ECONOMIA
Ibovespa vira para queda pressionado por commodities e se descola do exterior; dólar zera perdas
Mercado registra desempenho negativo na esteira de um pregão bastante volátil por conta das preocupações com o fiscal
O Ibovespa vira para queda nesta terça-feira (8) enquanto as bolsas americanas seguem com leves altas. Por aqui, quem puxa o desempenho negativo são as ações de empresas ligadas a commodities como Petrobras (PETR3; PETR4) e Vale (VALE3), que juntas respondem por 23,4% da carteira teórica do índice, recuando respectivamente 1,9% e 1%.
As ações de bancos, que antes animavam os investidores, agora também viram para baixa. Itaú Unibanco (ITUB4), Bradesco (BBDC3; BBDC4) e Banco do Brasil (BBAS3) têm quedas entre 0,1% e 1,7%. Juntos, os papéis dessas três empresas representam 15,9% da carteira teórica do índice.
Segundo a equipe da XP Política, circula no mercado uma informação de que estaria sendo votado no Congresso a ampliação do período de calamidade e do auxílio emergencial. No entanto, em Brasília nada disso estaria sendo votado.
“As poucas discussões – por ora – são do relatório [do senador, Márcio] Bittar (MDB-AC) [sobre a Proposta de Emenda à Constituição (PEC) Emergencial], que ainda aparentemente não chegou para todos os senadores, e das candidaturas [à presidência] de Câmara e Senado”, escreve a XP Política.
O líder do governo, deputado Ricardo Barros (PP-PR), disse à XP Política que “não tem nada [sobre ampliar a calamidade], e não vai ter nada.”
No final da tarde de ontem tanto o Ministério da Economia, quanto o relator da Proposta de Emenda à Constituição (PEC) Emergencial, Márcio Bittar (MDB-AC), negaram a informação divulgada pelo Broadcast de que a PEC colocaria despesas fora do teto de gastos, notícia que afetou os ativos na reta final do pregão.
Às 15h11 (horário de Brasília), o Ibovespa tinha queda de 0,26%, aos 113.298 pontos.
Enquanto isso, o dólar comercial operava com leve variação negativa de 0,02% a R$ 5,1181 na compra e a R$ 5,1191 na venda. O dólar futuro com vencimento em janeiro de 2021 sobe 0,25%, a R$ 5,112.
Lá fora, mais de 14,8 milhões de casos de Covid-19 foram confirmados nos Estados Unidos e a taxa diária de novas infecções está em sua máxima histórica. Por conta dessa segunda onda estados como Nova York estão reforçando suas medidas de isolamento social e podem até novamente proibir alimentação presencial em restaurantes fechados.
Enquanto isso, o Reino Unido iniciou hoje sua campanha de vacinação usando a profilaxia desenvolvida pela Pfizer e pela BioNTech.
Os investidores seguem à espera de um acordo entre republicanos e democratas no Congresso dos EUA para um pacote de estímulos de US$ 908 bilhões contra os impactos econômicos da pandemia. Apesar da dificuldade em passar a proposta, cada vez mais crescem as apostas de que um acordo sobre o tema saia antes que o ano acabe.
Entre os indicadores, o Índice Nacional de Preços ao Consumidor Amplo (IPCA) subiu 0,89% em novembro na comparação com outubro, mostrou o Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE). Esse é o maior resultado para um mês de novembro desde 2015, quando o indicador foi de 1,01%.
A expectativa era de alta de 0,78% na base mensal, segundo estimativa mediana em pesquisa Bloomberg, contra 0,86% na leitura anterior.
Apesar do aumento da inflação, no mercado de juros futuros, o DI para janeiro de 2022 cai dois pontos-base a 3,05%, o DI para janeiro de 2023 tem queda de um ponto-base a 4,46%, o DI para janeiro de 2025 recua três pontos-base a 6,11% e o DI para janeiro de 2027 registra variação negativa de três pontos-base a 6,93%.
Os juros refletem mais um leilão bem sucedido do Tesouro Nacional, que vendeu 1,1 milhão de NTN-B. A demanda pelas NTN-B com vencimento em 2030 revelaram que papéis de dez anos ainda atraem os investidores apesar da relação dívida bruta em relação ao Produto Interno Bruto (PIB) do Brasil esteja próxima de 95%.
As grandes emissões de títulos parecem dar garantias quanto à necessidade de refinanciamento da dívida pública no primeiro quadrimestre do ano que vem, afirmou Paulo Nepomuceno, trader de mesa de derivativos e renda fixa da Terra Investimentos à Bloomberg.