Educação & Cultura
Bolsonaro e o Acordo de Chamberlain
A fracassada política de apaziguamento que levou à Segunda Guerra Mundial
Por: Rose Rocha
Em 7 de março de 1936, Hitler deu início à execução de seu plano ditatorial e de expansão territorial na Europa, entrando com o exército alemão em Rhineland, região na fronteira entre a Alemanha e a França e que não poderia ser militarizada. O rearmamento da Alemanha foi duramente criticado pela França, que solicitou ao Reino Unido, uma intervenção armada. O pedido foi recusado pelo primeiro-ministro britânico da época, Stanley Baldwin, que achou normal a situação. Os generais alemães temiam o ataque, mas Hitler os chamou de fracos e covardes e seguiu desafiando os aliados.
A omissão da França e Inglaterra fez Hitler avançar mais um passo rumo ao plano de poder e em março de 1938, anexava a Áustria à Alemanha. O movimento agressivo fora mais uma vez ignorado por ingleses e franceses, que contestaram, mas não se opuseram.
Ao mesmo tempo em que avançava sobre os territórios, Hitler ignorava o Tratado de Versalhes, acordo assinado pelos alemães após a Primeira Guerra Mundial, que proibia o país de ter mais de 100 mil militares. Contudo, a construção de aviões, submarinos, bombardeiros e peças de artilharia seguia em plena expansão. Os aliados fizeram vista grossa.
No mesmo ano, o líder nazista voltou-se para a Tchecoslováquia, país que fazia fronteira com a Alemanha e pressionou o governo exigindo que cedesse o território dos Sudetos, formado pela população étnico-germânica que vivia na divisa. Devido à tensão, Reino Unido, França, Itália e Alemanha reuniram-se na Conferência de Munique, a fim de resolver o impasse.
Na reunião estavam Adolf Hitler, Benito Mussolini, Édouard Daladier e Neville Chamberlain, primeiro-ministro britânico desde 1937. Chamberlain defendia a política de apaziguamento e achava que, se cedesse a Hitler alguns territórios, o mesmo ficaria satisfeito e cessaria as invasões.
Os tchecos foram mantidos fora das negociações e britânicos e franceses concordaram em ceder os Sudetos aos alemães. Em troca, Hitler assinou um acordo conhecido como o “Tratado de Munique”, no qual garantira a Chamberlain que não iria fazer mais nenhuma exigência territorial na Tchecoslováquia.
Em setembro de 1938, Chamberlain volta para o Reino Unido e é recepcionado por dezenas de repórteres e fotógrafos no aeroporto de Londres. Acenou para a multidão com o papel, afirmando que a paz na Europa, finalmente, havia sido conquistada. Mas, em março de 1939, seis meses após Hitler ter assinado o acordo, o líder alemão ameaçou usar a Luftwaffe, força aérea alemã, para bombardear Praga, e em 15 de março, de 1939, a Alemanha invadia e anexava a metade oriental da Tchecoslováquia, ignorando qualquer acordo de paz. E mais uma vez, Inglaterra e França contestaram, mas não reagiram.
Com a certeza de ter carta branca da Inglaterra e França, Hitler avançou contra a Polônia. Ele sabia do pacto militar entre poloneses e britânicos, mas tinha a convicção de que não reagiriam, pois nunca o fizeram. Com essa certeza, em 1º de setembro de 1939, a Alemanha invade a Polônia, o que levaria o Reino Unido e a França a declararem guerra, três dias após a invasão. No dia 3 de setembro de 1939, teve início assim, a Segunda Guerra Mundial.
Tal passagem da história denota, não a necessidade da guerra, mas a omissão de líderes que não reagiram contra o avanço da tirania, que resultou em guerra.
Os constantes ataques às liberdades no Brasil, nos faz questionar, até quando? Não se trata de que lado a população está. Liberdade não tem cor, gênero, raça ou ideologia.
De repente encapuzaram a verdade e tudo mais fora permitido em nome de uma realidade paralela permissiva onde políticos omissos escolhem interesses próprios, enquanto enforcam a democracia, juízes aplicam a politicagem, enquanto violentam a justiça. A imprensa vende a credibilidade, enquanto assassina a ética.
Milhares de brasileiros foram às ruas com apenas uma palavra de ordem: Liberdade. Não queriam fechar as instituições, não ameaçaram políticos, apenas pediram que fossem respeitados os direitos já garantidos pela Constituição – democracia e liberdade de expressão.
A resposta à sociedade veio por meio da violação da Carta Magna do País, que resultou na perseguição de mais cidadãos por crimes de opinião. A mesma liberdade que falta à Bárbara, Roberto Jeferson, Alan dos Santos e aos milhares de brasileiros que apoiam o governo, sobra nas prateleiras da esquerda, onde militantes antibolsonaristas têm passe livre do judiciário para incitar a morte de um presidente da república, publicamente, e ficar impunes. Os algozes da livre expressão usam das mesmas técnicas dos inquisidores – tornar culpado um inocente para lhe roubar a liberdade e a vida.
O posicionamento pusilânime do Senado, representado por Rodrigo Pacheco, segue permitindo que a Constituição seja sacrificada pelos carrascos da liberdade. No entanto, cabe aos líderes políticos do Brasil, decidir se restabelecem o equilíbrio entre os poderes ou se continuam a recuar e se omitir, levando a nação ao inevitável confronto para defender os direitos constitucionais. Sem representantes.
Rose Rocha é jornalista e comentarista da Jovem Pan Maringá e Panflix. É produtora de TV e atuou como âncora dos telejornais da Band e Globo. É uma das vozes femininas com pensamento liberal-conservador no Brasil.