Politíca
82% dos professores tiveram aumento de jornada sem reajuste na remuneração na pandemia
Durante a pandemia do novo coronavírus a maioria dos professores precisou adotar o ensino remoto para dar aula neste período e para 82% dos educadores, a modalidade aumenta a jornada de trabalho, apesar de não ter reajuste na remuneração. Os dados são de um Grupo de Estudos sobre a Política Educacional da Universidade Federal de Minas Gerais e a Confederação Nacional dos Trabalhadores em Educação (CNTE). No Dia Nacional do Piso Salarial dos Professores, celebrado nesta terça-feira (23), o deputado federal Pedro Cunha Lima (PSDB) ressalta a desvalorização com a classe neste momento de pandemia do novo coronavírus.
“É fundamental a valorização através do salário, isso é algo que já tenho alertado há muito tempo. Mas é necessário também um amparo para as demais questões trazidas com a pandemia do coronavírus, como prioridade na vacina e o cuidado com a saúde mental desses profissionais. Além de ter um dos piores salários entre os países, os professores do Brasil têm trabalhado mais do que antes”, aponta.
De acordo com pesquisa feita pela Organização para Cooperação e Desenvolvimento Econômico (OCDE) em 46 países, a média salarial brasileira é 13% inferior à média da América Latina. Em comparação aos países ricos a diferença é maior ainda: o professor brasileiro do ensino médio ganha por ano o que seria equivalente a U$S 25.966, enquanto a média praticada pelos membros da OCDE é de U$S 49.778.
O estudo da CNTE apontou ainda que 53,6% dos professores das redes municipais de ensino do país não receberam nenhum tipo de formação para uso de tecnologias digitais. Para Pedro, além do desamparo financeiro, falta assistência e capacitação para os docentes. “A valorização da educação está totalmente ligada à valorização do professor. Há um descaso em muitos aspectos e essa pandemia escancarou o que já se falava antes”, critica.
O parlamentar relembrou a Proposta de Emenda à Constituição da Nova Educação (PEC 20/2015), de sua autoria, que institui o Magistério Público Nacional. O projeto determina o estabelecimento de uma carreira nacional para o professor. O cargo mais alto do Magistério receberia o teto salarial do serviço público, e a estrutura de cargos e salários seria desenhada a partir dessa premissa.
“Enquanto não houver a consciência do valor do professor em nossa sociedade, esse cenário não mudará e por causa dessa desvalorização, sofreremos no futuro pela falta de docentes. O resultado disso será mais atraso na Educação, menos condições de renda para o professor e menos desenvolvimento para o país”, aponta.