ECONOMIA
Uma chiadeira danada em Brasília
A apresentação do desenho do novo arcabouço fiscal parece ter colocado panos quentes nos atritos entre o governo federal e o Ministério da Economia — mas não impediu que o dia ficasse marcado por ruídos.
Ao longo da manhã, Roberto Campos Neto, presidente do BC e o alvo favorito das críticas da gestão Lula, teceu elogios ao esforço para resolver os problemas das contas públicas. O sinal foi lido como uma bandeira branca e uma chance de que o bom recebimento do projeto antecipe um provável corte nos juros.
O cenário mais favorável e pacífico aliviou a curva de juros, mas a bolsa não teve a mesma sorte. Isso porque ruídos políticos saíram pela porta, mas outros entraram pela janela.
A tensão segue em Brasília, mas agora os personagens são outros. De um lado, o ministro de Minas e Energia, Alexandre Silveira. Do outro, a Petrobras (PETR4).
Em entrevista, Silveira confirmou que a estatal terá mudanças na política de preços, adotando diretrizes baseadas no mercado interno e não no exterior — o que deve levar a uma maior pressão das margens e uma redução do bolo disponível para uma eventual distribuição de dividendos.
A informação levou as ações da estatal a renovarem as mínimas do dia, mas a companhia foi rápida em negar os rumores. Em documento divulgado no meio da tarde, a Petrobras afirmou que não recebeu nenhuma comunicação do MME e que, até segunda ordem, nada mudou — garantindo assim um dia de alta para os papéis PETR3 e PETR4.
Apesar dos conflitos internos terem se desfeito ao longo do dia — com o dólar à vista e os juros futuros encerrando em queda —, o Ibovespa não conseguiu escapar de uma sessão de perdas.
Isso porque, em Wall Street, os investidores receberam uma nova rodada de dados econômicos que sinalizam uma eventual recessão.
O Ibovespa encerrou o dia em queda de 0,88%, aos 100.977 pontos. De olho em um possível fim do aperto monetário nos Estados Unidos e uma fraqueza mais ampla da maior economia do mundo, o dólar à vista caiu 0,64%, a R$ 5,0499.
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