os custos aumentaram 150% nos últimos 10 anos no Rio Grande do Sul até a safra 2018/2019. Em relação à safra 2019/2020, a estimativa atual da federação, considerando dados preliminares, é de que os custos podem ter subido entre 5% e 10% a depender da cultura.