Internacional
Chefe da ONU em Cabo Verde vê novas gerações mais atuantes pelo futuro sustentável
Patrícia de Souza ressalta potencial de adolescentes e jovens; na preparação da COP28, conversa com a ONU News abordou ainda a atuação do sistema da ONU com as autoridades cabo-verdianas; país insular é um dos que mais sofre choques climáticos
Coordenadores residentes das Nações Unidas representando mais de 130 países estão reunidos em Nova Iorque. Nesta quinta-feira aconteceu um encontro do grupo com o secretário-geral, António Guterres.
Em conversa antes da sessão, a chefe da ONU em Cabo Verde, Patrícia de Souza, falou à ONU News sobre o potencial das gerações mais novas para impulsionar o desenvolvimento sustentável.
Desafio de manter os adolescentes e jovens na escola
“Adolescentes e jovens são fundamentais para pensar esse desenvolvimento sustentável conosco. Eu diria crianças, adolescentes e jovens, porque em números são muitos e têm muito a contribuir. O presente e o futuro pertencem a eles. Então, conversar com jovens, criar espaços para formação e assegurar que a criança, o adolescente e o jovem concluam seus estudos. Hoje temos, infelizmente, muitos adolescentes e jovens que não concluem o ensino secundário, inclusive em Cabo Verde. O desafio é manter os adolescentes e jovens na escola para que concluam a educação secundária, tenham cursos de formação profissional e oportunidades de emprego, de trabalho. Empreendedorismo, mas também postos de trabalho decentes.”
Em questões envolvendo trabalho, proteção social, gênero e saúde os jovens estiveram no centro das discussões no encontro global.
A mudança climática e a perda da biodiversidade também têm ênfase nas sessões que acontecem na sede da ONU, precedendo a 28ª Cúpula do Clima, COP28.
Patrícia de Souza contou como a ONU em Cabo Verde atua com o governo para fazer frente ao problema, no país insular exposto aos riscos da mudança do clima. Um dos efeitos é o aumento anual da temperatura de 0,04% no arquipélago.
Ações e alternativas contra a crise do clima
“Temos programas junto ao governo e à sociedade civil cabo-verdiana, tanto no sentido de adaptação como também de mitigação do impacto das mudanças climáticas. O país tem um compromisso muito sério em trabalhar a questão da adaptação, da mitigação e da prevenção. E é um país muito resiliente tradicionalmente e historicamente. O fato agora de ter esse problema adicional que são os impactos severos da mudança climática tem feito com que o país pense criativamente quais são as ações e quais são as alternativas que estão postas para enfrentar esta questão.”
Um dos avanços mais significativos nesta questão acontece em relação às fontes de energia limpas. Patrícia de Souza destacou o investimento das autoridades nas áreas social, da economia, da mudança climática e da preservação da biosfera.
Unesco inscreveu ilhas cabo-verdianas do Fogo e do Maio na Rede Mundial de Reservas da Biosfera
“A gente tem que pensar nas três dimensões: a mudança climática, a biosfera e em preservar a biosfera. Cabo Verde tem feito isso. Tem a ilha do Maio, por exemplo, que foi nomeada pela Unesco como uma Reserva da Biosfera. Isso tem que ser mantido e protegido. Mas não só na Ilha do Maio, em várias ilhas tem muitas iniciativas, tanto do governo também com apoio da sociedade civil para preservar a biodiversidade e a riqueza natural de Cabo Verde.”
Fundos pelo clima
A representante disse que apesar de ter bons exemplos, Cabo Verde tem feito acordos para ultrapassar “o espaço fiscal limitado”. Em nível interno, a parceria com o Fundo Blue-X envolve o programa das Nações Unidas, Pnud, com o Banco de Investimentos de Cabo Verde.
“Esse é o limite grande que as Nações Unidas têm trabalhado junto com o país para ver como apoiar. Gostaria de destacar também, no âmbito do ambiente, porque eu acho que é uma agenda também para se levar em discussão na COP28, que está sendo levada a questão dos financiamentos das ações climáticas e de preservação da biosfera e do combate à poluição. Cabo Verde tem alguns bons exemplos. Através de uma aliança com o Pnud, do SDG Fund (Fundo ODS), liderado aqui na ONU, fizemos um investimento, através do Pnud, em torno de $290 mil, lançou-se o Blu-X, um blue Bond, conseguiu mobilizar mais de US$ 26 milhões através desse investimento semente feito com o apoio das Nações Unidas.”
Portugal é um dos países com os quais foram fechados acordos para enfrentar a clise do clima.
Os desafios de acesso à energia estão entre os temas abordados pelos coordenadores das Nações Unidas, na reunião que incluiu questões relacionadas à educação, ao financiamento, aos fundos em favor dos ODS e aos sistemas alimentares.