Com queda na cobertura vacinal, Dra. Tatiana diz que paralisia infantil é uma ameaça para o Brasil e faz alerta sobre a importância da vacinação: “situações de extrema gravidade”

A queda nos índices de cobertura vacinal no Brasil está cada dia mais preocupante. De acordo com os dados do Ministério da Saúde, os números têm despencado nos últimos dez anos e o índice de imunização recomendado acima de 90%, está cada vez menor.

A cobertura vacinal vem caindo desde 2015, mas a pandemia da Covid-19, junto com o isolamento social dificultou o acesso à imunização de rotina, principalmente das crianças.
A Médica ortopedista e traumatologista, Tatiana Medeiros chamou a atenção para o declínio da vacinação infantil, onde a saúde das crianças entra em alerta vermelho, a médica teme que, se esse quadro de baixa vacinação for mantido, o país poderá assistir a novas catástrofes sanitárias, com o ressurgimento de epidemias que eram comuns no passado.

O principal alerta da Dra. Tatiana é em relação a Paralisia infantil, que de acordo com informações do Ministério da Saúde, a procura pela vacina contra poliomielite, caiu de 96,5% em 2012, para 67,6% em 2021. A médica explica que o último caso registrado no Brasil foi em 1989, em Sousa, na Paraíba; mas, mesmo assim, a baixa vacinação é muito preocupante nos dias de hoje.

“O risco de que a doença retorne é um risco iminente, estamos falando de uma doença grave que pode levar à morte ou deixar sequelas gravíssimas, mas que pode ser controlada apenas com a vacinação”, frisou a profissional da saúde.

A médica classifica a situação como estarrecedora do ponto de vista epidemiológico e do ponto de vista da gravidade da poliomielite, e citou a escassez de campanhas educativas e de conscientização por meio do próprio Ministério da Saúde e do Governo Federal nos meios de comunicação.

Tatiana ainda relata que na condição de ortopedista e traumatologista, que conviveu e convive com as sequelas da doença, tem uma preocupação grande, por ser uma doença grave e que pode ter um desfecho letal na primeira infância ou deixar sequelas muito graves se houver o comprometimento do sistema nervoso levando a uma paralisia flácida.
 
Por isso, a médica destacou a importância para que os pais ou responsáveis procurem os centros de saúde e completem o calendário vacinal dos pequenos, protegendo desta forma as crianças. De acordo com ela, é fundamental neste momento cumprir o calendário vacinal.

“Dispomos da vacina a mais de 50 anos , essa cobertura vacinal garantirá que a criança imunizada não adoecerá.  Existe vacina segura e um calendário vacinal, os pais não podem se influenciar por exemplos que não são construtivos. A poliomielite não pode voltar, são situações de extrema gravidade”, finalizou.



Entenda mais sobre Poliomielite (paralisia infantil)


A poliomielite, também chamada de pólio ou paralisia infantil, é uma doença contagiosa aguda causada por um vírus que vive no intestino, chamado poliovírus, que pode infectar crianças e adultos por meio do contato direto com fezes ou com secreções eliminadas pela boca das pessoas infectadas e provocar ou não paralisia. Nos casos graves, em que acontecem as paralisias musculares, os membros inferiores são os mais atingidos.
Transmissão:
A transmissão ocorre por contato direto pessoa a pessoa, pela via fecal-oral (mais frequentemente), por objetos, alimentos e água contaminados com fezes de doentes ou portadores, ou pela via oral-oral, por meio de gotículas de secreções da orofaringe (ao falar, tossir ou espirrar). A falta de saneamento, as más condições habitacionais e a higiene pessoal precária constituem fatores que favorecem a transmissão do poliovírus.
Sintomas:
Os sintomas mais frequentes são febre, mal-estar, dor de cabeça, de garganta e no corpo, vômitos, diarreia, constipação (prisão de ventre), espasmos, rigidez na nuca e até mesmo meningite. Nas formas mais graves instala-se a flacidez muscular, que afeta, em regra, um dos membros inferiores.
Tratamento:
Não existe tratamento específico, todas as vítimas de contágio devem ser hospitalizadas, recebendo tratamento dos sintomas, de acordo com o quadro clínico do paciente.
Sequelas:
As sequelas da poliomielite estão relacionadas com a infecção da medula e do cérebro pelo poliovírus, normalmente são motoras e não tem cura. As principais são:
– problemas e dores nas articulações;
– pé torto, conhecido como pé equino, em que a pessoa não consegue andar porque o calcanhar não encosta no chão;
– crescimento diferente das pernas, o que faz com que a pessoa manque e incline-se para um lado, causando escoliose;
– osteoporose;
– paralisia de uma das pernas;
– paralisia dos músculos da fala e da deglutição, o que provoca acúmulo de secreções na boca e na garganta;
– dificuldade de falar;
– atrofia muscular;
– hipersensibilidade ao toque.
As sequelas da poliomielite são tratadas através de fisioterapia, por meio da realização de exercícios que ajudam a desenvolver a força dos músculos afetados, além de ajudar na postura, melhorando assim a qualidade de vida e diminuindo os efeitos das sequelas. Além disso, pode ser indicado o uso de medicamentos para aliviar as dores musculares e das articulações.
Prevenção:
A vacinação é a única forma de prevenção da poliomielite. Todas as crianças menores de cinco anos de idade devem ser vacinadas conforme esquema de vacinação de rotina e na campanha nacional anual. O esquema vacinal contra a poliomielite é de três doses da vacina injetável – VIP (aos 2, 4 e 6 meses) e mais duas doses de reforço com a vacina oral bivalente – VOP (gotinha).