Educação & Cultura
Conheça as três habilidades para os professores do futuro
Conversamos com as profes que participarão da live O que os professores farão? para conhecer três das competências essenciais aos docentes do futuro
Desde o início da pandemia de coronavírus, os professores precisaram lidar com novos desafios. O uso da internet, o ensino à distância e híbrido são apenas o começo, mas tornaram um debate ainda mais urgente: qual será o futuro da profissão? Quais habilidades são importantes de serem desenvolvidas por docentes para atender às necessidades dos estudantes de hoje e amanhã?
Para dar início a essa conversa, nada melhor do consultar os próprios professores. No dia 28/10, às 17h, na página do Facebook da Fundação Lemann, será transmitida a live O que os professores farão? Uma discussão sobre o futuro da profissão. Uma parceria da Fundação Lemann e da Conectando Saberes para conversar sobre educação integral, habilidades socioemocionais, inovação e tecnologia como ferramentas para potencializar o aprendizado dos estudantes.
Para adiantar o assunto, conversamos com as professoras participantes da live para saber algumas dicas sobre essas habilidades apontadas como essenciais para o futuro
Colocar o aluno como centro da aprendizagem
Esta é uma prática na qual o estudante desempenha um papel ativo na construção do próprio aprendizado, motivando-o a criar o seu caminho de aprendizagem. A professora Elineide Alves, docente do Ensino Médio Integral e parte da Rede Conectando Saberes (Núcleo Cabrobó/PE), acredita que colocar o estudante no centro da aprendizagem significa ensinar para a vida. “Só assim o ato de ensinar e aprender ganha um novo significado. Na escola de tempo integral o estudante exerce o protagonismo juvenil com mais destaque, além do componente curricular projeto de vida, que motiva a pensarem no futuro”, conta.
Mesmo em escolas regulares é possível desenvolver uma prática centrada no aluno. Quer dicas? A professora Elineide ensina:
- 01Acredite no potencial de cada estudante e delegue funções. Atribua responsabilidades, como monitorias, lideranças de grupos. Assim, se motivam a participar, não visando apenas nota, mas pelo destaque no processo.
- 02Valorize e apoie as ações discentes. Isso mostra que você aprecia as iniciativas dos estudantes e os mantém motivados e no centro da aprendizagem.
- 03Tem algum aluno que não participa? Tente entender o porquê. Veja seus interesses. Aproxime-se para ajudar a desenvolver sua autoconfiança.
- 04Lembre-se que as atividades motivadoras precisam ser rotacionais. O intuito é motivar a participação de todos, não o contrário.
Desenvolver competências socioemocionais
Enxergar as pessoas a partir de sua totalidade é fundamental para entender os processos envolvidos no ensino-aprendizagem. A professora Janaina Barros, professora de Ensino Médio com foco em habilidades Socioemocionais e parte da Rede Conectando Saberes (Núcleo Seabra/BA), tem colocado o foco do desenvolvimento dessas habilidades no centro de sua prática pedagógica. “Não aprender não é uma escolha do estudante. Não aprender é resultado de uma série de questões estruturantes da sociedade. Quando o professor se aproxima, e entende essas questões, mapeia quais são as que mais impactam, as distâncias diminuem. Não vamos resolver esses problemas da sociedade, mas vamos instrumentalizar nossos alunos para superá-los “, salienta Janaína.
Como desenvolver essas habilidades na escola? Confere as dicas da professora Janaína:
- 01Faça um planejamento pautado nas evidências. Quem são os alunos repetentes? De onde eles vêm? Quem são as minorias (de gênero, raça, sexualidade)? Quem trabalha? Quem já tem filhos? Quem falta muito? É preciso entender quem são para saber para onde direcionar os maiores esforços.
- 02Esteja ao lado das lideranças de classe. Faça reuniões, entenda as turmas, seus interesses, suas expectativas.
- 03Construa vínculos. Acompanhe, a partir desse mapeamento, o andamento desses alunos e promova conversas para entendê-los melhor.
- 04A partir desses vínculos, construa projetos em conjunto com os estudantes que demandam mais atenção. Isso vai ajudar a desenvolver um senso de pertencimento, autoconfiança e acolhimento.
- 05Estabeleça limites. Não dê seu telefone pessoal aos alunos. Pode parecer duro, mas é preciso que o aluno entenda que você não vai resolver todos os problemas da vida dele, mas terá certeza de contar com seu apoio na escola. Isso também é necessário para que você tenha um tempo que é só seu, para viver a sua vida.
Inovar e usar tecnologia
O ensino do pensamento computacional e robótica permite que a aprendizagem seja atrativa, ao possibilitar que os estudantes transformem problemas reais em currículo ao trabalhar com colaboração, empatia, de forma interdisciplinar. A professora Debora Garofalo, idealizadora do trabalho de Robótica com Sucata, viu esses ganhos de aprendizagem na prática e hoje o projeto se tornou uma política pública. “O futuro é agora. O professor precisa desenvolver as competências e habilidades digitais porque nossos estudantes são nativos digitais. São habilidades relacionadas às tecnologias, ferramentas digitais, a gamificação, que trazem esse envolvimento, esse pertencimento”, salienta.
A tecnologia não tem um fim em si mesma. Para Débora, precisa vir acompanhada de uma nova abordagem, de um objetivo pedagógico. Então, como usar a tecnologia a favor da aprendizagem e inovar em sala de aula?
- 01Pense a tecnologia acompanhada de metodologias ativas ajuda a potencializar a aprendizagem.
- 02É preciso colocar o aluno no centro da aprendizagem e parar de vê-lo apenas como consumidor de tecnologia, mas produtor dela.
- 03Adotar abordagens que casem tudo isso ajuda, como a cultura maker, o pensamento computacional, robótica.
- 04Inicie por coisas mais simples de acesso à tecnologia, mas não menos importantes, como a discussão sobre fake news, a cultura digital de uma forma transversal.
Fonte: Fundação Lemann