ENTRETENIMENTO
Os devoradores de pecados e a história espantosa que os cerca
Muita gente está familiarizada com o conceito de lavar os pecados, mas nesta galeria nós nos aprofundamos em um conceito diferente: o de comer os pecados. Este era o papel do devorador de pecados, uma pessoa que (literalmente) comia pecados, na forma de pão.
Curioso? Clique na galeria a seguir e saiba mais sobre este ritual esquisito dos séculos XVIII e XIX.
As origens do pecado
O pecado é uma concepção bastante presente na fé cristã. Muitas pessoas atribuem as origens do conceito à história de Adão e Eva, mas isso ainda está em debate.
As origens do pecado
Qual o primeiro exemplo de pecado? Abel e Caim? Ou talvez a revolta de Lúcifer contra Deus? Seja qual for a resposta, o que é indiscutível é que pecar não é nada bom.
E então veio Jesus
Mas, então, Jesus Cristo veio para tirar todos os nossos pecados e até morreu na cruz por eles. Podemos dizer que Jesus foi o primeiro devorador de pecados? Vamos descobrir…
Confissão
Para entender melhor o papel do devorador de pecados, primeiro devemos entender a importância da confissão.
Confissão
Confessar os pecados é a maneira como a relação com Deus é construída e é, em última análise, a única maneira de ser perdoado. Jesus enfatiza essa ideia em Lucas 11:4: “E perdoa-nos os nossos pecados, pois também nós perdoamos a qualquer que nos deve”.
Mas então, a morte veio sem aviso
Mesmo o cristão mais devotado poderia morrer inesperadamente e carregar pecados não confessados no momento em que faleceu. A única pessoa que poderia mudar isso era o devorador de pecados.
Quem eram eles?
Devoradores de pecado comiam (literalmente) os pecados de uma pessoa morta. Se alguém estivesse no leito de morte, carregasse pecados inconfessos e falecesse, então um devorador de pecados era a única chance que essa pessoa tinha de evitar o purgatório.
Quem eram eles?
Os devoradores de pecados eram chamados para fazer uma visita à pessoa falecida. Eles colocavam um pedaço de pão no tórax do falecido para absorver todos os seus pecados e depois comiam esse pão.
Processo
Isso permitiria que a pessoa se libertasse do pecado e fosse direto para o céu. Por outro lado, o devorador de pecados carregaria os pecados dessa pessoa e, portanto, seria condenado pela eternidade.
Onde e quando?
A tradição dos devoradores de pecados remonta aos séculos XVIII e XIX. Eles eram contratados por famílias em algumas áreas da Inglaterra, Escócia e País de Gales.
Quanto ganhavam?
Os devoradores de pecados não só comiam alimentos que estiveram sobre um corpo, carregavam os pecados do falecido e eram eternamente condenados, como também recebiam pouquíssimo dinheiro por isso.
Registros históricos
Não há muitos relatos escritos em primeira mão sobre os devoradores de pecados. Embora um registro possa ser encontrado em ‘Antiguidades Populares da Grã-Bretanha’, que foi publicado pela primeira vez em 1813.
Registros históricos
De acordo com o livro, um devorador de pecados “sentou-se de frente para a porta; eles, então, deram-lhe uma [moeda], que ele colocou no bolso; uma crosta de pão, que ele comeu; e uma tigela cheia de cerveja, que ele bebeu calado; depois disso, levantando-se de seu banco, ele pronunciou, com um gesto sereno, ‘o comforto e o resto da alma partiu’, pela qual ele penhorou sua própria alma.”
Testemunho
Outro relato pode ser encontrado num relatório de 1852 apresentado por Matthew Moggridge à Associação Arqueológica Cambriana. Dizia: “Quando uma pessoa morreu, os amigos enviaram para o comedor de pecados do distrito, que em sua chegada colocou um prato de sal no tórax do falecido e sobre o sal um pedaço de pão. Ele então murmurou um encantamento sobre o pão, que finalmente comeu, comendo assim todos os pecados do morto.”
Raízes
As origens dessa tradição não são conhecidas. No entanto, é possível que esteja enraizado em rituais pagãos antigos.
Teoria
‘Morte, dissecção e os desamparados’, um livro de 1987 da estudiosa Ruth Richardson, apresenta outra teoria. Na Idade Média, famílias nobres distribuíam comida aos pobres quando alguém morria, aparentemente na tentativa dessas pessoas rezarem pela alma do falecido.
Comer alimento do corpo de uma pessoa que morreu
Havia uma tradição alemã na Idade Média chamada bolo de corpo. Mas, em vez de comer os pecados de uma pessoa, eles comiam suas virtudes.
Bolo de corpo
A massa era colocada no tórax dos mortos e era deixada lá descansando. O bolo então era assado e comido pelos enlutados. A ideia era que, enquanto subia, a massa absorvesse todas as grandes qualidades dessa pessoa.
Outra tradição
O livro ‘Funeral Customs’, de Bertram S. Puckle, de 1926, menciona uma prática semelhante: “Tribos selvagens são conhecidas por matar um animal na sepultura, na crença de que essa criatura assumisse os pecados dos mortos”.
Impuros
O livro de Puckle também faz referência a um relato de um professor chamado Evans da Faculdade Presbiteriana, em Carmarthen, País de Gales. O texto afirma que o professor viu um devorador de pecados trabalhando em 1825. De acordo com o testemunho, a tigela e o prato do qual ele “comia os pecados” eram queimados depois.
Devoradores de pecados não eram vistos com bons olhos
Ninguém gostava dessas pessoas cheias de pecados. “Aqueles que tiveram a chance de conhecê-lo o evitavam como se fosse leproso”, disse Evans, sobre o devorador de pecados que ele supostamente conhecia.
Detestados pela Igreja
Mas os devoradores de pecado não eram apenas párias desprezados pela sociedade em geral. A Igreja, que nunca aprovou a prática, também os condenou e perseguiu.
Extensão do bode expiatório?
O Irish Times escreveu um artigo sobre comedores de pecados em 1931 que comparou a prática de comer pecados à ideia bíblica do bode expiatório, como em Levítico 16:1-34.
Bode expiatório
A história traz um bode que carrega os pecados da comunidade e é lançado no deserto. Soa familiar?
O último devorador de pecados
Acredita-se que o último devorador de pecados foi um homem chamado Richard Munslow, que morreu em 1906. A história diz que Munslow era um fazendeiro bem sucedido que, depois de perder seus filhos, tornou-se um devorador de pecados.
O último devorador de pecados
Ele acreditava que a tragédia que aconteceu com ele e com outros da aldeia era por causa de pessoas que tinham morrido com pecados não perdoados.
O último devorador de pecados
Em 2010, ativistas arrecadaram dinheiro para restaurar o túmulo de Munslow e um culto especial foi realizado em uma igreja em Shropshire, Inglaterra.