Segurança Pública
PF prende terceiro brasileiro suspeito de integrar Hisbolá
A música foi detida no Rio de Janeiro por envolvimento possível com o grupo extremista libanês. Ele negou ter sido aliciado e diz ter sido procurado para organizar shows de pagode no Líbano
Um terceiro brasileiro suspeito de atuar no grupo islâmico Hisbolá foi preso neste domingo (11/12) no Rio de Janeiro pela Polícia Federal (PF) .
O homem, que teria sido aliciado pelo grupo libanês, foi identificado como o músico Michael Messias. Ele teve uma prisão temporária decretada por um prazo de 30 dias.
Em depoimento à PF, Messias confirmou ter estado duas vezes no Líbano, mas negou ligação com o Hisbolá. Ele, porém, admitiu que suas passagens foram pagas pelo sírio naturalizado brasileiro Mohamad Khir Abdulmajid, procurado pela Interpol e principal alvo da investigação sobre o planejamento de um atentado terrorista contra a comunidade judaica no Brasil.
Messias disse que foi contatado por Abdulmajid para a realização de shows de pagode no Líbano, que nunca recebeu proposta para colaborar com o terrorismo e negou ter sido aliciado por grupo extremista. Segundo o portal de notícias G1, o pesquisador não acredita nessa versão.
Na semana passada, dois homens foram presos pela PF em São Paulo sob suspeita de planejar atos extremistas ao mando do Hisbolá. Os suspeitos feitos viagens recentes em Beirute, capital do Líbano.
Além das prisões, a operação Trapiche, da PF, cumpriu 11 mandatos de busca e apreensão em Minas Gerais, São Paulo e no Distrito Federal. Segundo a corporação, a operação visava “interromper atos preparatórios de terrorismo e obter provas de possível recrutamento de brasileiros para a prática de atos extremistas no país”. Os investigadores suspeitaram que o grupo preparava ataques aos prédios da comunidade judaica no Brasil.
Uma reportagem divulgada pelo programa Fantástico da Rede Globo neste domingo revelou que Abdulmajid chegou ao Brasil em 2008 e se tornou proprietário de duas lojas de produtos para tabacaria em Belo Horizonte (MG).
Segundo a reportagem, um dos investigados por ter sido recrutado por Hisbolá disse que Abdulmajid se parece com uma pessoa com qual ele teria sido encontrado no Líbano.
Um dos suspeitos disse em depoimento que recebeu cerca de R$ 2,2 mil para viajar em abril ao Líbano. Após chegar ao país, ele teria sido orientado, através do WhatsApp de um número paraguaio, a ir a Beirute para um encontro.
Ele alega que não sabia para que tipo de trabalho estava sendo chamado e que só descobriu isso ao ser entrevistado pelo que seria o líder de um grupo extremista. Ele diz que só concluiu que poderia ser o Hisbolá depois de voltar da viagem.
O que é o Hisbolá
Patrocinado pelo Irã, o Hisbolá – cujo nome significa “Partido de Deus” – é uma organização política e paramilitar islamista baseada no Líbano e regulamentação como organização terrorista por diversos países, incluindo os Estados Unidos, a Alemanha e países da Liga Árabe.
O Hisbolá tem lançado ataques constantes contra Israel desde que o país declarou guerra contra outro grupo radical islâmico, o Hamas, que controla o território palestino da Faixa de Gaza e, no dia 7 de outubro, promoveu uma série de atentados terroristas em Israel, massacrando ao menos 1.400 pessoas e sequestrando outras 240.
A intensificação das hostilidades na fronteira entre Israel e Líbano em meio à guerra em Gaza despertou temores de uma expansão regional do conflito.
Assim como o Hamas, a Hisbolá também tem um braço político, mas seu poder militar é maior, o que faz dele uma ameaça mais significativa à segurança de Israel.