Internacional
COP28: Jovens demandam espaço para vozes que podem salvar o planeta
Na reta final do evento jovens tomam o centro das atenções para pedir participação na tomada de decisões, representatividade e apoio contra ameaças; ativistas socioambientais do Brasil cobram fim dos combustíveis fósseis e mais investimento em educação climática
Atualmente, o mundo abriga a maior geração de jovens da história, com 1,8 bilhões de pessoas com 10 a 24 anos de idade. Eles estão cada vez mais conscientes dos riscos colocados pela crise climática e ocuparam nesta sexta-feira o centro das atenções na 28ª Cúpula do Clima da ONU, COP28, em Dubai.
A ativista ambiental brasileira Paloma Costa, que integrou o primeiro grupo de conselheiros juvenis sobre mudança climática do secretário-geral da ONU, destacou a presença de jovens na conferência como um catalisador para transformações concretas e maior representatividade nas negociações.
Espaço na mesa de decisões
“A gente entende que o nosso lugar como juventudes é na mesa de decisões, é junto às nossas autoridades, aos nossos líderes mundiais, negociando juntos. Não dá para falar de mercado de carbono, sem incluir a juventude indígena, sem incluir a juventude periférica, sem incluir a juventude ribeirinha, quilombola que está no front. Não dá para a gente falar de Fundo de Perdas e Danos sem que tenha um real compromisso de como esse financiamento vai aterrar-se, enraizar-se nas comunidades locais”.
O jovem Jean Ferreira, da organização Gueto Hub e membro da coalizão “COP das Baixadas”, falou da importância de representar ao máximo as “Amazônias plurais” durante a COP30, que será realizada na cidade de Belém, no Brasil em 2025.
Soluções nos territórios e educação climática
“A gente está aqui para fazer essas vozes ecoarem para que o mundo conheça a real realidade dessa Amazônia, para que o mundo conheça também o que já está sendo feito nos territórios, soluções no território, inclusive de adaptação, já inclusive nos moldes do que o planeta entende que são soluções viáveis e sustentáveis”.
Já a ativista Mirela Coelho da organização Engajamundo, destacou três pautas prioritárias na COP28: Transição energética justa, com participação efetiva das populações mais afetadas, inclusive os jovens, a “defesa de defensores”, com maior proteção e apoio para ativistas socioambientais que sofrem ameaças e o aumento de ações educativas para toda a sociedade.
“A gente entende que a educação climática é essencial no combate à crise climática e que a gente precisa trabalhar com informação para toda a sociedade, em todos os níveis educacionais. Para crianças, jovens e pessoas adultas.”
Críticas à indústria petroquímica
Por sua vez, a jovem Samara Assunção, também do Engajamundo, ressaltou a preocupação com a presença de empresas e organizações petroquímicas na COP28.
“A primeira ação da COP de ativismo que a gente teve foi sobre isso, cobrando as petroquímicas e os países que estão investindo em petróleo enquanto a gente deveria partir para um futuro de transição energética e uma transição energética justa”.
As negociações sobre a contenção do aquecimento global e o futuro dos combustíveis fósseis ainda estão em curso à medida que a COP28 se aproxima do fim, previsto para a próxima terça-feira.
Antes da conferência, a ONU divulgou uma série de relatórios confirmando que o planeta está num ponto de inflexão. O último levantamento da Organização Meteorológica Mundial, OMM, ressaltou que os gases de efeito estufa “turbinaram uma aceleração dramática no derretimento do gelo e no aumento do nível do mar”.