ECONOMIA
O que é Taxa Selic e como ela afeta seu dinheiro?
Ela aparece em investimentos, nos jornais, tem um papel importante na economia brasileira e afeta (muito!) sua vida financeira. Saiba mais sobre a Taxa Selic
A Selic, ou Taxa Selic, é a taxa básica de juros da economia. A cada 45 dias, ela vira notícia em todo o Brasil – seja por ter aumentado, diminuído ou se mantido estável após a reunião do Copom, o Comitê de Política Monetária do Banco Central.
Em fevereiro de 2022, por exemplo, a Selic ficou definida em 10,75% ao ano.
Abaixo, entenda o que o termo Taxa Selic significa e qual a importância dele no seu dia a dia.
O que é a Taxa Selic
Selic é a taxa básica de juros da economia brasileira. Basicamente, ela influencia todas as demais taxas de juros do Brasil, como as cobradas em empréstimos, financiamentos e até de retorno em aplicações financeiras.
Mas o que significa Selic?
Selic é a sigla para Sistema Especial de Liquidação e Custódia, um programa virtual em que os títulos do Tesouro Nacional são comprados e vendidos diariamente por instituições financeiras.
Além do Banco Central, apenas instituições financeiras têm autorização para negociar títulos nesse ambiente. Ou seja, pessoas comuns não têm acesso.
Já a Selic está ligada aos juros dos títulos públicos que o governo oferece neste sistema.
E quem decide o valor dessa taxa?
É o Copom, o Comitê de Política Monetária do Banco Central. Ele se reúne a cada 45 dias para definir se a Selic aumenta, diminui ou se mantém estável.
Qual é a Taxa Selic hoje?
A Taxa Selic hoje está em 10,75% ao ano. Ela foi definida no dia 2 de fevereiro de 2022 pelo Copom, que decidiu subir a taxa de 9,25% para 10,75%– a oitava alta consecutiva.
Veja na tabela abaixo o histórico mensal da Selic desde 2013 (arraste as colunas para o lado para ver a tabela completa). Para acessar os anos anteriores, clique aqui.
Mês/Ano | 2022 | 2021 | 2020 | 2019 | 2018 | 2017 | 2016 | 2015 | 2014 | 2013 |
Janeiro | 0,73% | 0,15% | 0,38% | 0,54% | 0,58% | 1,09% | 1,06% | 0,94% | 0,85% | 0,60% |
Fevereiro | – | 0,13% | 0,29% | 0,49% | 0,47% | 0,87% | 1,00% | 0,82% | 0,79% | 0,49% |
Março | – | 0,20% | 0,34% | 0,47% | 0,53% | 1,05% | 1,16% | 1,04% | 0,77% | 0,55% |
Abril | – | 0,21% | 0,28% | 0,52% | 0,52% | 0,79% | 1,06% | 0,95% | 0,82% | 0,61% |
Maio | – | 0,27% | 0,24% | 0,54% | 0,52% | 0,93% | 1,11% | 0,99% | 0,87% | 0,60% |
Junho | – | 0,31% | 0,21% | 0,47% | 0,52% | 0,81% | 1,16% | 1,07% | 0,82% | 0,61% |
Julho | – | 0,36% | 0,19% | 0,57% | 0,54% | 0,80% | 1,11% | 1,18% | 0,95% | 0,72% |
Agosto | – | 0,43% | 0,16% | 0,50% | 0,57% | 0,80% | 1,22% | 1,11% | 0,87% | 0,71% |
Setembro | – | 0,44% | 0,16% | 0,46% | 0,47% | 0,64% | 1,11% | 1,11% | 0,91% | 0,71% |
Outubro | – | 0,49% | 0,16% | 0,48% | 0,54% | 0,64% | 1,05% | 1,11% | 0,95% | 0,81% |
Novembro | – | 0,59% | 0,15% | 0,38% | 0,49% | 0,57% | 1,04% | 1,06% | 0,84% | 0,72% |
Dezembro | – | 0,77% | 0,16% | 0,37% | 0,49% | 0,54% | 1,12% | 1,16% | 0,96% | 0,79% |
Fonte: Receita Federal
Como funciona a Taxa Selic?
