Educação & Cultura
Escutar, falar, pensar e imaginar na Educação Infantil
Confira sugestões de atividades para o campo de experiência que contempla essas ações, sempre reconhecendo as narrativas dos pequenos
Olá professoras e professores! A BNCC é continuamente tema de nossas formações e discussões e não poderia ser diferente. Afinal, é o documento que norteia nossas práticas e nela estão os campos de experiências que, inclusive, já tive a oportunidade de falar de alguns e compartilhar sugestões como no caso do ‘Eu, o outro e o nós’, do campo dos ‘Traços, sons, cores e formas’, e do ‘Corpo, gestos e movimentos’.
Ao centralizar nessa conversa o Campo de Experiência da Escuta, Fala, Pensamento e Imaginação lembremos que ele se encontra na área dos conhecimentos sobre a língua materna, por meio das aprendizagens de como as pessoas no entorno das crianças se comunicam e interagem ou na maneira como um povo preserva sua história com o auxílio da palavra oral e escrita e, assim, constantemente ressignifica sua cultura.
Seja entre crianças ou com os adultos, comunicar com diferentes pares é muito importante, no entanto, vivemos ainda em uma cultura em que as crianças são pouco ouvidas, em que muitas vezes suas falas, escolhas e narrativas carecem do endosso de um outro, o adulto, que lhes diga se isso ou aquilo serve, se pode ou não ser aceito.
Não obstante, escutamos frases como: criança se confunde fácil, os bebês não entendem o que eu falo, ele não ouviu ou não sabe do que se trata. Ou ainda, fala-se da criança ou sobre a criança sem se referir diretamente a ela, como se ela, ali presente, fosse um objeto ou parte de um cenário. Essas situações são evidências distantes de uma concepção que atribui valor à voz da infância e as reconhece como sujeitos com ideias próprias sobre si e sobre o mundo que as cerca.
Atenção aos verbos disparadores
Portanto, esse campo contém verbos que são disparadores fundamentais: escutar, falar, pensar e imaginar. Primeiro, eles se direcionam para nós, adultos, que estamos em processo de aprender a escutar mais as crianças, falar com elas valorizando suas narrativas, reconhecer que o pensar delas é, sim, potencialmente capaz de construir cultura e jamais lhes impedir de imaginar, de se lançarem a qualquer ideia, hipótese e se visualizarem em qualquer cenário.
No entanto, aproveito para lembrar que os campos de experiência não são conteúdos isolados, mas são áreas que se complementam e que terão sua evidência pela prática intencional do professor.
Tendo claro quais concepções norteiam a prática, gostaria de compartilhar sugestões de estruturação de planejamentos, com base em planos de aula da NOVA ESCOLA, em que é possível garantir que de fato as crianças estejam se escutando nos sons, gestos e espaços que a todo instante comunicam algo, que falem de si e dos outros, sobretudo, com a segurança de serem acolhidas.
Com os bebês
É muito importante que toda a rotina com os bebês seja muito comunicativa, expressiva. Que no contato com o adulto, eles tenham referências de sorrisos, de tons de voz que causem prazer, alegria e conforto.
Organize a alternância dos momentos de agitação e de calmaria, para que o bebê experimente se regular pelas vozes, pelos tons e entonações. É por meio desse contato que ele se apropria do mundo a sua volta.
Portanto, não apenas fale ‘para’ os bebês, mas fale ‘com’ os bebês, cante com os bebês, aguarde e revele interesse nas suas respostas, permita que desde cedo eles reconheçam que suas expressões têm significado. Entre outras estratégias: as boas histórias, músicas, cantigas e demais elementos da cultura.
Acesse: 5 planos para ajudar a planejar atividades com os bebês
Com as crianças bem pequenas
Nessa faixa etária, é essencial repertoriar as crianças bem pequenas com muitas histórias e momentos para imaginarem personagens na descoberta do faz de conta, na oportunidade de identificação com situações e narrativas.
As histórias contribuem para a vivência em espaço seguro de sentimentos como o medo, frustração, hesitação, curiosidade e vários outros que as boas narrativas permitem reconhecer em nós.
Acesse: 5 planos de atividades sobre histórias de repetição
Com as crianças pequenas:
Um dos princípios da educação está na estética, favorecendo que a criança tenha acesso a bons textos literários contendo rimas e aliterações, se envolva com o começo e o desenrolar de uma história.
Nos planos sugeridos abaixo, há oportunidades para conhecimentos importantes como a direção de leitura, a relação entre a imagem e a palavra escrita, memorização e continuidade.
Acesse: 5 planos de atividades sobre Leitura e contação de histórias
Caros colegas, o Campo de Experiência do Escutar, Falar, Pensar e Imaginar (trazido assim propositalmente na forma de verbos), nos impele para o vivido em que as crianças terão a oportunidade de se apropriarem dos objetivos de aprendizagem e desenvolvimento elencados para cada grupo etário. E não somente a eles, mas a tudo que se refere ao valor da palavra para construção de nossa identidade pessoal e coletiva.
Um abraço e até breve!
Paula Sestari é professora da Educação Infantil da rede municipal de ensino de Joinville (SC), com dez anos de experiência nessa etapa, e mestre em Ensino de Ciências, Matemática e Tecnologias. Em 2014, recebeu o Prêmio Educador Nota 10, da Fundação Victor Civita, e foi eleita Educadora do Ano com um projeto com crianças pequenas na área de Educação Ambiental.
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