Saúde
Conheça a nova classificação dos ataques cardíacos
Representação esquemática dos quatro estágios da classificação de infarto agudo do miocárdio.

Danos dos infartos ao músculo cardíaco
Cientistas e médicos estão propondo uma nova classificação dos ataques cardíacos, tendo como base os danos que cada evento gera no músculo cardíaco.
O objetivo é estratificar o risco de cada paciente com mais precisão, estabelecendo as bases para o desenvolvimento de novas terapias específicas para cada estágio da lesão com base na patologia dos tecidos.
“As ferramentas existentes classificam os infartos agudos do miocárdio usando a apresentação clínica do paciente e/ou a causa do ataque cardíaco, bem como os resultados do ECG. Embora essas ferramentas sejam muito úteis para orientar o tratamento, elas não consideram detalhes do dano tecidual subjacente causado pelo ataque cardíaco.
“Este consenso de especialistas, baseado em décadas de dados, é o primeiro sistema de classificação deste tipo […]. Ele oferece uma definição mais diferenciada dos ataques cardíacos e melhora a nossa compreensão do infarto do miocárdio aterotrombótico agudo. No nível dos tecidos, nem todos os ataques cardíacos são iguais; a nova classificação abre caminho para o desenvolvimento de terapias mais refinadas para o infarto do miocárdio, o que poderia, em última análise, resultar em melhores cuidados clínicos para os pacientes e melhores taxas de sobrevivência,” disse o Dr. Andreas Kumar, responsável pela equipe que propôs a nova classificação.
A expectativa é que a classificação melhore o atendimento a cada paciente específico.
Classificação dos infartos
A classificação descreve danos ao músculo cardíaco após um infarto em quatro estágios sequenciais e em nível crescente de gravidade. Cada estágio reflete a progressão da patologia tecidual de isquemia miocárdica e lesão de reperfusão do estágio anterior.
À medida que os danos ao coração aumentam em cada estágio progressivo, aumenta dramaticamente o risco de complicações como arritmia, insuficiência cardíaca e morte. A terapia apropriada pode potencialmente impedir a progressão da lesão e interromper o dano em um estágio anterior.
- Estágio 1: Infarto abortado (nenhuma/mínima necrose miocárdica). Nenhum ou dano mínimo ao músculo cardíaco. Na melhor das hipóteses, toda a área do miocárdio em risco pode ser recuperada.
- Estágio 2: Infarto com necrose significativa de cardiomiócitos, mas sem lesão microvascular. Danos ao músculo cardíaco e nenhuma lesão aos pequenos vasos sanguíneos do coração. A terapia de revascularização resultará na restauração do fluxo coronariano normal.
- Estágio 3: Infarto com necrose de cardiomiócitos e disfunção microvascular levando à obstrução microvascular (isto é, “sem refluxo”). Danos ao músculo cardíaco e bloqueio de pequenos vasos sanguíneos no coração. A taxa de eventos cardíacos adversos importantes aumenta de 2 a 4 vezes no acompanhamento de longo prazo.
- Estágio 4: Infarto com cardiomiócitos e necrose microvascular levando a hemorragia de reperfusão. Danos ao músculo cardíaco, bloqueio e ruptura de pequenos vasos sanguíneos resultando em hemorragia no músculo cardíaco. Esta é uma forma mais grave de lesão microvascular e a forma mais grave de lesão de isquemia-reperfusão. Está associada a um aumento adicional na taxa de eventos cardíacos adversos de 2 a 6 vezes no acompanhamento de longo prazo.
“A nova classificação ajudará a diferenciar os ataques cardíacos de acordo com o estágio do dano tecidual e permitirá que os profissionais de saúde estimem com mais precisão o risco de um paciente em termos de arritmia, insuficiência cardíaca e morte. Em última análise, espera-se que ela leve a melhores cuidados, melhor recuperação e melhores taxas de sobrevivência para pacientes com ataque cardíaco,” concluiu o Dr. Kumar.