Segurança Pública
Jovem se ajoelha e diz não ter nada antes de ser morto em roubo
O crime ocorreu por volta das 22h30 da última segunda-feira (25)
O jovem Renan Silva Loureiro, 20 anos, ajoelhou-se e afirmou “por favor, eu não tenho nada”, logo após ser abordado por um falso entregador, em uma motocicleta. O crime ocorreu por volta das 22h30 da última segunda-feira (25), no Jabaquara, zona sul de São Paulo. Ele foi morto em seguida, com um tiro na cabeça. O áudio e a cena constam em um novo vídeo divulgado pela polícia nesta quarta-feira (27).
Logo após a súplica, o rapaz parte para cima do criminoso ao vê-lo abordar a namorada dele, de 19 anos. O bandido atira quatro vezes. Somente o último disparo atinge Loureiro, na cabeça, de cima para baixo, de acordo com perícia policial –inicialmente, as informações iniciais davam conta de que a vítima havia sido atingido pelos quatro tiros. A vítima morreu no local.
O bandido, de acordo com o delegado Glaucus Vinicius Silva, do 35º distrito policial (Jabaquara), usou uma moto Honda XRE azul, sem placas, para realizar o latrocínio –roubo seguido de morte– levando os celulares do casal.
“Um fato que já podemos afirmar: o criminoso não é da região onde aconteceu o crime. Já identificamos uma área onde ele pode estar e o perímetro está fechado, por investigadores”, afirmou o policial, sem dar mais detalhes, para não prejudicar a investigação.
A polícia conta com um estudo sobre o modo de ação de criminosos, por regiões da capital paulista, segundo o delegado. De acordo com o levantamento, os que atuam no Jabaquara são mais discretos, evitando abordagens violentas. Isso contribuiu para que a provável região de origem do falso integrador fosse identificada, onde há registros de comportamentos violentos semelhantes.
O delegado do 35º DP acrescentou que, por ora, o crime é investigado como latrocínio. Porém, a dinâmica do delito, captado por ao menos três câmeras de monitoramento, pode mudar os rumos da natureza jurídica do caso.
“O criminoso é frio, com um completo desrespeito à vida. Ele o tempo todo teve controle da situação e não se deixou levar por afobação, ou adrenalina”, avaliou o delegado.
O policial afirmou que pretende desmembrar o caso, registrando-o como roubo, pelo fato de o criminoso ter levado os celulares das vítimas, e homicídio, separadamente. “Os tiros foram dados com intenção de matar, não foi um latrocínio, foi um assassinato”, ressaltou.
A eventual mudança jurídica da ocorrência pode ocorrer, acrescentou o delegado, para que o criminoso, caso preso, seja submetido a um júri popular.
As câmeras mostram Renan Silva Loreiro e a namorada caminhando abraçados em uma calçada da rua Freire Farto.
Alguns metros adiante, ambos são abordados pelo falso entregador. O criminoso dá um tiro ao alto. O jovem ajoelha e entrega o celular, afirmando não ter mais nada, segundo registrado por uma das câmeras da rua.
O rapaz, em seguida, parte para cima do criminoso, quando o ladrão vai em direção à namorada da vítima. De acordo com análises preliminares da Polícia Técnico-Científica, a arma usada pelo criminoso foi um revólver calibre 38.
Ao fugir, registros de câmeras mostram o ladrão subindo pela rua Governador Jorge Lacerda. Quando ele percebe a presença de uma viatura da Polícia Militar fazendo ronda na via, o falso entregador faz um retorno e foge, usando a rua onde ocorreu o crime.
Em razão da gravidade do crime e repercussão, o governador Rodrigo Garcia (PSDB) solicitou que o novo delegado-geral da Polícia Civil, Osvaldo Nico Gonçalves, fosse até o local do crime, para averiguar o que aconteceu.
Paulistanos têm sido vítimas de furtos e roubos de celulares por criminosos em motocicletas, fingindo ser entregadores de serviços de aplicativos, ou ainda usando bicicletas.
O primeiro trimestre de 2022 registrou um aumento no número de furtos e roubos no estado de São Paulo, na comparação com o mesmo período do ano passado. Com isso, o patamar dos dois crimes se aproxima do registrado antes do início da pandemia de Covid-19.
Segundo os dados oficiais divulgados na última segunda (25) pela SPP, São Paulo registrou 132.782 furtos no primeiro trimestre do ano.
Isso representa uma alta de 28,5% em relação aos primeiros três meses de 2021 e de 7% na comparação com 2020 –a pandemia foi declarada em março daquele ano. Na relação com o mesmo período em 2019, antes do início da crise sanitária, houve uma diminuição de 2,7%.
Na capital paulista, ainda segundo dados da SSP, o número de latrocínios se manteve estável no primeiro trimestre deste ano, com 17 casos, em relação ao período do ano passado, com 16.
O aumento da criminalidade, segundo especialistas ouvidos pelo jornal Folha de S.Paulo, ratifica um aumento da sensação de insegurança da população.