Educação & Cultura
Jogos na Educação Infantil: propostas e sugestões para o seu planejamento
Confira dicas e planos de atividades para levar diferentes práticas lúdicas para os pequenos – rendendo experiências de diversão e aprendizagem
Olá professoras e professores! Volta e meia, em nossas capacitações, somos motivados a resgatar memórias sobre aspectos lúdicos da nossa infância que tenham sido significativos. Tudo para nos sensibilizar sobre a importância de trazermos experiências como essas no cotidiano das crianças.
Esse exemplo de abordagem tão recorrente nas formações pode ser entendido como uma forma de impulsionar uma das principais qualidades da nossa ação docente, que é a de ser um professor brincante. Afinal, o espaço da Educação Infantil é um ambiente privilegiado para o lúdico, e hoje quero falar sobre um dos seus elementos principais, que são os jogos.
Para isso, parto da premissa de que é fundamental compreender os momentos de jogo como algo que possui uma finalidade por si só – ou seja, ele não está necessariamente vinculado a conteúdos e conceitos, já que o seu valor se encontra em seu próprio arranjo.
Os jogos e suas diferenças para as brincadeiras
O jogo como atividade humana tem seus registros nos primórdios da civilização, com um papel crucial para a nossa existência enquanto seres sociais. O bebê já é capaz de jogar em seus primeiros contatos com o mundo, como quando imita o gesto do adulto ou quando se esconde e se revela por trás de um tecido. À medida que cresce, o ato de jogar vai se tornando mais complexo, favorecendo o desenvolvimento do imaginário, do simbólico e do real.
Basicamente, os jogos podem se caracterizar por serem uma espécie de competição, que em algum momento vai exigir que lidem com a frustração da derrota. Temos ainda os de cooperação, que pedem estratégia e trabalho em grupo – geralmente damos preferência a estes, por estarem mais vinculados ao eixo das interações.
Por sua vez, as brincadeiras, de maneira geral, são entendidas como uma linguagem, e se qualificam como uma ação que não contempla requisitos prévios – diferentemente dos jogos, que possuem elementos definidos como jogadores, objetivos, início e finalização, além da condução por regras. Desse modo, a atividade consciente dos pequenos durante os jogos deve estar pautada por todos esses pontos, que podem ser discutidos e reformulados conforme o envolvimento, e a partir de novas referências e mesmo do repertório, que se amplia a cada vivência.
Três propostas envolvendo jogos
As contribuições que trago aqui são todas retiradas da seção de planos de atividades aqui da NOVA ESCOLA, e todas têm foco na potencialização do ato de jogar na Educação Infantil, com sugestões de materiais e referências. Mas não se esqueça que o papel fundamental dessas propostas ainda se encontra na ação da criança para estabelecer novas relações com seus pares.
– Jogos de aproximação cultural: esse resgate das memórias de infância com as famílias é também uma prática interessante para envolver a comunidade escolar e oportunizar essa partilha de saberes. Além dessa sequência de atividades, vale convidar pais e avós para compartilhar suas recordações, e assim trazer elementos da cultura do passado para os pequenos.
– Jogo com elementos da natureza: essa proposta supera a necessidade de utilização de materiais comerciais. Por exemplo, é possível construir um jogo da velha com gravetos e pedras; o jogo das cinco marias também com pedras; ou ainda uma amarelinha desenhada no chão terroso. Enquanto jogam, as crianças têm contato com os elementos naturais, e exploram a criatividade no processo de elaboração.
– Jogo com materiais de largo alcance: aqui, falamos de caixotes de madeira ou plástico, tábuas, pneus, tijolos, canos de PVC, caixas de papelão grandes, tocos de madeira, bobinas grandes, pedaços de conduítes, cordas e tecidos (como toalhas de mesa e lençóis velhos). Tudo visando proporcionar movimentos amplos – e a ideia é novamente incentivar a engenhosidade dos pequenos, como ao utilizar de caixas para um “coelhinho sai da toca”, tecidos para um “cabo de guerra” ou fazer uma partida de “volençol”.
Como incorporar no seu planejamento?
Trazendo o aspecto da intencionalidade do professor e o papel educativo da escola, é no planejamento e na abordagem sistêmica que as aprendizagens têm potencialidade para acontecer por meio de práticas que envolvem jogos. Um exemplo disso aparece na coluna em que abordei a resolução de problemas, que tinha neles um dos principais recursos.
Assim, ao se planejar, é interessante trazer o mesmo jogo pelo menos uma vez por semana ao longo de um mês – a aprendizagem está na repetição desses momentos para que as crianças tenham condições de fazer trocas umas com as outras, modificações na partida e criar estratégias.
Nos registros que o educador faz, é essencial evidenciar como as crianças se organizaram, quais referências utilizaram para a construção de regras, como reagiram às frustrações e resolveram conflitos, e quais adaptações fizeram para que os materiais atendessem ao propósito do jogo. É importante ainda a ação do professor como mediador, fazendo perguntas que mobilizem os participantes, e lembrando dos combinados – sempre com cuidado para não fazer interferências que alterem seu curso ou que favoreçam algum lado, já que o senso de justiça, e o respeito às regras estão entre os focos dessas iniciativas.
De volta ao início da coluna, em relação às lembranças da minha própria infância, um dos jogos que me marcou foi o de bets, com tacos de madeira e usando lata de azeite como base, e já tive a feliz oportunidade de ensiná-lo para uma turma de crianças pequenas. E você, qual jogo está entre as suas recordações e que poderia ser compartilhado? Brinque junto e se divirta – e todo o grupo aprenderá muito e terá boas histórias para contar futuramente!