CIDADE
O autismo e o acesso à educação são debatidos em sessão especial
Representantes de entidades participaram de solenidade que foi proposta pela vereadora Eliza Virgínia (PP)
A Câmara Municipal de João Pessoa (CMJP) realizou na tarde desta segunda-feira (10), sessão especial para debater o autismo e o acesso à educação. A solenidade reuniu diversos representantes de entidades e foi proposta pela vereadora Eliza Virgínia.
Para a vereadora, houve um aumento o número de pessoas com autismo e a escola precisa se preparar para recebê-los, sobretudo com funcionários qualificados. “Buscamos com essa sessão trazer especialistas na área para discutir como as escolas devem receber esse aluno, fazendo com que ele tenha um melhor aproveitamento, apesar do grau de autismo que ele tenha, como também discutir como preparar o mercado de trabalho para recebê-los.
Eliza Virgínia acrescentou que atualmente faz necessário que as escolas tenham funcionários capacitados para lidar com as pessoas com autismo e para isso deve haver capacitação. “Precisamos criar políticas públicas para unir o poder público e o privado. As escolas privadas são obrigadas por lei a receber o autista, no entanto, a mensalidade é a mesma e então o que fazer para que a escola não venha se prejudicar por conta de uma legislação e ao mesmo tempo não tenha um prejuízo de um custo bem maior para ficar acompanhando o autista, assim como os planos de saúde? São demandas muito grandes que têm que ser conversadas para que o poder público entre, seja no desconto de impostos, seja em algum benefício, alguma isenção, para que eles possam suportar a carga que isso irá oferecer de despesas”, afirmou.
Helena Holanda, ex-vereadora e representante da Coordenadoria da Pessoa com Deficiência de João Pessoa, afirmou que os autistas estão inseridas no grupo da pessoa com deficiência e todas elas possuem suas limitações e suas necessidades. “Temos que nos preparar, pois todas as deficiências são difíceis. Eu falo para os pais não se desesperarem e que estudem. Esqueçam o que dizem, não olhe para o outro, cada um tem sua maneira de pensar e de agir e o que as pessoas com autismo precisam é de amor e paciência e não tem outro caminho”, disse.
Victor Yared, diretor da “Rede Reviver”, comentou que atualmente a maior dificuldade é fazer com que a família seja incluída no tratamento. “O nosso entendimento é que não devemos pensar apenas no paciente com autismo e coloca-lo dentro de uma sala e realizar as terapias. Precisamos também pensar na família como um todo, incluindo-a nos atendimentos, ensinando como lidar com essas crianças em casa, porque elas irão ficar o maior tempo com as crianças em casa. A família tem que estar incluída, porque se você trata só a criança, ela até pode ser funcional no atendimento, mas ela precisa ser funcional pra vida, seja em casa, na escola, ou seja, em todos os ambientes que ela irá participar”, acrescentou.
Tatiana Wanderley, diretora clínica da rede “Fono com Amor”, explicou que hoje deve-se pensar em tratamentos que são comprovados cientificamente. “Essas crianças, independente da deficiência, não tem tempo a perder e eu defendo a intervenção precoce. Os cérebros infantis ainda em desenvolvimento devem ser estimulados da forma correta para que a criança consiga alcançar níveis de evolução que se ela for tratada só quando for jovem ou adulto não consegue. Defendemos que as crianças tenham seu ambiente familiar preservado com as terapias sendo realizadas de forma naturalista. No entanto, não adianta a clínica estar sozinha, se não houver o apoio das famílias e uma escola aberta à inclusão. É preciso trabalhar para que a casa dessa criança autista, a clínica e o colégio estejam integrados e todos precisam conversar. Nós precisamos dar treinamento parental a esses pais para que eles entendam o que é a deficiência da criança e o que pode ser feito para que ela melhore. Se não tivermos pais empoderados, não conseguiremos ter a evolução plena do paciente”, pontuou.
A representante da Secretaria Municipal de Educação, Rejane Lira, concluiu que o ideal seria juntar o acesso com a permanência desse jovem na escola. “O acesso é simples de acontecer, mas o difícil é manter essas crianças, esses jovens e esses adultos com deficiência dentro do universo educacional, seja na educação básica, seja no ensino superior. A permanência exige a inclusão com qualidade e equidade e para falarmos em inclusão tem que ser quebradas barreiras e paradigmas e as principais são as atitudinais”, finalizou.
Participaram ainda da sessão especial a pastora Ana Cláudia, Rebeca Tavares, representante da Escola Evo, a psicopedadoga Elda Anísio, entre outros.