Internacional
Chefe da diplomacia iraniana viaja a Moscou para negociações sobre acordo nuclear
O Irã enviará na terça-feira (15) a Moscou o ministro das Relações Exteriores, Hossein Amir-Abdollahian, poucos dias após a interrupção brusca das negociações a respeito do acordo sobre o programa nuclear de Teerã devido às novas exigências russas.
Amir-Abdollahian “viajará na terça-feira a Moscou para prosseguir com as negociações sobre o programa nuclear”, anunciou o porta-voz do ministério, Said Khatibzadeh.
O Irã retomou há 11 meses as conversações em Viena (Áustria) com as grandes potências (China, França, Reino Unido, Rússia e Alemanha) para tentar reativar o acordo de 2015, que supostamente deve impedir Teerã de desenvolver a bomba atômica em troca da suspensão das sanções que asfixiam a economia iraniana.
Mas o acordo está paralisado desde que o governo dos Estados Unidos se retirou do pacto em 2018, durante a presidência de Donald Trump, e o Irã começou a deixar de cumprir seus compromissos.
Desde que assumiu o poder, o democrata Joe Biden expressou o desejo de retornar ao acordo e as negociações foram retomadas com a participação indireta dos Estados Unidos, que não têm relações diplomáticas com o Irã
No início de março, um entendimento parecia iminente para salvar o acordo de 2015 entre o Irã, de um lado, e as grandes potências do outro.
Mas em 5 de março, a Rússia, afetada pelas sanções ocidentais por sua invasão da Ucrânia, pediu ao governo dos Estados Unidos uma garantia de que as penalidades não afetariam sua cooperação econômica com o Irã.
As reivindicações foram consideradas “irrelevantes” pelo chefe da diplomacia americana, Antony Blinken, o que impediu a retomada das negociações em Viena.
– “Pausa” –
Em 11 de março, o chefe da diplomacia da União Europeia (UE), que coordena o processo de negociação, anunciou “uma pausa nas conversações por fatores externos”, em referência às garantias solicitadas por Moscou.
Nesta segunda-feira, o porta-voz do ministério das Relações Exteriores em Teerã reafirmou que é necessária uma “decisão política americana” para reativar o acordo.
“Não estamos a ponto de anunciar um acordo”, advertiu.
“A Rússia formulou oficialmente e de forma clara suas exigências, e isso deve ser discutido por todas as partes envolvidas no acordo, assim como foram as demandas apresentadas por outras partes” e que foram examinadas, acrescentou o porta-voz.
Em Teerã, as exigências russas provocaram um debate na imprensa.
Os jornais reformistas criticaram a Rússia, acusando o país de bloquear o acordo com as demandas.
Mais prudente, a imprensa conservadora criticou Washington como responsável pelo bloqueio, mas sem defender explicitamente a posição de Moscou.
Rússia e Irã, que por vários anos foram antagonistas, melhoraram suas relações nos últimos anos com uma clara aproximação política e militar, tudo com base em interesses geopolíticos comuns. Além disso, os países cooperam em vários setores.
Moscou desempenha um papel central na aplicação do pacto de 2015, em particular ao receber o excedente de toneladas de urânio enriquecido do Irã, país que sempre negou qualquer intenção de desenvolver a bomba atômica.