Educação & Cultura
Brincadeiras de roda: por que e como levá-las para a rotina?
Entenda como contribuem com o desenvolvimento das crianças e confira sugestões para tornar esses momentos ainda mais significativos
Olá professoras e professores, como diz o ditado, quem canta seus males espanta. E quem canta junto buscando o mesmo compasso, a combinação de gestos, movimentos em uma mesma direção? Quantas energias do bem se atraem nesses momentos! É mais ou menos assim que me sinto ao participar de uma brincadeira de roda com as crianças na Educação Infantil.
Essas propostas se modificam acompanhando a evolução da língua e da cultura, mas não deixam de existir pois as crianças não param de cantar. O que nos mobilizou na infância, para vivenciar essas situações, continua presente ao longo da vida de outros modos, como em uma roda de amigos ou durante uma refeição, que tem seus ritmos que ditam o tom da celebração.
As produções folclóricas e populares têm, entre as principais características, o contato físico e encontro dos olhares, a sensação de segurança do coletivo. Colocam o participante no lugar prazeroso da incerteza entre o real e o imaginário, tornamo-nos quase que alheios ao que se passa fora daquele espaço e requer atenção para a reação frente ao convite que se faz ora no individual, ora no coletivo. Outra característica importante é o de reconhecer a autoridade de quem conduz a vivência ao mesmo tempo que todos importam e se direcionam pelo coletivo.
Para levar para a prática
As brincadeiras de roda perpassam todos os Campos de Experiências pois desenvolvem ritmo, expressividade corporal, desenvolve a linguagem oral e, enquanto rodam pelo espaço, as crianças se olham, se reconhecem em seus pares, fortalecem sua identidade, se apropriam de elementos da cultura com lugar para atuações que contribuem para sua modificação e perpetuação. Para oportunizar que todos participem tem-se que adequar os movimentos atendendo às especificidades de cada grupo.
Desde bebês, o ato de sentar em roda e proporcionar momentos de ritmo e sonoridade tem grande contribuição para o seu desenvolvimento. Então, é importante que se comece nessa faixa etária trazendo desde as canções mais singelas da cultura. É Importante lembrar que a repetição e consistência são fatores importantes para que o bebê associe esse momento a uma situação confortável de possibilidade para sua expressividade.
Para que você, professora e professor, tenha condições de oportunizar tais momentos no cotidiano com as crianças com mais segurança, seguem quatro dicas com base em planos de atividade da NOVA ESCOLA, lembrando da liberdade que tais propostas têm para se adequarem ao seu espaço, grupo etário e incluir outras brincadeiras de roda da cultura local.
- Torne as brincadeiras de roda parte da rotina
Para chamar a atenção para uma vivência, basta que o professor comece a cantarolar um verso e se mostre disponível sentando-se no chão. Em poucos instantes os bebês e crianças, já se achegam e a oportunidade para uma brincadeira de roda se faz. Essa linguagem é compreendida quando é oportunizado desde cedo o encontro em círculo.
Nesta sequência de planos, temos várias oportunidades para envolver bebês e que podem ser adaptados para as crianças bem pequenas e pequenas.
Pesquise sobre essas brincadeiras
Aproveite que estamos iniciando o ano letivo e faça uma pesquisa com as famílias a respeito de como essas práticas estiveram presentes em suas infâncias. Temos um deslocamento grande de pessoas dentro do nosso território e uma boa oportunidade de integrar essas pessoas é reconhecer e valorizar os elementos da sua cultura. A sequência de planos Cirandas do Brasil é um material muito bacana para as vivências com as crianças trazendo a diversidade cultural de nosso país.
Envolva todas as crianças
Ao planejar o cotidiano com as crianças, é fundamental olhar para os arranjos necessários que garantam a participação de todos. Da mesma forma acontece com as brincadeiras de roda. Nos planos da NOVA ESCOLA, você consegue observar em destaque indicações de ações (antes e durante a atividade) que garantam essa efetiva participação. Conheça nesta reportagem o projeto de uma escola, que conseguiu planejar esse momento de forma a incluir crianças com e sem deficiência.
- Integre brincadeiras de roda com rodas de conversa
Que tal problematizar as brincadeiras de roda com as crianças pequenas? Após, terem participado de variadas situações, oportunize que elas possam refletir sobre tais momentos.
Trago como inspiração um plano de aula do 1º ano do Fundamental que pode ser adaptado para a pré-escola. Tome como ponto de partida o repertório da turma, e depois do modo como foi abordado o tema e as perguntas para que as crianças pensem sobre a ação de brincarem em círculos. Assim, os pequenos aprendem também quando discutem sobre o que vivenciaram.
Por fim, sugiro também o curso “Brincadeiras cantadas na escola: Valorizando a tradição popular” para que possamos continuamente refletir sobre a importância de apresentar as cantigas e brincadeiras de roda a partir da nossa diversidade cultural. Este tipo de prática significa sedimentar, de modo simbólico, os saberes e sentimentos que perpassam gerações, é contribuir para que, ao longo da vida, toda pessoa tenha esse lugar de retorno para a atmosfera de encantamento, o qual as brincadeiras de roda nos conduzem.
Um abraço e até breve!
Paula Sestari é professora da Educação Infantil da rede municipal de ensino de Joinville (SC), com dez anos de experiência nessa etapa, e mestre em Ensino de Ciências, Matemática e Tecnologias. Em 2014, recebeu o Prêmio Educador Nota 10, da Fundação Victor Civita, e foi eleita Educadora do Ano com um projeto com crianças pequenas na área de Educação Ambiental.
Fonte: Nova escola