ECONOMIA
Produtores rurais não sentem o impacto da pandemia e mantêm investimentos
Pesquisa montra que 64% dos produtores rurais acreditam que a pandemia teve um baixo impacto nas atividades de produção, e 68% sobre seus negócios. Diante disso, 78% mantiveram seus planos de investimento, enquanto 86% deles não fizeram alterações na gestão de seus imóveis durante a crise de saúde (lembrando que a pesquisa aplicou questões de múltipla escolha).
Esses e outros dados foram apresentados na manhã desta terça-feira (25), na 8ª Pesquisa Hábitos do Produtor Rural da Associação Brasileira de Marketing Rural e Agronegócio (ABMRA), elaborada pela IHS Markit. Apesar da Covid-19, o setor produtivo não parou e o agronegócio segue colocando alimentos na mesa, além de manter o ritmo de produção, distribuição e exportação.
O webinar apresentou uma pequena amostra de uma grande biblioteca de informações obtidas com a pesquisa. “Trata-se não apenas da pesquisa mais completa do perfil, hábitos de compra, envolvimento de tecnologia e preferências de mídia dos produtores rurais, mas a única realizada durante a pandemia que mostra, com extrema confiabilidade, como o produtor rural se conecta, por qual meio e quando, por tipo de atividade (pecuária ou agricultura), estado e preferências de comunicação”, ressalta Jorge Espanha, presidente da ABMRA.
De acordo com o vice-presidente da ABMRA e coordenador geral da Pesquisa, foram 20 meses de pesquisa entre homens e mulheres (com poder de decisão, de propriedades de pequeno, médio e grande portes) em 16 estados brasileiros, abrangendo 14 culturas agrícolas e 4 atividades animais. Foram 273 perguntas, divididas em 31 blocos de assunto, o que rendeu 3048 entrevistas in loco, respeitando as restrições da Covid-19.
Cada entrevista com os produtores teve duração média de 1h30min. “A 8ª Pesquisa Hábitos do Produtor Rural é a mais completa já realizada pela ABMRA. Foram mais de 4.500 horas de entrevistas. Todas presenciais e realizadas com os necessários protocolos de saúde e segurança para as pessoas. O resultado é um volume impressionante de informações e dados que contribuem para as empresas tomarem as decisões mais assertivas em termos de estratégia de comunicação e marketing”, explica Nicodemos.
Conectividade
Segundo o diretor da IHS Markit, Marcelo Claudino, houve um avanço das ferramentas de comunicação no campo, pois 94% dos produtores têm smartphone (em 2017 eram 61%). Outro ponto importante é a maior oferta de internet no meio rural, disponível para 91% dos pecuaristas e 88% para os agricultores (em 2017 eram 35% e 46%, respectivamente).
É interessante observar que o produtor notou melhora em como a sua imagem é vista, perante a população urbana, após a pandemia, passando de 31% para 46%. Apesar da melhora, 54% dos produtores ainda acreditam que a sua imagem é regular ou péssima.
Entre os meios de comunicação tradicionais, a tv aberta continua sendo o meio mais utilizado entre os produtores para se manter atualizado, seguida por rádio, tv especializada, jornal e revista. A pesquisa mostra que grande maioria (99%) possui um smartphone e 1% tem 2 aparelhos, e que 90% dos produtores tem acesso a alguma rede social.
Presença feminina
A presença da mulher ganha cada vez mais espaço no campo, a pesquisa mostra que em postos de gestão e em determinadas atividades produtivas, elas representam 26% dos cargos de decisão e comando, ou seja, ¼ das propriedades rural tem pelo menos uma mulher auxiliando nas decisões, dentro desse número 49% diz ser vital, 45% muito importante. Pensando que cada região do país possui características próprias, podemos fazer diferentes comparativos, por exemplo, no Rio Grande do Sul, categoria pecuária e leite, ela alcança 88%; em contrapartida, em Minas Gerais, na categoria soja, apenas 2% das mulheres participam das decisões.
Importante ressaltar que somente as empresas cotistas têm acesso à pesquisa completa e podem fazer centenas de milhares de tabulações pelo software exclusivo, que permite filtrar por diversos indicadores, detalhando as buscas e chegando às informações com alto grau de confiabilidade.