ECONOMIA
Copom mantém taxa Selic em 13,75% ao ano
Taxa de juros segue no patamar mais alto desde janeiro de 2017, apesar da pressão do governo Lula e de setores empresariais pela sua redução. Banco Central cita incertezas “residuais” sobre proposta de arcabouço fiscal
O Comitê de Política Monetária (Copom) do Banco Central (BC) decidiu nesta quarta-feira (21/05) manter a taxa básica de juros, a Selic, em 13,75% ao ano, apesar da pressão do governo Luiz Inácio Lula da Silva e de setores empresariais pela redução da taxa.
A maioria das instituições financeiras e consultorias já esperava que a taxa seria mantida no mesmo patamar, pela sétima reunião seguida do Copom. A Selic está no seu maior nível desde janeiro de 2017.
Em seu comunicado, o Copom indicou que ainda existem riscos sobre a inflação, como eventuais pressões globais sobre os preços e incertezas “residuais” sobre a votação do arcabouço fiscal, que ainda precisa ser votado pelo Congresso.
Diferentemente das últimas reuniões, foi retirada a frase que afirmava que o Banco Central poderia voltar a elevar os juros caso a inflação subisse, mas a autoridade monetária não informou se nem quando pretende cortar a Selic.
Inflação em queda
O principal objetivo da política de juros do Banco Central é controlar a inflação. Desde maio de 2021, a instituição tem autonomia em relação ao governo, o que significa que Lula não pode demitir seu presidente ou diretores, que têm mandatos de quatros anos.
Para Lula, reduzir a Selic agora seria importante para estimular o consumo e novos investimentos. Para o Banco Central, porém, cortar a taxa agora colocaria em risco a redução da inflação.
Em maio, a inflação medida pelo IPCA em doze meses foi de 3,94% – abaixo de 4% pela primeira vez em dois anos e meio e dentro da meta para este ano, de 1,75% a 4,75%. Nos últimos dois meses, a inflação vem caindo por causa dos alimentos e dos combustíveis.
Nesta quarta-feira, um grupo de 51 integrantes do Conselho de Desenvolvimento Econômico Social Sustentável da Presidência da República, entre os quais a empresária Luiza Heleno Trajano, do Magazine Luiza, e Josué Gomes, da Coteminas e atual presidente da Federação das Indústrias do Estado de São Paulo (Fiesp), escreveu uma carta aberta ao Banco Central pedindo redução na taxa de juros. “É hora de baixar os juros para retomar a atividade econômica, gerar emprego e renda. É urgente uma política monetária adequada”, diz o texto.
No Relatório de Inflação, divulgado no fim de março pelo Banco Central, a autoridade monetária estimava que o IPCA fecharia 2023 em 5,8% no cenário base. A projeção, no entanto, deve ser revista para baixo na nova versão do relatório, que será divulgada no fim de junho.
As previsões do mercado estão mais otimistas que as oficiais. De acordo com o boletim Focus, pesquisa semanal com instituições financeiras divulgada pelo BC, a inflação oficial deverá fechar o ano em 5,12%. Há um mês, as estimativas do mercado estavam em 5,8%.