Saúde
Descoberta por acaso, bactéria evita transmissão da malária
A bactéria pode ser dada aos mosquitos pela alimentação ou pelo contato.
Bactéria contra malária
Cientistas descobriram por acaso uma cepa natural de bactéria que, ao infectar os pernilongos, reduz drasticamente a transmissão da malária dos mosquitos para os humanos.
Os cientistas da Universidade Johns Hopkins (EUA) e da farmacêutica GSK (Espanha) fizeram a descoberta depois de perceber que uma colônia de mosquitos usada para o desenvolvimento de medicamentos havia parado de transmitir a malária.
“A taxa de infecção dos mosquitos começou a diminuir e, no final do ano, os mosquitos simplesmente não estavam infectados com o parasita da malária,” conta a Dra. Janneth Rodrigues, que liderou a pesquisa.
A equipe então congelou as amostras até concluir os experimentos que estavam realizando, e então voltaram a elas dois anos depois, para explorar o que havia acontecido.
Os estudos revelaram que uma cepa específica de bactéria, chamada TC1, que está naturalmente presente no meio ambiente, interrompeu o desenvolvimento dos parasitas da malária no intestino dos mosquitos.
“Uma vez que coloniza o mosquito, ela dura toda a vida,” disse a Dra. Janneth. “E descobrimos que, sim, é a bactéria a responsável por reduzir a transmissão nesses mosquitos.”
Os dados, publicados agora na revista Science, indicam que a bactéria pode reduzir a carga parasitária de um mosquito em até 73%.
Composto ativo contra malária
A bactéria desempenha seu papel contra a malária secretando uma pequena molécula, conhecida como harmano, que inibe os estágios iniciais do crescimento do parasita da malária no intestino do mosquito.
Os cientistas descobriram que o harmano pode ser ingerido oralmente pelo mosquito, se misturado com açúcar, ou absorvido através de sua cutícula por contato.
Isso abre a possibilidade de tratar com o composto ativo as superfícies onde os insetos descansam, o que poderia ser feito com um spray comum.
Testes para avaliar essa possibilidade e a segurança de sua aplicação no mundo real já estão em andamento.
A malária mata cerca de 620.000 pessoas por ano, com alta incidência em crianças com menos de cinco anos de idade. Existem algumas vacinas nos estágios iniciais de testes na África.