Saúde
Cientistas descobrem como o vírus chikungunya se esconde do sistema imunológico
As extensões intercelulares longas (em amarelo) que o vírus chikungunya induz formam pontes de membrana estáveis com células vizinhas, promovendo uma transmissão intercelular eficiente do vírus.
Extensões longas intercelulares
Pesquisadores da Faculdade de Medicina Albert Einstein (EUA) podem ter desvendado o mistério de longa data de como o vírus responsável pela febre chikungunya, agora emergindo como uma grande ameaça à saúde, consegue escapar dos anticorpos que circulam na corrente sanguínea.
Eles descobriram que o vírus pode se espalhar diretamente de célula para célula.
“Até agora, acreditava-se que o vírus chikungunya se espalhava no corpo infectando uma célula, replicando-se dentro dessa célula e, em seguida, enviando novas cópias do vírus para a corrente sanguínea, que então infectavam novas células,” contextualizou a professora Margaret Kielian.
Seguindo esse o roteiro incorreto, os cientistas não conseguiram avançar as pesquisas para o desenvolvimento de vacinas ou de tratamentos eficazes contra chikungunya.
“No entanto, nós descobrimos que o vírus também pode sequestrar o citoesqueleto da célula hospedeira – as proteínas que sustentam as células e mantêm sua forma. O vírus faz com que a célula infectada envie extensões longas e finas, que fazem contato com células vizinhas não infectadas, permitindo ao vírus viajar com segurança e eficiência de uma célula para outra,” explicou Kielian.
Anticorpos promissores
Os cientistas batizaram essas estruturas induzidas pelo vírus como extensões longas intercelulares (ELI).
“Este modo de transmissão viral pode não apenas proteger algumas cópias do vírus da resposta imunológica do hospedeiro, mas também pode explicar por que os sintomas da infecção por chikungunya podem persistir por muitos meses ou anos,” acrescentou o pesquisador Peiqi Yin, que descobriu essas estruturas intercelulares.
A equipe já identificou alguns anticorpos antivirais que se mostraram capazes de bloquear a formação das extensões intercelulares e prevenir a transmissão célula a célula.
“Se pudermos gerar a produção desses anticorpos em pacientes humanos, ou desenvolver outros métodos para impedir a formação das ELIs, isso poderá ser especialmente útil no combate aos sintomas crônicos da infecção por chikungunya,” disse a Dra. Kielian. “Atualmente estamos estudando diferentes maneiras de fazer isso.”