Para explicar a Taxa Selic, é preciso voltar a uma necessidade básica de qualquer governo: ter dinheiro para fazer investimentos e pagar dívidas. Apesar da principal forma de arrecadação ser por meio dos impostos, outra forma de arrecadar dinheiro é com empréstimos – como por meio dos títulos do Tesouro Nacional.
Os títulos do Tesouro são certificados de dívida emitidos e vendidos pelo próprio governo através do Sistema Especial de Liquidação e Custódia (Selic, lembra?). Quem compra um título ganha o direito de, em determinada data, receber o valor de volta com o acréscimo de juros.
É importante entender, entretanto, que a maioria dos títulos do tesouro é comprada por grandes instituições financeiras.
Isso acontece porque, por lei, toda instituição é obrigada a depositar uma parcela dos depósitos recebidos no dia em uma conta no Banco Central. Essa é uma forma de controlar a quantidade de dinheiro em circulação e evitar o aumento da inflação.
Como as instituições financeiras realizam milhões de operações diariamente, é comum chegar no fim do dia com uma quantia maior ou menor do que deveriam ter na conta do BC.
Neste caso, elas são obrigadas a pegar empréstimos com outros bancos para cumprir a lei.
Entendi. E o que isso tem a ver com a Selic?
Geralmente, esses empréstimos são de curtíssimo prazo (o tempo entre a retirada e o retorno do valor acontece em torno de 24 horas). Como garantia, as instituições oferecem os títulos públicos adquiridos do Banco Central.
Entender isso é importante para entender a diferença entre Selic Over e Selic Meta.
Taxa Selic Over
Basicamente, é a taxa de juros praticada quando uma instituição financeira empresta dinheiro para outra e usa, como garantia, os títulos públicos adquiridos no Banco Central (como explicado acima).
Taxa Selic Meta
Já a Selic Meta é a que você está acostumado a ouvir sobre: a taxa básica da economia Brasileira. Ela serve como parâmetro para outras taxas praticadas no mercado, e tende a ser a menor taxa na economia.
É sobre esta taxa a que este texto se refere – não à Selic Over.
Como a Taxa Selic é calculada
A Selic é definida a cada 45 dias pelo Copom (Comitê de Política Monetária), ligado ao Banco Central, que se baseia em inúmeros indicadores financeiros do país para chegar a uma taxa.
Nessas decisões, a Selic pode tanto se manter estável, sem alterações, quanto aumentar ou diminuir em pontos percentuais.
As mudanças na taxa de juros acontecem pois a economia não é estável – e, por isso, é preciso adequá-la ao cenário para que exista um equilíbrio e garantir que o dinheiro continue circulando.
Por que a Taxa Selic é importante?
A Selic foi criada em 1979, período em que a economia brasileira enfrentava um cenário de hiperinflação. Seu objetivo sempre foi ser uma ferramenta de controle da inflação: qualquer mudança que o Banco Central do Brasil fizer na taxa resultará em uma alta ou queda da inflação.
Além disso, podemos dizer que o Banco Central:
- Ao aumentar a Selic, tem como objetivo desacelerar a economia, impedindo a inflação de ficar muito alta;
- E, ao baixar a Selic, tem como objetivo estimular o consumo e aquecer a economia, aumentando a inflação quando ela está abaixo da meta.
Até hoje, a Selic serve como uma referência para a economia brasileira – uma ferramenta para controlar a inflação do país que pode ser entendida como um indicador da nossa situação econômica.
Como a Selic afeta seu dinheiro e investimentos?
Os efeitos da mudança da Selic são sentidos por todos os brasileiros, bancos e até investidores estrangeiros. Basicamente:
Se a Taxa Selic diminui:
- O crédito fica mais acessível, já que os bancos tendem a abaixar as taxas de juros;
- A inflação tende a subir.
Se a Taxa Selic aumenta:
- Os preços tendem a baixar ou ficar estáveis, como uma consequência do controle da inflação;
- Os juros de crédito, parcelamento e cheque especial ficam mais altos.
Em fevereiro de 2022, o Copom aumentou a Taxa Selic de 9,25% para 10,75%, afetando as aplicações financeiras de todos os brasileiros – inclusive da conta do Nubank.
Quais investimentos são afetados pela Selic?
Considerando que a Selic tem forte influência na taxa de remuneração de diversos investimentos, qualquer mudança na Selic impacta a rentabilidade desses produtos financeiros. São eles:
- Títulos do Tesouro Direto (Tesouro Selic);
- Caderneta de poupança;
- Investimentos de Renda Fixa.
