Saúde
Dia Mundial sem Tabaco: Conheça os sintomas da abstinência do cigarro e saiba como superá-los
Falta da nicotina pode levar a um conjunto de reações no organismo como dor de cabeça, irritabilidade, dificuldade de concentração e alteração do sono

O Dia Mundial sem Tabaco, celebrado nesta terça-feira (31), promove a conscientização sobre os danos do cigarro para a saúde.
A abstinência é um dos principais desafios no caminho de quem decide parar de fumar. Os sintomas podem variar de uma pessoa para outra de acordo com o nível de dependência. As reações podem ser passageiras e tendem a desaparecer em algumas semanas.
Efeito de um conjunto de reações desencadeadas no organismo, a síndrome de abstinência da nicotina pode incluir dor de cabeça, irritabilidade, dificuldade de concentração, ansiedade e alteração do sono (veja o quadro abaixo). Em alguns casos, as pessoas podem apresentar aumento do apetite, tristeza e indícios de depressão.

“A tendência com o tempo sem o consumo da nicotina através de cigarro, derivado do tabaco ou mesmo de dispositivo eletrônico para fumar, é que o número de receptores de nicotina nas células do sistema nervoso vá gradualmente diminuindo e, por isso, a avidez por essa droga vai diminuindo e, lentamente, os sintomas de abstinência também vão”, explica o médico pneumologista Gustavo Prado, do Hospital Alemão Oswaldo Cruz, de São Paulo.
De acordo com a psicóloga Vera Lúcia Gomes Borges, técnica da Divisão de Controle de Tabagismo do Instituto Nacional de Câncer (Inca), o desconforto inicial é uma das maiores dificuldades na batalha contra o tabagismo.
“Quem quer parar de fumar precisa saber que os sintomas da abstinência do cigarro são transitórios e vão passar. A primeira semana pode ser a mais difícil, mas isso significa que o corpo está se adequando a uma nova forma de funcionar. Por mais desconfortável que seja, a síndrome de abstinência da nicotina é um sinal de que o organismo está voltando a funcionar normalmente”, afirma a especialista.
A psicóloga Andréia Ferro Siqueira, 39, de Niterói, na região Metropolitana do Rio de Janeiro, começou a fumar aos 15 anos de idade. “Comecei a fumar vendo os adultos fumando. Minha família fumava; meu pai, charuto, e minha mãe, cigarro. Colegas de escola fumavam também”, conta.
“Na época, vendiam cigarro sem perguntar muita coisa. Ao longo dos 15 anos que eu continuei fumando, porque eu parei com 30, o máximo de cigarros que eu fumei foi um maço por dia. Fiquei pouco tempo fumando essa quantidade, geralmente era dois terços do maço por dia”, completa.
Andreia conta que decidiu parar de fumar quando detectou uma mancha no lábio que a levou à investigação na dermatologista.
“A médica pediu uma biópsia e disse que poderia ser algo relacionado ao uso do cigarro. Como tinha histórico de câncer de pele na família, fiquei assustada. Não deu nada na biópsia, mas era uma coisa relacionada ao cigarro, pois era como uma queimadura de leve”, afirma.
Ela conta que não contou com apoio médico quando decidiu parar de fumar, mas que sabia dos possíveis sintomas da abstinência.
“Escolhi um feriado em que eu fosse ficar dentro de casa e não tivesse nenhum gatilho para fumar, como sair para beber e gente fumando ao meu lado. Em um feriado de Tiradentes, usei os quatro dias sem trabalhar para parar de fumar e realmente foi o tempo em que eu tive mais sintomas de abstinência, como irritabilidade, dor de cabeça e tentei não substituir por nada, foi quase como uma internação domiciliar”, conta.
Andréia relata que as primeiras semanas foram as mais difíceis, mas que medidas como tomar refrigerante, chupar laranja e outros alimentos cítricos ajudaram. Além disso, ela adotou um método de redução de danos, o que significa que não considerava uma imposição não fumar em caso de ansiedade muito grande ou pânico.
“O fato de pensar assim me ajudava a acalmar e não fumar. Se eu ficasse desesperada para fumar um cigarro, eu fumava, mas isso aconteceu umas três ou quatro vezes, dentro do primeiro ano, e a cada vez que eu fazia isso, foi ficando mais desagradável o gosto e o cheiro. Hoje em dia, se eu bebo, praticamente não tenho vontade de fumar”, diz.
Iniciativa da Organização Mundial da Saúde (OMS), o Dia Mundial sem Tabaco foi criado em 1987. Desde então, diversos setores parceiros em todo o mundo alertam sobre os malefícios causados pelo tabagismo e, principalmente, como evitar doenças e mortes relacionadas a este vício.
Dicas para lidar com a síndrome de abstinência
Os sintomas de abstinência podem ser mais severos nas primeiras semanas sem fumar. Os especialistas recomendam descartar qualquer cigarro da casa, evitar o consumo de álcool e café, além de manter uma rotina de alimentação saudável e exercícios físicos.
“A primeira coisa que precisa ser dita a quem decide parar de fumar é que no primeiro dia ela não pode ter cigarro em casa. A fissura, que é a vontade enorme de fumar, dura apenas cinco minutos e passa. Ela pode voltar, mas passa. Então, se a pessoa não tem cigarro por perto, as chances de fumar são menores”, diz Vera.
O especialista do Hospital Alemão Oswaldo Cruz afirma que mudanças na rotina podem ajudar a enfrentar as primeiras semanas sem fumar.
“As estratégias de enfrentamento dos sintomas da síndrome de abstinência são compostas de medidas comportamentais, como por exemplo a busca por distrações, mudar de ambiente e de atividade quando percebe os sintomas de abstinência. Quando der aquela vontade de colocar alguma coisa na mão, sugerimos pegar um lápis para desenhar ou rabiscar. São medidas que ajudam a pessoa a criar caminhos mentais de modificar os hábitos de trazer o cigarro à mão e à boca e acender”, explica.