Educação & Cultura
Veja como trabalhar espaço, tempo e quantidade na Educação Infantil
Queridas professoras e professores! No campo de experiência definido na BNCC da Educação Infantil como Espaços, Tempos, Quantidades, Relações e Transformações, as crianças desde muito pequenas se movimentam na tentativa de criar interpretações sobre o mundo que as cerca, seja nos aspectos físicos, materiais e imateriais ou simbólicos, sociais e culturais. Nesse sentido, o espaço da educação infantil visa promover situações para que as crianças possam realizar múltiplas descobertas em seu processo de aprendizagem e desenvolvimento.
Gostaria de compartilhar algumas sugestões a partir de estratégias de interações diárias com variedade de objetos e situações explorando alguns objetivos desse campo. Para que a intencionalidade e a finalidade educativa da prática estejam garantidas, é importante que o professor defina objetivos de acordo com a faixa etária.
Nessas situações, quero apresentar sugestões a partir dos dois primeiros objetivos de cada grupo etário, e mostrar como eles não se concretizam de maneira isolada dos demais campos. Não existe uma hierarquia de contemplação, tão pouco o esgotamento de um poderia ser colocado como pré-requisito para o alcance de outros. Tem-se em vista também que cada criança tem seu próprio tempo e forma de relacionar-se com os objetos, desse modo, os objetivos estão em constante retomada e se interpondo de maneira independente.
Vivências para os bebês:
Nessa etapa, a exploração é a grande ação executora do bebê e deve nortear o planejamento do professor.
(EI01ET01) Explorar e descobrir as propriedades de objetos e materiais (odor, cor, sabor, temperatura)
Boas opções de atividades são o preparo de sachês com essência, a inserção de brinquedos no banho, explorar a consistência da comida conversando com o bebê e nomeando os alimentos. Entre muitas possibilidades está a brincadeira com tecidos, com esponjas, e outras texturas confortáveis e seguras.
(EI01ET02) Explorar relações de causa e efeito (transbordar, tingir, misturar e mover) na interação com o mundo físico
Nessa perspectiva, é possível propor a brincadeira de encher e esvaziar potes de água, propiciar a exploração de tintas com elementos naturais e comestíveis para pinturas corporais, tingimento em tecidos sentido a textura do material e a mudança no seu estado pela ação do bebê, brincadeiras de vai e vem de objetos, rolagem de materiais de diferentes tamanhos e espessuras.
Brincadeiras para crianças bem pequenas:
Vejam que, nesta etapa, o verbo explorar se mantém como principal ação, mas pode e deve ser ampliado.
(EI02ET01) Explorar e descrever semelhanças e diferenças entre as características e propriedades dos objetos (textura, massa, tamanho)
É importante oportunizar brincadeiras com elementos de diferente consistência como geleca, massinha de modelar, encher e esvaziar potes de diferentes tamanhos, alterar a cor de substâncias com diferentes corantes, realizar a mistura para a formação de novas cores.
(EI02ET02) Observar, relatar e descrever incidentes do cotidiano e fenômenos naturais (luz solar, vento, chuva etc.)
No objetivo que se segue, o ato de observar é acrescentado para a ampliação da busca pelo que se passa na vida da criança bem pequena. Desse modo, pergunte para as crianças como estava o tempo no caminho para a escola, amplie sua curiosidade para o tema trazendo boas perguntas e características que as permitam desenvolver a curiosidade. Leve-os a sentir o vento, o calor do sol, a refrescância da sombra, a brisa do mar, passear na chuva, pular nas poças de água que se formam pelo terreno.
LEIA MAIS: Brincadeiras sensoriais: entre descobertas e desenvolvimento
Crianças pequenas e investigações
Nessa etapa, além de explorar e de sentir, as crianças têm a oportunidade de fazer investigações em situações de transformação dos materiais.
(EI03ET01) Estabelecer relações de comparação entre objetos, observando suas propriedades
Uma dica são vivências envolvendo o estado físico da água que evidenciam diferentes processos e quais sensações se desencadeiam no corpo a partir do contato físico.
(EI03ET02) Observar e descrever mudanças em diferentes materiais, resultantes de ações sobre eles, em experimentos envolvendo fenômenos naturais e artificiais
Entre os fenômenos naturais poderíamos sugerir o acompanhamento de geminação de uma planta e seu enraizamento. É possível observar, descrever e criar compreensões para uma infinidade de transformações como os que ocorrem com os vulcões, o dia e noite, utilizando-se de recursos simples e seguros para as crianças pequenas.
Dentre essas possibilidades, a BNCC reforça que “nessas experiências e em muitas outras, as crianças também se deparam, frequentemente, com conhecimentos matemáticos (contagem, ordenação, relações entre quantidades, dimensões, medidas, comparação de pesos e de comprimentos, avaliação de distâncias, reconhecimento de formas geométricas, conhecimento e reconhecimento de numerais cardinais e ordinais etc.) que igualmente aguçam a curiosidade.”, inclusive, eu trouxe um texto bem bacana com sugestões sobre a resolução de problemas.
Outros campos de experiência
Já mencionei aqui também propostas trazendo os outros campos. Aproveitem, caros colegas, para ampliar as possibilidades de aprendizagem de diferentes linguagens nas experiências que as crianças realizam todos os dias em meio a encantadora aventura de viver:
- Eu, o outro e o nós
- Traços, sons, cores e formas
- Corpo, gestos e movimentos
- Escuta, fala, pensamento e imaginação.
Um abraço e até breve!
Paula Sestari é professora da Educação Infantil da rede municipal de ensino de Joinville (SC), com dez anos de experiência nessa etapa, e mestre em Ensino de Ciências, Matemática e Tecnologias. Em 2014, recebeu o Prêmio Educador Nota 10, da Fundação Victor Civita, e foi eleita Educadora do Ano com um projeto com crianças pequenas na área de Educação Ambiental.
Fonte: Nova Escola