Saúde
Nossa memória de trabalho não é fixa como neurocientistas pensavam
Objetos significativos foram misturados a objetos sem significado para testar a capacidade humana de se lembrar.
Memória de trabalho visual
Cientistas estão questionando a teoria mais aceita em neurociência hoje, que propõe que a capacidade da memória de trabalho visual de um indivíduo é fixa.
Os experimentos mostraram que nossa memória de trabalho pode reter mais informações visuais quando os estímulos são significativos, demonstrando que a capacidade de memória de trabalho visual é flexível.
Em um dos experimentos, os participantes deviam lembrar as cores das imagens de quatro objetos de cores diferentes mostrados em uma única tela de computador. As imagens incluíram objetos reconhecíveis (condição “significativa”) e versões embaralhadas (condição “sem sentido”).
Foram feitas então cinco variações de testes de lembrança das cores, envolvendo embaralhamento dos objetos, mudanças de posição etc. Mas os participantes nunca foram questionados sobre a identidade do objeto, apenas sobre a cor: A tarefa era “Que cor você viu?” não “Você viu uma chaleira?”
“O que descobrimos é que os participantes se lembravam melhor das cores quando faziam parte de objetos do mundo real, não confiando apenas nas localizações espaciais de onde o objeto foi visto,” disse a professora Viola Stormer, da Universidade Dartmouth (EUA).
Os participantes lembraram muito mais das cores dos objetos significativos do que dos não significativos.
“Nosso estudo demonstra que esse significado semântico de nível superior, que se baseia no armazenamento de longo prazo de conhecimento geral ou, neste caso, no reconhecimento de um objeto, pode ajudar a dar significância a um recurso de nível realmente baixo que não é significativo por si só, como a cor,” acrescentou Stormer. “Quando informações relativamente abstratas são combinadas com conhecimento conceitual que as pessoas já possuem, isso pode aumentar a capacidade de reter melhor essas novas informações.”
A equipe acredita que a descoberta tem usos práticos imediatos.
“Muitas medidas de memória de trabalho são usadas como ferramentas de diagnóstico em ambientes clínicos para ajudar a identificar déficits de memória, mas são baseadas na suposição de que existe uma capacidade fixa para esse tipo de memória. Então, o modo como estamos fazendo testes nesses campos pode não ser necessariamente tão preciso quanto pensávamos originalmente. Pode ser hora de repensar as metodologias de teste para obter uma medida mais precisa da memória humana,” disse Yong Chung, membro da equipe.