Educação & Cultura
Educação Inclusiva: o que ela tem a oferecer?
Especialista aponta caminhos para ir além do cuidado e garantir a inclusão de crianças com deficiência
Já precisou pedir um conselho para um especialista e não sabia como viabilizar isso? A nova coluna ANE Responde pode te ajudar. A proposta é, todo mês, selecionar uma pergunta ou relato recebido de um dos nossos leitores em nosso canal no Telegram e buscar especialistas e pessoas experientes na área que nos auxiliem a responder aquela questão.
Este mês separamos um relato ligado à Educação Inclusiva. Conversamos com Maria da Paz (Gunga) Castro, educadora, formadora de professores e especialista em inclusão.
Dúvida sobre Educação Inclusiva
Renato, professor dos Anos Iniciais, deixou a seguinte pergunta para a ANE Responde:
Alunos especiais cada vez mais estão chegando na escola. Chego no final da aula satisfeito quando este aluno participa, mas vejo que, sem toda uma estrutura, ele fica afastado. Parece que, se está quieto, está bem. Isso é o que a inclusão pode oferecer hoje? Como trabalhar com eles além do cuidado?
Ainda é comum, em muitas escolas, a visão de que alunos com deficiência atrapalham e que o professor teria de contê-los para que não incomodem os demais. No entanto, precisamos quebrar essa ideia. “Se está quieto, está tudo mal. Ele tem de ficar quieto na hora que todos têm de ficar quietos”, reforça Gunga.
Hoje, a Educação Inclusiva vai além do acesso à escola. A perspectiva defende que estudantes com ou sem deficiência tenham a oportunidade e condições de participar plenamente das atividades escolares e possam desenvolver integralmente seus potenciais.
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Dessa forma, precisamos quebrar com o olhar clínico para o atendimento desses alunos. A escola é um ambiente de cuidado, mas da mesma forma que é para todos. “Há os cuidados, mas não podem ser excessivos para não excluir e nem reproduzir o ambiente de casa ou do hospital. Escola é escola. A criança com deficiência tem direito de viver nesse espaço”, destaca a especialista.
Para pensar em propostas que possibilitem levar esse olhar para a prática, não existem fórmulas prontas – como tudo na Educação. Nem deve-se assumir que todo o trabalho precisa acontecer apenas de forma individual. Ele faz parte da classe e não pode ser isolado do grupo.
Gunga sugere começar por onde começar qualquer ação docente: pelo diagnóstico, conhecer o aluno. Saber as potências e barreiras dele traz informações essenciais para traçar objetivos para esse estudante, planejar propostas e acompanhar os resultados.
“É ele que vai mostrar para nós como ensinar. Ele vai aprender, não necessariamente da mesma forma ou tempo que os demais, mas vai aprender”, diz a especialista. Isso também significa que não basta ter um laudo para encaixar um aluno em determinado comportamento, pois cada um é único.
Para conhecer as particularidades e possibilidades daquela criança ou adolescente, o professor pode conversar com o educador do ano anterior, com a família ou trocar estratégias com o responsável pelo Atendimento Educacional Especializado (AEE), caso o aluno participe no contraturno das atividades.
Sabemos que ainda é comum no cotidiano, porém usar termos como alunos especiais ou de inclusão não é o melhor para se referir a estudantes com deficiência.
“O que determina a deficiência não é o sujeito, é a barreira que possui. Um aluno com Síndrome de Down não é especial, ele vive na escola muito bem. Muitos têm uma dificuldade cognitiva que precisa de um apoio diferente. Aí, sim, ele está em situação de inclusão. Um estudante que usa cadeira de rodas, na hora que está na aula, está tudo bem. Quando precisa ir para o 5º andar e não tem elevador, ali está em situação de inclusão”, explica Maria da Paz. Afinal, todos os alunos são especiais, não é mesmo?
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