Internacional
Congolesa ganhadora do Prêmio de Direitos Humanos pede incentivo a mulheres
Ativista Julienne Lusenge notabilizou-se por passar de jornalista a criadora de iniciativas apoiando lideranças locais; na premiação marcada para 10 de dezembro também serão reconhecidos um ativista uruguaio e três ONGs
A líder ativista congolesa da Solidariedade das Mulheres pela Paz e Desenvolvimento Inclusivos, Sofepadi, está entre os escolhidos para receber o Prêmio de Direitos Humanos da ONU 2023. Ela atua da província oriental de Ituri, na República Democrática do Congo.
A entidade da sociedade civil foi criada há 23 anos para promover a liderança feminina e os direitos do grupo em nível local. Na atuação destaca-se o auxílio às vítimas de abuso sexual no terreno.
Habitantes de aldeias congolesas
Julienne Lusenge disse à ONU News, da capital congolesa Kinshasa, que foi quando ela atuava como jornalista que observou que muitas habitantes de aldeias congolesas precisavam, mas não tinham poder para falar.
Para a ativista, ver congolesas sem meios para questionamento a motivou a criar a organização na sequência da guerra que começou no leste congolês em 1986. Depois, homens armados atacaram a área de Bunia, Ituri, originários do Uganda. Eles destruíram a rádio onde Lesenge trabalhava em 2000.
Após o incidente, Julienne Lusenge fundou outras duas iniciativas: o Fundo para Mulheres Congolesas e o Fundo Feminista que impulsiona a liderança, o cumprimento dos direitos do grupo e a oferta de apoio às vítimas no terreno.
A educação de mulheres jovens sobre direitos humanos é o anseio de Julienne Lusenge. Ela defende haver potencial para que elas “possam continuar trabalhando e alcançar estes objetivos em contato com financiadores”.
Fazer refletir a igualdade e mudar mentalidades
Em longo prazo, a ativista visa promover o acesso de mulheres “ao Parlamento, ao governo, a todos os lugares” para que seja refletida a igualdade e mudem mentalidades nas famílias, de modo que meninos respeitem as mulheres e não possam vir a estuprá-las.
O Prêmio de Direitos Humanos da ONU é atribuído a cada cinco anos a indivíduos e organizações que se notabilizem na promoção do tema. A premiação foi criada pela Assembleia Geral em 1966.
A sede da organização, em Nova Iorque, acolherá a cerimônia de premiação de 2023 em 10 de dezembro, por ocasião do Dia dos Direitos Humanos.
Ao lançar a edição deste ano, o chefe dos Direitos Humanos lembrou que as celebrações da data coincidem com o 75º aniversário da Declaração Universal dos Direitos Humanos e reiterou o momento de novo compromisso global com estes valores.
Dignidade humana, igualdade e justiça
Para Volker Turk, os ativistas e defensores dos princípios fundamentais são a força motriz da dignidade humana, da igualdade e da justiça ao fazer observar os princípios e lutar para transformar o ideal no que se espera.
Em nível individual, a ONU também atribuirá o prêmio ao uruguaio Julio Pereyra Sánchez na cerimônia da Assembleia Geral.
Da sociedade civil, o evento reconhecerá o Centro de Direitos Humanos Viasna, de Belarus, o Centro de Estudos de Direitos Humanos de Amã, Jordânia, e a aliança global que defende o direito a um ambiente limpo, saudável e sustentável.