Internacional
Eleição local confirma crescimento dos verdes na Alemanha
Pleito no estado mais populoso alemão tem partido de Merkel como mais votado, mas mostra ascensão da legenda ambientalista. Votação é considerada termômetro para política do país, que em 2021 escolherá novo chanceler
Os eleitores do estado mais populoso da Alemanha, a Renânia do Norte-Vestfália, foram às urnas no domingo (13/09), em eleições municipais que confirmaram algumas tendências: o partido da chanceler federal Angela Merkel segue forte, o Partido Verde está em ascensão, e os social-democratas continuam seu declínio.
A conservadora União Democrata Cristã (CDU) obteve, no cômputo geral de votos, 3,2 pontos menos que no pleito estadual de 2014, mas se manteve como o partido mais popular no estado, com 34,3% de apoio nas urnas.
O Partido Social-Democrata (SPD), que tem na região oeste da Alemanha um bastião eleitoral histórico, enfrentou mais um duro revés. A legenda, que já havia perdido o governo estadual para a CDU de Merkel em 2017, caiu de 31,3% para 24,3%.
Já o Partido Verde praticamente dobrou sua votação: a legenda ambientalista saltou dos 11,8% de 2014 para 20% neste ano, confirmando uma tendência em nível nacional.
No ano passado, nas eleições para o Parlamento Europeu, em que todos os eleitores alemães estavam aptos a votar, os verdes obtiveram mais de 20% dos votos. Foi o melhor resultado em nível nacional da legenda, que saiu então como segunda força da política alemã.
O partido populista de direita Alternativa para a Alemanha (AfD) ganhou 6% dos votos, um crescimento em relação aos 2,6% de 2014.
Termômetro para eleição nacional
Mais de 14 milhões de eleitores estavam convocados a votar, e cerca de 50% compareceram. As eleições foram as mais importantes do ano na Alemanha e são consideradas um termômetro para a política nacional. No ano que vem, o país terá eleições legislativas, e Merkel já anunciou que não tentará um novo mandato como chanceler federal.
Um dos aspirantes a sucessor de Merkel na CDU é justamente o governador da Renânia do Norte-Vestfália, Armin Laschet. Ele festejou o resultado do partido como uma validação da moderação adotada pelo seu governo durante a pandemia.
Laschet foi um dos principais defensores de relaxar as restrições sociais durante a pandemia e enfrentou críticas por isso. Muitos políticos conservadores adotaram uma abordagem mais cautelosa em outros estados, como Markus Söder, governador da Baviera e também aspirante a suceder Merkel.
Os social-democratas, parceiros de coalizão de Merkel no governo nacional, aparentemente não colheram frutos do recente anúncio de Olaf Scholz, atual vice de Merkel e ministro das Finanças, como seu candidato em 2021. Seus líderes declararam os resultados uma decepção, mas minimizaram seu significado.
Desde 2013, o SPD governa em “grandes coalizões” com o bloco conservador formado pela CDU de Merkel e pela União Social Cristã, ramificação bávara dos conservadores.
Mas depois de um resultado historicamente baixo nas eleições gerais de 2017, quando o partido obteve apenas 20,5% dos votos nacionais, houve uma intensa pressão da base de membros do partido para não unir forças com Merkel mais uma vez.
Foi somente após o colapso das negociações de Merkel com os liberais do partido FDP e o Partido Verde, no final de 2017, que a liderança do SPD optou por ajudar a chanceler a formar um novo governo. Para críticos, os anos passados à sombra de Merkel prejudicaram a legenda.