Tesouro Selic
O Tesouro Selic é um título público cuja rentabilidade está indexada à taxa Selic. Quando a taxa Selic é reduzida, também fica menor a rentabilidade do título – e o mesmo vale para a situação contrária: um aumento na taxa Selic torna os títulos públicos mais vantajosos.
Caderneta de poupança
A poupança também sofre os efeitos das mudanças na Selic. Isso porque seu rendimento, por definição, está atrelado à taxa:
- Se a taxa Selic estiver acima de 8,5% ao ano: a poupança rende 0,5% sobre o valor depositado + Taxa Referencial;
- Se a taxa Selic estiver igual ou abaixo de 8,5% ao ano: a poupança rende 70% da Selic + Taxa Referencial.
Ou seja: com a Selic acima de 8,5% (como agora), a rentabilidade da poupança fica fixa em 6,17% e menor (e muito!), em relação a outros investimentos de renda fixa.
Investimentos de Renda Fixa
Mudanças na taxa Selic impactam o CDI, um dos índices de rentabilidade mais usados por investimentos de renda fixa. Explicaremos abaixo sobre a relação entre as duas taxas, mas basicamente: quando a Taxa Selic diminui, o CDI também fica mais baixo.
CDBs, LCIs, LCAs, LCs são os investimentos mais comuns que usam o CDI como indicador de rentabilidade. Esses investimentos terão sua remuneração afetada no caso de mudanças na Taxa Selic.
Taxa Selic e CDI: qual a relação?
O CDI e taxa Selic andam de mãos dadas. Mas por quê?
Primeiro, é importante dizer, rapidamente, o que é o CDI. CDI é a sigla para Certificado de Depósito Interbancário – o nome dos empréstimos que os bancos fazem entre si para fechar o caixa do dia no positivo.
Por determinação do Banco Central, todo banco deve fechar o dia com mais dinheiro entrando do que saindo dele. Em outras palavras: fechar o dia com saldo positivo. Entretanto, dependendo das operações realizadas pelos clientes dos bancos, nem sempre isso acontece.
Neste caso, os bancos precisam fazer um empréstimo para cobrir a diferença e deixar o caixa do dia positivo. Esse empréstimo é feito, por sua vez, de outras instituições financeiras. Como todo empréstimo, os bancos também pagam juros que, neste caso, são definidos pela Taxa CDI.
Voltando à relação entre a taxa Selic e o CDI
- Se a taxa Selic for muito maior que o CDI, os bancos podem preferir emprestar dinheiro ao governo, e não ao outros bancos, já que assim terão uma rentabilidade maior;
- Por outro lado, se a Taxa CDI estiver muito acima da taxa Selic, a remuneração dos títulos que usam essa taxa sobe, o que também não é interessante para os bancos.
Taxa Selic e IPCA: o que têm a ver?
O IPCA é o índice que aponta a inflação do país. Ele indica se houve variação nos preços de uma série de categorias de bens e serviços importantes no dia a dia das pessoas, como vestuário, alimentação, transporte, saúde, despesas pessoais, educação e comunicação.
Ele é calculado mensalmente pelo IBGE (Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística) nas regiões metropolitanas de São Paulo, Rio de Janeiro, Belo Horizonte, Porto Alegre, Curitiba, Salvador, Recife, Fortaleza, Belém e Vitória, além de Goiânia, Campo Grande, Rio Branco, São Luís, Aracaju e Brasília.
Apesar de não ser calculado em todo o país, o índice é de abrangência nacional – ou seja, vale para todas as regiões e cidades do Brasil.
Considerando que a taxa Selic é uma ferramenta de controle da inflação, o IPCA e a taxa Selic estão sempre muito próximos. Afinal, qualquer mudança feita na taxa Selic afetará o resultado do IPCA.
Um exemplo: quando a taxa Selic aumenta e o acesso ao dinheiro (crédito, empréstimos, financiamentos…) fica menor, o consumidor para de fazer maiores gastos. No longo prazo, essa estratégia controla a inflação por gerar menor demanda e, consequentemente, oferta mais barata.
Portanto, aumentar a taxa Selic ou mantê-la estável é uma maneira de conter o aumento do IPCA.